Serão muito poucos os que acreditarão num milagre do Paços de Ferreira na deslocação ao terreno do Zenit. Se a vitória é tarefa muito difícil, inverter a eliminatória é tarefa praticamente impossível, mas este será um jogo com tudo para ganhar e nada a perder por parte do conjunto de Costinha. Além disso, a equipa portuguesa tem também muitos fantasmas para afastar, depois de um início de época que não tem sido nada risonho, mas que ainda está no início.
É exatamente o técnico quem mais precisa de "ganhar". E as aspas significam exatamente que o ganhar é relativo, isto porque a equipa conquistou, no Dragão, uma vitória moral, mas é um conjunto que soma três derrotas em outros tantos jogos oficiais. Os elogios à prestação pacense foram muitos e justificados no jogo da primeira mão, encontro onde o Paços de Ferreira se bateu de igual para igual com os russos no que à estatística diz respeito, mas onde se viu vergado com uma goleada.
Assim, importa aos pacenses outro tipo de abordagem ao encontro, menos atrativa, mas mais eficaz, para que o técnico consiga, finalmente, dar uma sapatada na crise de resultados e na dúvida que vai pairando sobre a sua aptidão à frente da equipa.
Calendário fulgurante entre votos de confiança
A equipa da Mata Real tem tido um arranque de época negativo em termos de resultados, num panorama que tem posto à prova, jogo após jogo, o conjunto dos castores.
Depois da derrota na primeira jornada do campeonato em casa emprestada (Felgueiras), na receção ao SC Braga, a equipa de Costinha recebeu o Zenit no Estádio do Dragão e voltou a perder. No fim-de-semana previa-se o teste mais «suave», só que os postes do Estádio Algarve não permitiram aos amarelos virarem o resultado frente ao Olhanense de Abel Xavier.
Agora, surgem mais três testes de grau de dificuldade elevadíssimo: esta deslocação à Rússia, para medir forças com o Zenit, a receção (novamente em Felgueiras) ao FC Porto no domingo e a viagem até ao Estádio da Luz na semana seguinte, para defrontar o Benfica.
Num cenário negro, urge à equipa de Costinha encontrar um motivo para sorrir e para devolver a confiança a um grupo com qualidade mas que ainda não se restabeleceu da grande reformulação de que foi alvo desde o final da época passada. Até porque Carlos Barbosa já teve que vir a público reforçar a confiança no seu treinador, o que, apesar de pertinente e justificado, nem sempre é bom sinónimo...
Exige-se Vítor e desespera-se pelo regresso ao habitat natural
Ainda sem poder atuar no seu reduto - a Mata Real tem estado sujeita a obras de remodelação e ainda não está operacional para receber jogos oficiais - o Paços de Ferreira tem andado com 'a tralha às costas' e vai atuar no quarto palco diferente ao quarto jogo da época.
Um dado que pode soar a perfecionismo, mas que tem a sua razão de ser, sobretudo porque priva a equipa de alguma estabilidade física, mental e geográfica, para além de contar com o emblematismo do seu terreno.
Quanto à equipa, Costinha estará, quase por unanimidade da opinião futebolística nacional, obrigado a lançar Vítor de início, tarefa à qual não se deve fretar o técnico, sobretudo depois daquilo que se viu no Dragão (o médio só não tem vindo a ser opção inicial devido à sua iminente saída do clube).
Além disso, a equipa deve manter a aposta no meio-campo em André Leão e Sérgio Oliveira, ambos em bom plano há uma semana, prevendo-se que Carlão já possa ser o homem-golo, depois de ter sido suplente utilizado no primeiro jogo.
Do outro lado estará um Zenit a pensar sobretudo no campeonato, pois a presença na Liga dos Campeões é apenas uma questão de 90 minutos de confirmação, o que deverá levar Spalletti a algumas mudanças no onze, relativamente à equipa que costuma surgir de forma mais frequente.
Mais que uma eliminação, um ensaio
Embora este encontro deva confirmar a eliminação do Paços de Ferreira da Liga dos Campeões, isso não significa um adeus às provas europeias esta época.
Pelo contrário, os castores vão passar para a Liga Europa, onde disputarão a fase de grupos - mais seis jogos, pelo menos.
Como tal, este jogo em São Petersburgo é, acima de tudo, um teste à resistência física (viagens longas, clima diferente) e psicológica (ambiente hostil e panorama desfavorável) para algumas partidas que possam surgir num futuro próximo à formação portuguesa.
Além disso, é a montra da Liga dos Campeões, para todos os efeitos. Sérgio Oliveira que o diga...
4-2 | ||
Danny 29' 48' Aleksandr Bukharov 66' Andrei Arshavin 78' (g.p.) | Manuel José 67' Carlão 83' |