Crença até ao fim vale vantagem na eliminatória (2x1)

Havia uma comunhão perfeita para a noite ser de glória no Estádio da Luz. Os adeptos encarnados, eufóricos pelo título de campeão nacional conquistado no domingo, começaram por fazer a festa bem cedo nas bancadas e a ela juntou-se o golo madrugador de Ezequiel Garay, que aos dois minutos colocou o Benfica em vantagem.

Era impossível pedir melhor início aos comandados de Jorge Jesus. Ao primeiro remate à baliza, fizeram o primeiro golo e tudo parecia indicar que a noite podia ser de festa total após os 90 minutos. Os encarnados foram superiores durante a primeira metade da etapa inicial, mas a partir daí a Juventus, com tranquilidade, foi conseguindo «adormecer» o jogo das águias.

O Benfica nunca mais voltou a ser o mesmo e na segunda parte, depois de ter visto o árbitro negar erradamente uma grande penalidade a seu favor, sofreu o golo do empate, apontado por Carlos Tévez. Porém, a festa voltou a seis minutos dos 90, quando Lima, depois de saltar do banco para o lugar de Cardozo, apontou o golo da vitória.

Os campeões nacionais mantêm, assim, o pleno de vitórias sobre a Juventus nos jogos em casa e vão em vantagem para o embate da segunda mão, embora o golo apontado pelos italianos na Luz tenha tornado o resultado perigoso e mantido tudo em aberto.

Era impossível pedir entrada melhor

Por várias vezes esta temporada, os defesas-centrais do Benfica decidiram jogos, mostrando uma veia goleadora pouco comum. Frente à Juventus, nomeadamente na primeira parte, os jogadores que compõem o eixo defensivo dos encarnados, Ezequiel Garay e Luisão, voltaram a ser fundamentais.

Garaym, pelo golo que apontou, e Luisão, imperial na defesa, estiveram em destaque na primeira parte ©Carlos Alberto Costa

Era difícil pedir uma entrada melhor no jogo frente ao bicampeão da Serie A e que, tal como o Benfica, foi despromovido da Liga dos Campeões para a Liga Europa. Mas para preservar a vantagem até ao intervalo, não foi só o golo de Garay que valeu. Luisão, na defesa, esteve verdadeiramente imperial e a sua atuação foi fulcral para manter os italianos longe da baliza de Artur Moraes.

Os primeiros 22 minutos foram de domínio encarnado. Empolgados por um público entusiasta, os jogadores orientados por Jorge Jesus marcaram cedo e de pronto tomaram conta do jogo. Lazar Markovic, fundamental na jogada que antecedeu o golo de Garay, deixava todos em suspenso sempre que decidia arrancar com a bola. Aos 11 minutos, depois de um excelente corte de Luisão perante Carlos Tévez, Markovic pegou na bola, galgou metros e conduziu um contra-ataque que apenas não resultou em golo porque Sulejmani, depois de Cardozo ter «levado» os defesas da Juventus consigo, recebeu a bola de Markovic, mas não teve pontaria e rematou ao lado.

Os italianos pareciam surpreendidos pela entrada forte do Benfica e só aos 14 minutos conseguiram efetuar o primeiro remate à baliza, embora Carlos Tévez tenha visto Artur Moraes defender a bola com segurança. Porém, a segunda metade do primeiro tempo registou uma Juventus mais controladora e a tentar ter mais a bola, tendo estado bastante perto de empatar aos 33 minutos, quando na única vez que as águias estiveram mal defensivamente, deixaram Lichtsteiner completamente sozinho e este cabeceou sem hipótese de defesa para Artur, que bafejado pela sorte viu a bola sair a centímetros do poste.

Lima saltou do banco para voltar a ser herói

Ao contrário da primeira parte, a Juventus entrou melhor do que o Benfica na etapa complementar, começando por ter mais posse de bola e obrigar os jogadores encarnados a correrem atrás dela. Fruto disso, aos 55 minutos teve a primeira ocasião de golo do segundo tempo, com Paul Pogba a aparecer na área e a cabecear para defesa apertada de Artur Moraes, que cedeu canto.

Carlos Tévez foi o autor do golo que deu o empate à Juventus no jogo ©Carlos Alberto Costa

A partir desse momento, o Benfica tentou subir mais no terreno e Jorge Jesus fez quase de seguida duas alterações para mexer no terreno. Primeiro, colocou André Almeida no lugar de Sulejmani para dar mais poder ao meio-campo, que estava a ser ganho pela Juventus, e de seguida colocou Lima no lugar de Cardozo, de modo a dar mais velocidade ao ataque.

Antonio Conte, por seu lado, optou por colocar Giovinco no lugar de Vucinic, tornando ainda mais matreira a sua estratégia, que passava por ter a posse de bola, adormecer o jogo e surpreender a defesa do Benfica com a velocidade de Tévez e do futebolista acabado de entrar. A verdade é que os italianos estavam melhor e ameaçaram chegar ao empate aos 68 minutos, quando Marchisio viu Maxi Pereira, de forma brilhante, a tirar-lhe o «pão da boca».

Todavia, o esforço do uruguaio acabaria por ser em vão porque pouco depois a Juventus alcançou mesmo a igualdade. Asamoah lançou Carlos Tévez e rapidíssimo o argentino passou pelo meio de três defensores que tentavam impedir a sua passagem, finalizando com classe após a saída de Artur Moraes.

Lima, herói no fim de semana, voltou a dar a vitória ao Benfica e coloca os encarnados em vantagem na eliminatória ©Carlos Alberto Costa

A seis minutos dos 90, aproveitando um espaço vazio na área da Juventus, Lima não se fez rogado e, após ter sido o responsável pelos dois golos que deram o 33º título de campeão nacional ao Benfica, rematou com força para o fundo da baliza de Buffon, que ao longo da segunda parte não tinha sido colocado à prova. As bancadas da Luz tremeram com tamanho festejo do golo do avançado brasileiro e a festa só não foi maior porque Markovic, dois minutos depois, viu a bola que rematou passar bem perto da baliza da Juventus.

Nos poucos minutos que ainda faltavam para jogar, foi preciso sofrer e para o Benfica poder ir em vantagem a Turim contribuiu a atenção de Artur Moraes, guarda-redes que esteve impecável ao negar o golo do empate a Claudio Marchisio por duas vezes, tendo o italiano rematado com perigo ao lado quase a fechar a partida.