Não é certo que figure na lista final de Paulo Bento na próxima sexta-feira, quando forem anunciados os convocados para o pós-Mundial e arranque do apuramento para o Euro 2016, mas não deixa de ser notório que o avançado do Benfica tenha chamado a atenção do selecionador sem sequer chegar à equipa principal das águias.
Foi para o Sporting com apenas nove anos. Aí começou no futebol de 7, cumpriu as várias etapas de formação já no de 11, foi ficando e ganhando protagonismo e os golos foram sendo cada vez mais. Até que, no verão de 2006, tinha o avançado 16 anos, Rui Fonte seguiu para o Arsenal, que via nele atributos suficientes para um dia Arsène Wenger o poder aproveitar.
Assinou por três anos, com o acordo estipulado de que, findo esse período, ou renovava e ficava em definitivo nos Gunners, ou voltava para o Sporting. Em Inglaterra cumpriu as duas primeiras épocas nos juniores para, depois, chegar ao plantel principal. Só que, em meia época, só jogou sete minutos, num jogo da Taça da Liga contra o Wigan (3x0), no qual entrou para o lugar de Carlos Vela - Amaurt Bischoff também participou nessa partida.
Foi emprestado em janeiro ao Crystal Palace, onde estava o irmão José Fonte, num negócio de apenas um mês. Acabou por ver o clube prolongar o empréstimo quase até ao fim da época e pagar uma multa de 20 mil libras ao Arsenal para o poder utilizar no último jogo da época, em maio. Dez jogos, zero golos.
O Arsenal decidiu prescindir dos seus serviços e Rui Fonte, com 19 anos, tornou a Alvalade. Sem espaço também nos leões, foi emprestado ao Vitória de Setúbal. Fez 16 jogos nos sadinos, mas não se evidenciou. Nem marcou.
Enquanto ia sendo chamado às seleções jovens (foi mesmo capitão dos sub-21), o avançado tardava em se afirmar nos clubes, mas o Espanyol viu nele potencial e pediu-o emprestado aos leões, que acederam. Fez 10 jogos na La Liga, voltou a não marcar, mas convenceu o clube catalão a adquiri-lo em definitivo na época seguinte.
Aí chegaram finalmente os golos. Três em 22 partidas, várias delas como titular. Continuou na época seguinte, na qual jogou mais 12 jogos, mas a aventura espanhola chegou ao fim. Em janeiro de 2013 rescindiu, assinou no dia seguinte pelo Benfica e começou por ingressar na equipa B.
«Quando ele assinou, o objetivo era jogar alguns jogos na equipa B, ganhar ritmo e passar imediatamente para a equipa principal», explicou o irmão, esta terça-feira, em entrevista ao Sapo Desporto.
Voltou em abril deste ano, a tempo de fazer quatro jogos pela equipa secundária dos encarnados e de marcar, na última jornada, contra a equipa B do Marítimo.
Opção para Jesus?
A nova época trouxe um Rui Fonte renovado e com vontade de finalmente explodir, aos 24 anos. Três golos em três jogos na equipa secundária bastaram para chamar a atenção até de Paulo Bento. O selecionador promete novidades para a próxima convocatória e o avançado está nos pré-convocados, mesmo não estando na equipa principal.
E, por falar em formação principal das águias, sobretudo numa altura em que Jorge Jesus continua à espera de um avançado para reforçar o ataque, Rui Fonte poderá ser a solução sem ter que 'sair de casa'? O irmão acredita que sim.
«Aconteceram estas lesões, com muita infelicidade, mas agora está a voltar aquilo que era. Ele não é um jogador que venha de divisões inferiores, tem mais de cinquenta jogos na Liga Espanhola, foi internacional em todas as categorias, é um jogador que tem experiência de ligas competitivas e de jogar a alto nível. Na minha opinião, ele está preparado», opinou, na referida entrevista ao Sapo Desporto.
Eis que Jorge Jesus pode ter aqui, e um pouco sem contar, uma nova fonte para fazer golos...