Benfica e Rio Ave selam com chave de ouro a temporada 2013/2014 a nível nacional, com a sempre mítica presença no Jamor. Se, para as águias, a caneta procura rubricar um inédito triplete, para os vilacondenses a assinatura desejada é de uma marca também nunca antes alcançada: a conquista da prova raínha.
Última chamada: o navio para o Brasil está prestes a embarcar! Com ele, vão-se as emoções do futebol ao nível nacional, que terá uma pausa de quase um mês para repor as baterias da emoção, aquelas que, nos últimos dez meses, palpitaram pelos estádios de norte a sul do país. Ou melhor, há ainda mais um evento a registar até que a Brazuca comece a rolar no Brasil, se bem que a final da Liga dos Campeões, em Lisboa, não conte para o roteiro do navio interno português, ainda que por lá vá estar o melhor do mundo.
É, portanto, no Jamor que as contas se fecham por esta temporada, neste «país à beira-mar plantado». É aí que o Benfica procurará acabar de pintar uma tela quase repleta de tons encarnados. É aí que o Rio Ave tentará desviar o pincel para o verde que preenche os intervalos de branco no equipamento vilacondense.
Duas equipas, um objetivo: ganhar. Debaixo do sol abrasador que costuma ser presença assídua no mítico Jamor e imbuídos pelos aromas únicos que resultam dos piqueniques na mata, os 22 que entrarem em campo não estarão interessados no que a história dos confrontos entre ambos tem dito sobre favoritismos. Pelo menos foi isso que Jorge Jesus e Nuno Espírito Santo deram a entender numa conferência de imprensa marcada pela útil e saudada presença de Carlos Xistra, o árbitro da partida - que bem que sabe ouvir esse parcela de intervenientes tantas vezes massacrados e impossibilitados de darem a sua versão.
Confrontos pendem para o Benfica
A final da Taça de Portugal até pode apresentar um confronto inédito no Jamor, mas certamente não se tratará de um duelo de desconhecidos. Benfica e Rio Ave já se defrontaram por três vezes este ano e o desfecho foi sempre o mesmo: vitória das águias.
Foi em Vila do Conde (1x3), foi depois na Luz (4x0), foi ainda em terreno neutro, em Leiria, na final da Taça da Liga, há onze dias atrás (0x2). Um golo para o Rio Ave, nove para o Benfica e três triunfos indiscutíveis.
Filtrando apenas a história na Taça de Portugal, o desfecho é precisamente o mesmo: as águias são 100% vitoriosas nos quatro jogos efetuados até ao momento.
Para o Rio Ave, apenas três vitórias num total de 46 jogos é um cenário que não é propriamente animador, mas que também não deixará de poder ser um aliciante extra para a formação de Nuno Espírito Santo.
O regresso dos motores da nau benfiquista
Enzo Pérez, Lazar Markovic e Eduardo Salvio. Três regressos, três boas notícias para Jorge Jesus, que admitiu que os jogadores que ficaram de fora da final da Liga Europa por castigo proporcionarão ao técnico uma subida de intensidade.
Não é certo que os três possam jogar, até porque Salvio e Markovic jogam preferencialmente na mesma vaga, se bem que um deles até pode descair para a esquerda, caso Nico Gaitán não tenha recuperado fisicamente do enorme desgaste físico de Turim.
Aliás, Turim é também uma incógnica para este jogo, no sentido de perceber até que ponto novo desaire europeu terá afetado a equipa no aspeto psicológico, mesmo numa época em que o campeonato e a Taça da Liga já conferem um carimbo de nota muito positiva ao trabalho realizado pelo grupo da águia.
Em todo o caso, a ambição não desapareceu e há um regresso ao Jamor a significar uma oportunidade para a equipa se redimir da deceção no ano passado, quando caiu aos pés do Vitória de Guimarães (2x1), ampliando para dez o número de anos que distam o Benfica da conquista da Taça de Portugal, em 2004, contra o FC Porto de José Mourinho (2x1).
Embarbados pelo sonho
A nau de Vila do Conde também não difere na ambição. Mais folgada fisicamente, da equipa de Nuno Espírito Santo importa perceber que tipo de efeitos provocou a derrota na final da Taça da Liga, em Leiria: se a lição foi aprendida, se o efeito de nova derrota com as águias pesará nos índices de confiança da equipa - Nuno, na antevisão, disse apostar na primeira.
Comandados por uma equipa em que a barba tem crescido para homenagear os que, há 30 anos, chegaram ao Jamor pela primeira vez na história do clube, Tarantini, Marcelo, Ukra e companhia vão tentar ultrapassar o feito desses e chegar pela primeira vez à tão almejada taça.
Depois, uma pausa, que a nação embarca para férias de bola dentro do retângulo. Por agora, um hino ao futebol, num palco de sonho, sob A Portuguesa, porque os costumes são para serem estimados...
Onzes prováveis:
Fotografias
1-0 | ||
Nico Gaitán 20' |