Satisfeito pelo regresso de Nani ao Sporting, um jogador que já tinha sido sondado em dezembro para regressar a Alvalade, Bruno de Carvalho admitiu que os leões podem ir buscar mais jogadores formados em Alcochete para voltarem a vestir a camisola verde e branca, sinal de uma mudança de estratégia do clube.
«Não escondemos que a vinda do Nani foi muito importante, muito trabalhosa e podemos ir buscar jogadores de volta a casa, que era algo que não acontecia no Sporting. É uma mensagem clara da estratégia do Sporting», afirmou o presidente do clube de Alvalade, em entrevista ao canal de televisão do clube.
«O Sporting já tinha tentado este empréstimo desde dezembro do ano passado. Era uma tentativa antiga que deu para concretizar agora por causa da vontade do Sporting e da grande vontade do Nani. Não houve qualquer hesitação por parte do Nani, não houve qualquer recuo do jogador. Pura e simplesmente havia uma discussão normal sobre as condições, quem suportaria o quê, como é que era possível porque o Sporting sabe quais são as suas capacidades financeiras. O Nani demonstrou a vontade que tinha ao dizer que não a outros nomes sonantes do futebol para voltar a casa».
«Não era justo não dar oportunidade ao jogador de pedir desculpa em relação a uma coisa que ele sabe que agiu mal e mostrou ser mau profissional», disse.
«Negócios de Rojo e Nani são distintos»
Ainda sobre as transferências de Nani e Marcos Rojo, Bruno de Carvalho fez questão de esclarecer que foram dois negócios diferentes feitos entre o Sporting e o Manchester United e que um não dependia necessariamente do outro.
«São dois negócios distintos. Um é a venda do Rojo e outra é o empréstimo do Nani. Já tudo estava tratado com o Nani e o Rojo ainda estava a realizar exames no Manchester United. Se o Rojo falhasse os exames, o Nani ficaria cá na mesma. Os dois negócios foram feitos com a mesma identidade ao mesmo tempo, mas apenas isso porque são distintos», informou.
«Desejo que o Dier tenha sucesso»
O presidente do Sporting confirmou que a renovação com Eric Dier esteve perto de acontecer, mas que a partir de determinado momento o defesa começou a querer sair. Bruno de Carvalho sentiu alguma mágoa pela forma como as coisas aconteceram mas está disposto a perdoar o jogador após uma conversa entre ambos.
«O Dier tinha uma cláusula concreta no seu contrato. Estávamos a negociar e tive a noção de que a certa altura a renovação estava muito perto. Houve um volte-face pelo seu pai e agente e depois ou acompanhávamos a proposta de salário ou deixávamo-lo sair. A pretensão do jogador era sair», começou por dizer.
«Guardo aqui alguma tristeza porque aquilo que acreditava que poderia acontecer, que era o Dier tornar-se num central titular do Sporting, não sucedeu. Fico muito muito contente, porque o admirava como jogador, pelo sucesso que está a ter. Mas a entrevista que deu não foi verdadeira porque não demonstrou aquilo que se passou no Sporting. A mágoa faz parte do ser humano e o presidente do Sporting é um ser humano. Se o Dier perceber a forma como fez as coisas, estarei perfeitamente preparado para depois de uma conversa perdoar aquele que foi um filho da casa. Sem uma conversa não será possível recebê-lo de braços abertos porque foi feito um ataque pessoal ao presidente mas não ao clube».
«Continua a não haver proposta pelo William»
William Carvalho, que começou mal o campeonato ao ser expulso no empate com a Académica, não tem propostas para deixar Alvalade, embora o seu nome venha a ser apontado a clubes ingleses, entre eles o Chelsea, Arsenal e o Manchester United.
Sobre o médio internacional português, Bruno de Carvalho diz que ainda não recebeu uma proposta válida, embora não garanta a sua permanência em Alvalade.
«O William é um excelente profissional e nunca me deu razões de queixa. Está no Sporting de corpo e alma. É insultuoso até algumas insinuações que foram feitas após o jogo com a Académica, no qual não havia motivo para ser penalizado na primeira falta, enquanto a segunda é uma questão de critério disciplinar. Houve outras situações em que não foi mostrado também o cartão», disse o líder leonino.
