ricardocunha251 25-04-2024, 12:16
A caminho da quinta temporada consecutiva ao serviço do Benfica, Jorge Jesus admite que gostava de ter conquistado mais títulos do que aqueles que conseguiu até ao momento, mas garante que os encarnados estão mais próximos de conquistar a hegemonia do futebol português.
«Os sócios do Benfica e eu queremos mais títulos. Mas só se consegue ganhar títulos quando se tem uma equipa com a qualidade que o Benfica precisa. Recordo-me de ter dito no meu primeiro ano que iria colocar o Benfica a jogar o dobro e que íamos ser campeões. Agora o que digo é que quero que o Benfica tenha a mesma qualidade de jogo que teve no ano passado», começou por dizer Jorge Jesus, em entrevista à Benfica TV.
«No meu ponto de vista o melhor é sempre quem ganha e neste momento quem tem o título é o nosso rival. Não quero branquear isso. O que posso dizer aos adeptos é que, com o que tenho aprendido nestes quatro anos, o Benfica está próximo de conquistar a hegemonia do futebol nacional», continuou, dizendo que a equipa da próxima época tem a obrigação de ser mais forte.
«A equipa do Benfica tem a obrigação de estar mais forte na próxima porque é mais uma época de trabalho. Penso que o Benfica está no caminho certo de ganhar a hegemonia do futebol português e ganhar a hegemonia não é ganhar só um título, mas sim vários títulos».
O treinador do Benfica entende que a pressão para a próxima temporada não é maior porque na Luz o objetivo no começo de cada época passa sempre por conquistar o campeonato, algo a que já está habituado.
«Penso que não se coloca mais pressão este ano do que nos outros porque aqui há sempre a pressão de ganhar. Quando entrei no Benfica foi com a pressão de ser campeão e este ano volta a ser a mesma coisa. Estou preparado e habituado a conviver com isso», atirou, apesar de lembrar que a época passada não foi um fracasso.
«Face ao meu primeiro ano, eu e o Benfica não conseguimos conquistar os títulos que ambicionávamos mas ao longo destes quatro anos conseguimos resultados, conseguindo com isso recuperar o prestígio internacional e este ano o Benfica vai estar no pote 1 da Liga dos Campeões. Isso foi devido à conquista de resultados, não de uma taça», comentou.
«O preço do sucesso é que só perde quem chega ao momento das decisões. Disse na altura que o Benfica estava próximo de uma época de sonho e acabou por ser uma época de desilusão pelo facto de termos chegado onde chegámos e de não termos conquistado nada. Perdemos a Liga Europa mas essa jornada foi muito importante para o Benfica, de prestígio para o clube. Não ganhámos o título mas ganhámos outras coisas, como mostrar a paixão benfiquista em Amesterdão e o prestígio internacional porque o jogo foi transmitido para centenas de países».
Sobre o plantel da próxima época, Jorge Jesus admite que Matic é um jogador bastante importante no plantel do Benfica e que espera que o sérvio fique na Luz, embora considere que seja difícil tal acontecer. Além disso, garante que Djuricic não chega aos encarnados para ocupar a posição 10.
«O Djuricic e o Aimar são jogadores muito diferentes. O Aimar é um 10 e o Djuricic é mais um Saviola, uma espécie de segundo avançado. O Aimar era um talento, um jogador acima da média. Ele dizia-me que tinha pena de não ser tratado por mim quando tinha 24 anos», revelou Jorge Jesus.
«Não é fácil resolver-se a saída de um jogador com a qualidade do Matic. O ano passado passei por uma situação muito mais complicada, com a saída do Javi Garcia e do Witsel, e resolvemos. Mas se me perguntar se queria que o Matic ficasse, claro que queria, embora saiba que é difícil».
