Fim de espetáculo na 27ª jornada da Liga portuguesa. Restava a atuação do líder Benfica na ilha da Madeira, frente ao Marítimo, que terminou com mais um passo de dança encarnado rumo ao título. O Benfica ganhou por 2x1 e pode começar a preparar o salão de festas.
Benfica “entrega” o título à Luz
Na digressão à Madeira, o Benfica cumpriu com distinção um dos últimos ensaios gerais para o momento do título. Ainda que negado por Jorge Jesus, o Marítimo constituía o último grande teste à performance do líder antes de ficar com o 33º campeonato pronto a colher. Faltam seis pontos ao Benfica para o celebrar; seis pontos que deixam de depender do clássico do Dragão, onde por enquanto existe uma pré-reserva matemática para a festa de campeão.
Marcado a “vermelho” entre duas noites europeias na agenda da águia, o compromisso interno no “Caldeirão” dos Barreiros assumia aos olhos de benfiquistas e portistas uma espécie de fronteira sem regresso na questão da entrega do título nacional.
Uma entrada de sonho e uma parte de pesadelo
Jorge Jesus tinha entreaberto a porta a algumas surpresas maiores na Madeira; a prática confirmou-o em parte, sem que nisso se visse uma revolução. André Almeida foi lateral esquerdo na vez de Melgarejo, naquela que foi mesmo a única alteração de costumes. Cardozo começou no banco e viu Rodrigo fazer dupla com Lima; já Luisão regressou ao posto de «comandante» depois da ausência por lesão na Turquia. Do outro lado, Marakis foi o «trunfo» de Pedro Martins, que viu a sua equipa amarrar o líder às cordas na primeira parte.
Mas é na entrada de sonho para as águias que nos focamos por enquanto. Minuto cinco, Márcio Rozário entra com tudo sobre Lima e provoca grande penalidade – tão disparatada quanto desnecessária. Lima queixou-se do toque mas bateu tranquilo para uma vantagem tão madrugadora que tirou o Benfica do jogo. Tornou-se com o avançar dos minutos um absurdo ver a equipa de Jorge Jesus disposta sobre o relvado; apática, lenta e aborrecida.
Para lá da «oferta» de Márcio Rozário, o Benfica nunca mais chegou com perigo à baliza de Salin no primeiro tempo. Foi o Marítimo a ditar as leis, a comandar a partida e à procura de repor a verdade no marcador; verdade, essa, que ao intervalo podia – e devia – ter sido contada com a vantagem madeirense. Primeiro porque o livre de Márcio Rozário (7’) foi devolvido pelo poste, depois porque Igor Rossi cabeceou à figura de Artur (31’). O Marítimo fazia pela vida e o Benfica entregava-se à nulidade do seu jogo; e pagou – bem – por isso.
Já depois de Luisão ter desviado um remate de Sami que quase traía Artur (40’), Igor Rossi reapareceu na área encarnada com a cabeça – agora no lugar – para fazer o empate. Foi aos 42 minutos, num cruzamento da direita e ao segundo poste, em novo lance de total desorientação encarnada. Quem se esqueceu de Igor Rossi?
Com uma parte de atraso, lá chegou o Benfica ao jogo. De atitude renovada e futebol mais intenso, o Benfica esbarrou em nova vantagem na trapalhice de Rodrigo e nos ferros da baliza maritimista. Em 10 minutos, a águia produzia mais do que em toda a primeira parte, sempre com Lima na linha da frente do jogo encarnado. Aos 50’ serviu Rodrigo que, isolado, atirou fraco e ao lado; três minutos depois atirou à trave após assistência de Matic e aos 55’ voltou a perder o duelo com o ferro, num desvio ao primeiro poste.
A nova vida do Benfica só torna ainda mais inexplicável o apagão do primeiro tempo. Passou a haver mais Salvio, mais Lima – sempre o melhor – e coube a Ola John (muito apagado) sair para a inevitável entrada de Óscar Cardozo, aos 60 minutos. Pouco depois voltou a ser Lima a disparar, mas a bola bateu num defesa madeirense. Carregava o Benfica, mas continuava a faltar o essencial: o golo que devolvesse o título à distância de seis pontos.
Esse momento estava reservado para os 72 minutos, colocando – tal como na primeira parte – um pingo de justiça no jogo. Matic, que voltou a ser farol e âncora do futebol encarnado, lançou Salvio na direita, o argentino fintou e cruzou e Igor Rossi desviou de forma infeliz para a baliza de Salin, devolvendo a vantagem ao Benfica nos Barreiros. A partida acabaria assim, com uma vitória justa mas escrita por linhas tortas.
1-2 | ||
Igor Rossi 41' 72' (p.b.) | Lima 5' (g.p.) |