Passaram praticamente 25 anos desde a única conquista vitoriana na Supertaça Cândido de Oliveira. O adversário era, como será este sábado, o FC Porto e o homem que estava sentado no banco de suplentes a comandar o Vitória de Guimarães chama-se Geninho. O zerozero.pt foi falar com o técnico brasileiro, que reviveu a conquista e que analisou as hipóteses vimaranenses.
«As coisas muito boas ficam sempre guardadas na memória», foi desta forma que Geninho, brasileiro de 65 anos que treinou o Vitória de Guimarães em 1988/1989, abordou a chamada do zerozero.pt, na tentativa de passar em revista aquele momento ímpar na história do clube.
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Afável e de bom trato, Geninho quase transpôs uma lágrima pelo telefone, tal a emoção com que falou do momento em causa e do clube e cidade de Guimarães. Na altura, o troféu discutia-se a duas mãos: «Tivemos um primeiro jogo muito difícil em Guimarães, numa noite de chuva, e onde conseguimos um resultado positivo (2x0), que nos deu a chance de ir às Antas com boas hipóteses, já que podíamos mesmo perder (por 1x0 ou 2x1) e erguer o troféu».
«Sabíamos da força que o FC Porto tinha nas Antas e fizemos um jogo para tentar conter o adversário no ataque e evitar ao máximo o primeiro golo. A nossa defesa esteve muito bem e o jogo do FC Porto não resultou em nada», acrescentou sobre o empate a zero do jogo da segunda mão.
Em 1988, o emblema vitoriano tinha ficado no lugar imediatamente acima da linha de água, só que chegou à final da Taça de Portugal, sob o comando de António Oliveira, onde perdeu com os dragões por 1x0, graças a um golo de Jaime Magalhães. Dessa forma, e com o FC Porto a vencer o campeonato, foi o Vitória SC quem teve direito a participar no troféu de abertura da época seguinte.
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«Cheguei numa altura em que a equipa não estava muito bem no campeonato e, portanto, a conquista desse título foi muito importante para motivar os adeptos do Vitória», referiu, explicando de seguida que «a conquista foi muito comemorada no regresso a Guimarães, foi uma alegria muito grande e para mim representou muito. Ainda hoje recordo com muito carinho e muita saudade todos os momentos».
O Jamor, Rui Vitória e o desejo de «dias melhores»
O clube de Guimarães retomou as conquistas nacionais na época passada, derrotando o Benfica no Jamor por 1x2. Um jogo seguido de perto pelo brasileiro, como é habitual em tudo que inclua os vitorianos: «Acompanhei a final do Jamor. Aliás, acompanho muito tudo o que se passa em Portugal e no Vitória de Guimarães, nunca me desliguei. É inevitável criar um laço de carinho e até deixei amigos aí [em Portugal]. Sei perfeitamente o que essa conquista significou para a cidade de Guimarães e para o Vitória».
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«Ter conseguido esse título e logo frente ao Benfica deve ter sido uma satisfação muito grande. Acredito que a sensação tenha sido a mesma que nós tivemos naquela altura, quando batemos o FC Porto», acrescentou Geninho.
A tarefa contra os Dragões não se afigura fácil para a equipa de Rui Vitória, mas o brasileiro vê uma brecha por onde espreitar: «É sempre muito difícil derrotar o FC Porto, independentemente da situação em que se estiver, mas eu acho que, no futebol, as coisas podem sempre acontecer. Claro que o Vitória está debilitado devido à saída de jogadores importantes e isso é duro para a equipa, mas, como as coisas se decidem em apenas um jogo, penso que tudo pode acontecer».
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A ponte foi novamente feita para a conquista de 1988 e Geninho deu o mote que tem que, na sua opinião, reger a atuação vitoriana: «Espero que o Vitória faça um bom jogo, que se encaixe bem na marcação, que aproveite bem as chances que forem aparecendo. É fundamental acreditar sempre que é possível, não adianta entrar numa competição se não existir esse pensamento. Naquela altura, o favorito também era, de longe, o FC Porto, até porque o Vitória não tinha feito um bom campeonato, só que nós acreditámos sempre e acabámos por vencer».
V. Guimarães2 títulos oficiais1 | Taça de Portugal |
| 2012/13 |
1 | Supertaça Cândido de Oliveira |
| 1988 |
12 | Campeonato de Braga |
| 1933/34, 1936/37, 1937/38, 1938/39, 1939/40, 1940/41, 1941/42, 1942/43, 1943/44, 1944/45, 1945/46, 1946/47 |
4 | AF Braga Taça de Honra |
| 1978/79, 1981/82, 1982/83, 1983/84 |
1 | AF Braga Taça |
| 1964/65 |
Considerando-se «uma figura do clube», já que, «ao fim de tantos anos», ainda é «relembrado nestas ocasiões», o técnico acredita que Rui Vitória «também já é uma figura do Vitória de Guimarães, pelo que fez até agora».
A entrevista terminou com Geninho, por entre sorrisos e de forma afável, a despedir-se não ao zerozero.pt, mas aos portugueses em geral e aos vitorianos em particular: «Estou feliz por se terem lembrado de mim. Faço votos para que as coisas melhorem em Portugal e no Vitória, quem sabe se um dia não regressarei aí», rematou.