«Futebol é paixão» é uma das máximas que mais vezes é ouvida na gíria futebolística. Paixão é um atributo muito apreciado pelos treinadores e também um requisito básico para o desempenho de qualquer função, não apenas nesta área da bola. Contudo, há quem procure 'doses reforçadas', como é o caso do Slask, clube polaco que juntou recentemente Flávio a Marco, os irmãos Paixão com quem o zerozero.pt foi falar.
No verão passado, Marco Paixão assinou pelo Slask Wroklaw, da Polónia, meio ano antes do irmão Flávio, que voltou a fazer o destino de ambos cruzar-se com a mesma camisola. «Tem sido uma experiência maravilhosa. Era um objetivo que eu tinha nas mãos e que podia realizar. As pessoas olham para nós como bons jogadores, bons profissionais e boas pessoas. Isso é bom para nós, ver reconhecido o nosso trabalho. Os adeptos estão a gostar de nós», começou por dizer Flávio Paixão, sempre com grandes doses de boa disposição, tal como o irmão, em entrevista ao zerozero.pt.
Para já, coincidiram no campo em quatro jogos. Três empates e uma derrota foi o saldo, um dado que os fez sorrir: «Temos tido má sorte nos resultados. A fase está a ser azarada, mas esperamos dar a volta já no próximo jogo».
Marco, artilheiro da equipa e 'reclamador' de uma oportunidade na seleção
Com boa disposição em dose dupla, os dois falaram ao zerozero.pt no carro, enquanto se dirigiam para o treino desta quarta-feira. Bola cá, bola lá, o telemóvel ia rodando entre um e outro e a voz que chegava era sempre a mesma. Sim, até nisso são iguais. Em quase tudo, menos no campo, onde o complemento é aquilo que melhor se extrai da sua cumplicidade.
«Eu sou mais ponta-de-lança, gosto mais aparecer nas costas da defesa, de ser referência. O meu irmão é mais ala, é rápido, bom driblador e gosta de cruzar. Não somos rivais no campo, podemos complementar-nos, até porque ele também sabe jogar a 10», explicou Marco Paixão, ele que, aos 29 anos, atravessa um grande momento de forma, sobretudo na arte de fazer golos, um dado que considera suficiente para uma meta que vê como possível de atingir.
«O meu objetivo é jogar na seleção. Estou a fazer uma grande época, com 22 golos oficiais, tenho espírito positivo e confio muito em mim. Sei que mereço uma oportunidade. Na Liga Europa marquei cinco golos em cinco jogos e só não faço mais porque não continuámos, senão acredito que continuaria a marcar. neste momento, só participo numa competição e, mesmo assim, o meu número é bom», registou, orgulhoso do seu trajeto esta época.
Paulo Bento é o 'visado' do avançado, que está a par das debilidades de alguns dos habituais convocados para a frente de ataque (Hélder Postiga e Nélson Oliveira têm tido problemas em se apresentar a 100%).
«É considerável para o selecionador e é um orgulho para qualquer português ver um compatriota a dar cartas no campeonato polaco. Acho que posso ser mais uma opção para o mister Paulo Bento e estou esperançado de que a minha oportunidade esteja aí à porta», confessou, ele que, pela boa disposição que apresenta (e que o zerozero.pt pôde comprovar), não veria entraves para o ingresso num grupo que, sabe-se, atua quase como uma família.
«Sou bastante sério e profissional, pelo que, aliado à minha boa disposição, acredito que me poderia integrar bem no grupo. A minha primeira internacionalização, a acontecer, poderia fazer parecer que já estaria no grupo há muito», argumentou Marco Paixão, que não descartou levar o irmão consigo para a turma das quinas.
«Ele chegou aqui agora, está a começar a jogar, portanto dentro de algum tempo também poderá ser opção, quem sabe», completou Marco sobre Flávio, «o teimoso». A resposta, em jeito de finalização, veio de Flávio, por entre sorrisos de ambos: «O Marco é muito preguiçoso! Só não é quando tem que meter a bola na baliza, felizmente».