O Benfica saiu chamuscado do «Inferno» de Istambul, onde perdeu por 1x0, esta quinta-feira, na primeira mão das meias-finais da Liga Europa. A derrota pela margem mínima deixa as águias na corrida à final Amesterdão, mas é preciso outra face no... «Inferno» da Luz.
Do Benfica controlador ao Benfica sofredor foi um quarto de hora. À boa entrada encarnada, o Fenerbahçe respondeu com pressão e um estilo de jogo que fatigou a dupla de centrais da equipa portuguesa, onde Jardel nunca disfarçou o nervosismo. Com Baroni e Meireles a alimentar as bolas longas para Webó e Moussa Sow, o Benfica viveu uma noite de dor no Şükrü Saracoğlu.
Uma dor que podia ter sido evitada – ou pelo menos apaziguada – se Salvio tivesse conseguido fazer passar a bola por Demirel logo aos cinco minutos, depois de um passe de desmarcação de Óscar Cardozo. Antes da submissão ao jogo direto dos turcos, Pablo Aimar também podia ter aberto a mina de ouro em solo asiático, mas o remate do argentino saiu por cima, aos 12 minutos.
Inferno ameaçou cair sobre os diabos de Lisboa
Aos 17 minutos, Moussa Sow cruzou da direita e Pierre Webó desviou com perigo ao primeiro poste; no minuto seguinte seria Webó a fazer tremer o vulcão de Istambul, quando acertou em cheio na trave da baliza encarnada. O Benfica livrava-se do golo pela fortuna dos ferros, sina benfiquista nesta Liga Europa – foi assim frente ao Leverkusen e Newcastle, por exemplo.
Por esta altura percebia-se que Aimar tem talento mas já não tem ritmo para noites como esta – e saiu ao intervalo para entrar Gaitán - e André Gomes ainda vai nos primeiros degraus de uma evolução que promete, mas compromete nesta fase; sobrava, por isso, Matic, irrepreensível como sempre mas insuficiente perante três “turcos” a entrarem-lhe pelo raio de ação.
As lágrimas de Cristian
Adivinhava-se o golo do Fenerbahçe, que devia ter chegado pela mão da justiça no segundo minuto de compensação da primeira parte. Ola John derrubou Gönül na área, fez grande penalidade e viu o cartão amarelo que o tira do encontro da segunda mão. Cristian Baroni assumiu o peso da responsabilidade e… falhou. A bola esbarrou no poste direito da baliza de Artur e abriu a torneira das lágrimas no médio brasileiro.
Benfica desastroso tocado pela sorte
Se há coisa que o Benfica tem feito na Liga Europa é usar e abusar dos deuses da fortuna; não há forma mais terrena para descrever tantas bolas devolvidas pelos ferros ronda após ronda, como esta noite em Istambul. Às duas da primeira parte, Kuyt juntou mais uma aos 51 minutos, com a bola a regressar às mãos de Artur; Artur que antes já tinha negado golos a Cristian e Meireles em remates de meia distância mas de perigo acrescido. Por falar em ferros, há um que para contrariar a tendência tirou a sorte ao Benfica, aos 54 minutos, quando Nico Gaitán atirou em jeito à baliza de Demirel.
Mas nisto de se gozar com a sorte acaba por chegar o momento da condenação. O Benfica submeteu-se ao inferno com a afronta de um deus mas não resistiu à força da pressão turca. Minuto 71, canto – mal assinalado – que Melgarejo cortou disparatadamente em direção a Artur; Korkmaz reagiu com a cabeça e pressionou a bola para lá da linha de um golo mais do que merecido.
O resultado ficou-se pelo mal menor para as águias, que apesar da desvantagem de um golo deixam para a Luz a decisão da eliminatória. E pelo jogo de hoje, a coisa podia ter corrido muito pior.
1-0 | ||
Egemen Korkmaz 72' |