O Benfica ganhou sem brilho no Estádio do Bessa, passando por algumas dificuldades contra um Boavista que compensou a falta de rotinas com uma excelente entrega. Eliseu foi o desbloqueador que deitou abaixou o Rei do xadrez de Petit, mas as águias mostraram uma imagem muito pálida antes do dérbi e nem o terreno pode ser desculpa.
Já eram previstas dificuldades, ou pelo menos estranhezas, na adaptação a um terreno menos habitual no futebol de alto nível em Portugal, só que essa não foi a única dificuldade para os de Jorge Jesus. O técnico tinha convocado Enzo Pérez à condição, só que o argentino não recuperou e a águia ficou sem um dos seus pulmões nevrálgicos.
Com isso, o técnico optou por fazer recuar Talisca para a posição que desempenhou em quase toda a temporada. Ao lado de Rúben Amorim, o brasileiro abriu vaga para a titularidade de Franco Jara, numa equipa que ainda não teve Júlio César nem Samaris.
Do lado oposto eram muitas as caras desconhecidas. João Dias capitaneava uma equipa que apresentava Bobô Sergipano como referência do ataque de Petit, técnico que reencontrava uma equipa onde foi feliz... nomeadamente no Bessa, onde foi campeão em 2004/2005.
Eliseu resolve à bomba
A forma como o Boavista iria abordar o desafio cedo se percebeu. Entrosamento ainda não há, qualidade técnica também não abunda e experiência quase não existe no grupo axadrezado, o que se compreende, pois o clube subiu dois degraus de uma época para a outra.
Mas isso não serviu para que Petit se acomodasse numa possível posição de 'coitadinho'. Pelo contrário, o técnico fez face às lacunas compensando com uma excelente organização tática, focada nos pontos fortes do Benfica e minimizando-os quase sempre.
É certo que o Boavista não registou um único remate ao longo de toda a primeira parte, mas também não é menos verdade que o Benfica só lá foi através da meia distância.
Por duas vezes, e ambas com Eliseu a ser a figura principal. Se, na primeira, obrigou Monllor a apertada defesa, na segunda acertou onde queria, já perto do intervalo, dando vantagem merecida a quem mais procurou o golo. Aliás, em boa verdade só as águias o procuraram durante os primeiros 45 minutos.
A registar sobre esse período outras duas situações. Rúben Amorim lesionou-se sozinho e saiu agarrado ao joelho esquerdo (pode ser grave), dando o lugar a André Almeida. E Jorge Jesus, já depois do apito de Marco Ferreira, a exceder-se nos protestos e a ser mandado para a bancada - viu a segunda parte ao lado do mítico 'Manuel do Laço'.
Um Boavista de primeira
A segunda parte trouxe outro filme ao jogo. Claro que marcar é sempre bom, mas o golo do Benfica, antes do descanso, pareceu ter feito mal aos de Jorge Jesus e bem aos boavisteiros.
Atitude totalmente diferente da equipa de Petit, que terá 'bebido' a garra que costumava ser imagem de marca do antigo médio. Não deu para mais, é certo, mas deu para estremecer muito um Benfica inconstante, inseguro e incapaz de ter bola no miolo (Enzo Pérez é mesmo fundamental).
Jesus ainda tentou compensar, metendo Ola John e passando Gaitán para o meio, só que nem isso foi suficiente para que a segurança encarnada prevalecesse. O Boavista, é certo, também não conseguiu criar muitas oportunidades de golo, mas, com um pouco mais de astúcia, poderia ter conseguido outro tipo de resultado.
Perto do fim, Bobô Sergipano tentou marcar com a mão e viu o segundo cartão amarelo, numa altura em que a sua equipa ia assustanto Artur. Também esse lance um sinal de que ainda existe inexperiência acentuada nos portuenses.
Para o Benfica chegou o golo de Eliseu, mas ficaram também muitas preocupações. A uma semana do dérbi, Jorge Jesus tem muito trabalho a fazer. Até porque o xadrez de Marco Silva tem outro tipo de peças...
0-1 | ||
Eliseu 44' |