«Até esta altura continua a não haver proposta pelo William. Se quiséssemos fazer a venda, já a teríamos feito. O William está muito calmo e quando voltar estará com o seu raciocínio de fazer o melhor pelo Sporting», continuou.
«Para haver uma nova eleição na Liga que seja com novas pessoas»
Sobre as eleições para os órgãos sociais da Liga de Clubes, Bruno de Carvalho espera que haja novos candidatos a apresentarem candidaturas, depois de alguns ex-candidatos estarem a pensar em recandidatarem-se após terem dito que não o voltariam a fazer.
«Se houve irregularidades, puna-se quem as fez. Ninguém vai perceber que se vá fazer a repetição de um ato onde se disse por algumas pessoas que nunca mais seriam candidatas. O Sporting é muito claro e o que pensa é que para se fazer uma nova eleição que seja com uma nova apresentação de pessoas», afirmou.
«Tenho lutado para que as coisas sejam claras. A pessoa que defender aquilo que são as nossas propostas para o futebol terá o nosso apoio declaradíssimo», acrescentou.
«Contratos com a Doyen são nulos a nível legal»
Aquando das negociações de Marcos Rojo para o Manchester United, o Sporting e o fundo Doyen trocaram argumentos entre si. Agora que a transferência se concretizou, o presidente do Sporting garante que o clube de Alvalade não quebrou qualquer acordo com a Doyen. Bruno de Carvalho explicou que os direitos económicos de Marcos Rojo e Labyad, que eram partilhados com o fundo, passaram novamente para a posse do clube porque o contrato não tinha validade legal.
«Fomos eleitos para defender os interesses do Sporting e tenho a consciência daquilo que já fizemos. Muita gente tem usado a expressão rasgar contratos e isso poderia prejudicar a imagem do Sporting. O que aconteceu foi que tudo voltou à forma anterior. Os direitos económicos do Rojo e do Labyad voltaram para o Sporting porque considerámos que a nível legal os contratos são nulos. Analisámos os contratos juridicamente e as percentagens são do Sporting», disse.
«Há que perceber que o Sporting tem a total noção da sua razão. Não temos receio nenhum mas vamos lutar até ao fim e não temos dúvida da nossa razão e acreditamos que nos vão dar razão. Aviso os sportinguistas que isto vai ser tremendo e relembro o caso Bruma, em que disseram que o Sporting não ia ganhar dinheiro algum. Mas o clube venceu porque não teve medo de enfrentar um problema», acrescentou.
«Sporting não teve qualquer perdão de dívida»
Garantindo que a reestruturação financeira do clube está no bom caminho, embora ainda não esteja completa, Bruno de Carvalho revelou que não houve qualquer perdão de dívida feita ao Sporting, como chegou a ser afirmado por responsáveis do Benfica, e passou ao ataque em relação ao rival encarnado.
«O que o Sporting fez foi reestruturar dívida e não teve qualquer perdão. Tem havido uma estratégia patética do nosso rival em Lisboa e comecei a ficar farto desse assunto, pelo que pedi ao meu departamento financeiro para me dizer o que de facto se está a passar no nosso clube rival. Quais as razões que deixaram a KPMG de auditar as contas do clube? O clube não mostra as contas consolidadas como o Sporting faz e estima-se que o passivo global consolidado esteja entre os 480 e 500 milhões de euros», começou por dizer.
«Quem serve o Sporting tem de pensar em ser campeão»
Olhando para o futebol e para as outras modalidades, Bruno de Carvalho quer ver os leões a sagrarem-se campeões em todas as modalidades, pelo que pretende que ao serviço do clube estejam apenas pessoas com o espírito de serem campeãs.
«Quem servir o Sporting tem de ter o pensamento de ser campeão. Quem não pensar nisto não pode ser campeão. O presidente pede sempre o título em todas as modalidades porque estamos no Sporting. Não vimos aqui lutar por pódios ou para ficar a meio da tabela».
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