Portugal fecha o grupo F com um triunfo convincente sobre o Luxemburgo, insuficiente, no entanto, para mudar o destino da equipa das quinas, que vai ter que disputar o play-off para chegar ao Mundial do Brasil. Faltaram golos aos lusos, claramente superiores em relação aos luxemburgueses.
Portugal entrou em campo com muitas mudanças nos titulares, comparando com o jogo da última sexta-feira, em Alvalade, empate a um com Israel. Neto no lugar de Pepe no eixo da defesa, Coentrão, depois de cumprir castigo, voltou ao seu posto habitual na lateral-esquerda, Varela fez de Ronaldo, Josué estreou-se a titular entrando para o meio-campo onde tinha jogado Rúben Micael no último jogo e Hélder Postiga, regressado de castigo, assumiu a posição mais avançada do ataque luso, onde tinha jogado Hugo Almeida.
Mudanças apresentadas, importa, também, enunciar as diferenças de atitude, dinâmica e velocidade apresentadas pelos lusos. Se a postura foi do mais criticado na última sexta-feira, esta terça-feira, sob o céu pesado da cidade de Coimbra, Portugal entrou forte, agressivo, mandão.
Josué como motor, Joubert como herói
Numa primeira parte de sentido único foi Josué o elo mais dinâmico da formação portuguesa, sempre a jogar de cabeça levantada, a combinar sempre bem com Moutinho e Nani, a rasgar sempre que podia a frágil defensiva luxemburguesa. Parecia impossível acreditar que no primeiro jogo entre estas duas equipas o Luxemburgo tinha marcado primeiro e obrigou Portugal a uma reviravolta.
Modesto, o Luxemburgo jogava sempre atrás da linha da bola, apenas tentando, de quando em vez, a bola longa para a velocidade dos seus dianteiros. Ricardo Costa e Neto, no entanto, chegavam para as encomendas, enquanto Patrício era um mero espetador da partida.
Ao invés, e apesar de uma frágil defesa, o guarda-redes Jonathan Joubert puxou para si os holofotes da partida, conseguindo, apesar de várias tentativas, manter a sua baliza inviolada até à meia hora de jogo.Tentaram Nani no meio da rua, Postiga na sobra e logo depois Moutinho. O guarda-redes luxemburguês safou-se das três, algo que não conseguiria quando Coentrão cabeceou à barra após um cruzamento perfeito de André Almeida.
Portugal jogava de forma intensa, de olhos postos na baliza contrária, e nem o golo da Rússia, marcado por Shirokov à passagem do quarto de hora e que terminava qualquer esperança de qualificação direta dos lusos, esmoreceu o ataque das quinas.
Foi quando os luxemburgueses ficaram a jogar com dez, após a expulsão de Aurélien Joachim devido a uma entrada feia sobre André Almeida, que a balança se desequilibrou de vez.
Silvestre Varela, que estava ser o mais desastrado dos lusos, aproveitou um excelente passe de Moutinho, desmarcou-se e inaugurou o marcador frente a um desamparado Joubert.
Moutinho, que esteve mais que marcado no jogo contra Israel, assumia a criatividade lusa, apostando nos passes a rasgar e impondo as suas ideias. Foi o que fez para o segundo golo, naquela que foi a melhor jogada do desafio, dando de calcanhar para Nani, vindo de trás, marcar com classe.
Ritmo baixa, cai por terra a goleada
O segundo tempo começou com o mesmo ritmo do primeiro tempo, Portugal apostado em dilatar a vantagem, aproveitando não só a superioridade numérica mas também a qualidade técnica dos seus jogadores, muito acima dos luxemburgueses.
Com a equipa das quinas a jogar bonito, apesar de nem sempre colocar muita gente em zona de finalização, a dinâmica esteve perto de dar frutos aos 49´, depois de um remate de Nani, que quase dava auto-golo a favor dos lusos.
Portugal só podia golear, esperando ainda que do Azerbaijão, onde jogava a Rússia, chegassem notícias positivas, e por isso Paulo Bento abdicou de Miguel Veloso e fez entrar Hugo Almeida, operando também uma nova alteração, desta feita forçada, face à lesão de Ricardo Costa, lançando Sereno em jogo. Dupla inédita no eixo da defesa lusa, Neto e Sereno eram o suficiente para suster um Luxemburgo esforçado mas inoperante em termos ofensivos.O que mudou, apesar de no xadrez o selecionador se ter mostrado arrojado, foi uma diminuição de ritmo, uma quase apatia da equipa das quinas, que passou a ter um jogo mais mastigado, com menos alegria. O resultado estava garantido, até se ouviam olés nas bancadas, mas o público pedia mais e ia soltando alguns assobios de impaciência, esperando mais um golo, depois de ter festejado dois em sete minutos no primeiro tempo.
Com o selo de melhor marcador luso nesta fase de qualificação, Hélder Postiga respondeu a essa exigência, dilatando a contagem e a sua conta pessoal a cerca de dez minutos dos 90´. Novamente Moutinho na jogada a assistir de cabeça o ponta de lança que dominou e rematou para o terceiro dos lusos, o 27.º com a camisola de Portugal.
Ainda houve tempo para mais um falhanço dos lusos protagonizado por Hugo Almeida, assobiadíssimo (!) que com a baliza aberta e na pequena área fez o mais difícil, acertando na barra da baliza de Joubert.
Contas feitas, e apesar do triunfo, Portugal vai ter que ir ao play-off, marcado para 15 e 19 de novembro. O destino estava traçado desde o empate com Israel na sexta-feira, que tornou as contas muito mais difíceis. Fica o amargo de boca pela ausência de goleada, que era desejável, expectável e mais que possível, face às diferenças entre as seleções portuguesa e luxemburguesa.
3-0 | ||
Silvestre Varela 30' Nani 37' Hélder Postiga 79' |