«Ato de Cardozo não tem justificação»
A situação que envolveu Jorge Jesus e Cardozo no relvado do Jamor após a final da Taça de Portugal também foi abordada pelo treinador dos encarnados, que confessou que não esperava que tal acontecesse. No entanto, agora o técnico deixou a porta da saída aberta ao jogador paraguaio.
«A atitude do Cardozo não tem justificação. O Cardozo teve um ato que não me passava pela cabeça, o descontrole emocional foi diretamente comigo mas, pior ainda, foi por causa de um colega. O treinador Jorge Jesus ajudou a criar um ativo que é o Cardozo e essa é uma questão disciplinar que terá uma resposta por parte do presidente», comentou.
O objetivo do Benfica passa por ganhar todas as competições em Portugal e ir o mais longe possível na Liga dos Campeões, sendo que o mínimo exigível é chegar aos oitavos-de-final. No entanto, num ano em que a final da Champions se vai disputar na Luz, Jorge Jesus pretende pensar na competição da UEFA jogo a jogo.
«Tenho de ser realista. Neste momento, o Benfica vai competir na Liga dos Campeões com equipas com um poder económico que faz a diferença. Enquanto o Real Madrid, o Barcelona, o Chelsea ou o Bayern Munchen têm orçamentos de 300 milhões de euros, em Portugal não há nada disso. Mas é aí que está o bom trabalho desenvolvido pelas equipas portuguesas e pelos seus presidentes porque quando jogámos lá fora batemo-nos de igual para igual com os nossos adversários. Na Champions queremos passar a fase de grupos e se lá chegarmos temos de pensar jogo a jogo».
«Nunca me passou trocar o Benfica por outro clube português»
Na entrevista ao canal de televisão dos encarnados, Jorge Jesus garantiu que nunca pensou em deixar o Benfica para rumar ao FC Porto ou a outro clube português.
O treinador das águias revelou que acredita no projeto pensado por Filipe Vieira para os encarnados e que por isso sempre quis honrar o compromisso com o clube e com o seu presidente.
«O Luís Filipe Vieira é um presidente que acreditou em mim quando não era muito conhecido e hoje o futebol mundial conhece-me. Devo isso ao Benfica. Acredito no projeto do Benfica, no projeto do presidente e acreditando neste projeto nunca me passou pela cabeça trocar o Benfica por outro clube português.
No entanto, Jorge Jesus acredita que um dia irá orientar um clube de fora de Portugal, tendo já tido uma proposta para trabalhar no Brasil.
«Se continuar a ter a visibilidade que atualmente sei que tenho, hei-de sair de Portugal. Houve um clube que me convidou para treinar fora de Portugal, foi do Brasil. Eu perguntei: 'porquê eu?' e responderam-me que no futebol é importante ganhar títulos mas que também é importante rentabilizar jogadores», comentou, lembrando os casos de Ramires, David Luiz, Fábio Coentrão, Witsel ou Javi Garcia.
«Mas o Benfica tem-me dado todas as condições de trabalho. Só tenho a agradecer porque este é um projeto no qual confio muito. Agora não me passa pela cabeça sair. Quero ser campeão nacional, falta o 33º título», continuou.Por fim, Jorge Jesus foi questionado sobre que jogador que faz parte da seleção portuguesa, à exceção de Cristiano Ronaldo, gostaria de contar no plantel do Benfica. A resposta foi pronta: Fábio Coentrão.
«Tirando o Cristiano Ronaldo, gostaria de contar com o Fábio Coentrão. É um jogador que já cá esteve e que todos os benfiquistas adoram. Andou pelo Zaragoza e soubemos aproveitá-lo. Hoje é o melhor lateral que temos em Portugal», assumiu, dizendo que considera difícil que a base da seleção portuguesa seja um clube nacional.
«Dificilmente o Benfica, ou outro clube português, vai conseguir ser a base da seleção nacional. Hoje uma equipa de futebol é uma empresa e os jogadores portugueses são muito cobiçados e vão muito cedo para o estrangeiro», analisou