Aos 22 anos, Götze é a estrela de quem se fala, por estes dias. Foi dele o único golo na final no emblemático Maracanã, que deu o tetra à Mannschaft. Mais um jogo, mais um degrau na escadaria de génios em que Götze se vai fixando. Mas ele não quer ser herói. Aliás, nunca quis. Apenas pretendeu ser jogador da bola. Apenas!!!
Ponto prévio. Vai perceber, por certo, o caro leitor que apenas na banda desenhada os heróis são coerentes e seres perfeitos, gostem ou não.
Mario, como é carinhosamente tratado pela sua família, nasceu a 3 de junho de 1992 em Memmingen, no sul da Alemanha, e como qualquer criança teve o sonho de jogar futebol. Se hoje é um dos mais renomados habitantes do espaço mais comum dos génios da bola - ali entre o meio campo e o ataque - nem sempre a vida se revestiu de facilidades para Super Mario.
Apesar disso, Götze não precisava que lhe facilitassem a vida, que lhe abrissem avenidas. Só queria uma oportunidade.Jürgen Klopp, técnico do Dortmund, deu-lhe espaço e colocou bola no pé do fenómeno que foi conseguindo golos para a multidão. Mas já lá vamos.
Com passagens pelas camadas jovens do SC Ronsberg e do Eintracht Hombruch, Götze chegaria ao Borussia Dortmund, em 2001, clube que o "apresentou" nos grandes palcos do futebol mundial.
Nascido na Baviera, a mudança para a Vestefália aconteceu aos seis anos de idade, quando o seu pai, um professor universitário, aceitou um emprego na Faculdade de Electrónica e Informática. A mudança custou e tudo parecia imperfeito no mundo de Mario.
Na equipa de Dortmund, Götze passou por todos os escalões de formação desde então, pelo que a sua estreia na equipa principal estava apenas reservada para os seus 17 anos e cinco meses.
A carreira em Dortmud corria bem ao ponto dos "tubarões" começarem a olhar para Götze. Os adeptos do Borussia temiam perder o craque, o ídolo, o herói. Longe estavam eles, ou talvez não, de imaginar que o seu menino - que lhes tinha curiosamente chegado desde o sul da Alemanha - iria trocar o Estádio Signal Iduna Park pela Allianz Arena.
Antes ídolo e herói dos adeptos do Borussia Dortmund, passou a ser chamado de "Judas" quando regressou à Baviera para jogar pelo Bayern. É certo que entraram nos cofres do Dortmund 37 milhões de euros mas ficou para sempre uma espécie de traição do "Messi germânico", como também já lhe chamaram.
Em Munique, é verdade que divide um balneário com Arjen Robben, Franck Ribéry e Thomas Müller. Por isso, Götze foi estando na sombra na equipa de Guardiola, onde somou em 45 jogos oficiais e fez 15 golos.
A estreia pela seleção principal alemã, essa, aconteceu em 2011, e o primeiro golo, curiosamente contra o Brasil, teve lugar no dia 10 de agosto, na vitória alemã por 3x2 num amigável.
Desde então, Götze - um daqueles jogadores que muda o andamento de uma partida de cada vez que pega na bola - tem concorrência de peso mas reivindica cada vez mais lugar de destaque entre os herdeiros de Franz Beckenbauer.
É certo que o pai de Mario Götze não queria que o seu filho deixasse a escola para se dedicar por inteiro ao futebol. No entanto, Götze cumpriu o sonho e hoje é um dos mais conhecidos jogadores da bola.
Na história do Desporto Rei, os maiores génios dividem-se entre os mestres do arranque e do drible e os feiticeiros do golo. Ele é tudo, mestre e feiticeiro, e vai acabar como um dos melhores da história, dizem antigos e novos jogadores de futebol. Queira ou não ser herói.
É que ganhar não tem, necessariamente, de ser uma coisa complicada. Quase sempre basta ser melhor. E Götze é. A Alemanha também o foi e provou essa ideia no Brasil, no último mês.