O Benfica despede-se da Liga dos Campeões em Londres, no adeus aos quartos-de-final. O Chelsea venceu por 2x1, o Benfica jogou com dez mais de meia parte mas levou a decisão final até ao cair do pano. Houve coragem.
Benfica domina em casa alheia
Que o Benfica entrou em Stamford Bridge «traído» pelas lesões de quatro defesas centrais e com uma dupla inédita e improvável - Emerson e Javi García - pode muito bem ter passado despercebido a quem olhava o encontro. A águia aterrou em Londres de peito feito, com a coragem que leva noites históricas da utopia à realidade. Não percebe? Eis a história de uma eliminação tudo menos que anunciada.
O primeiro quarto de hora foi (todo) do Benfica. Assim, praticamente sem Chelsea pelo meio. Aimar, Gaitán, Bruno César e Witsel levaram o 'onze' blue à sensação de vertigens com trocas de bola seguras e verticais que, no entanto, acabavam por esbarrar no muro defensivo dos londrinos. Tecnicamente o Benfica era «Rei» em terras de Sua Majestade e a esperança em cumprimentar o FC Barcelona nas «meias» crescia naturalmente.
Aquele braço de Javi García...
O Chelsea estava em sentido e até à vantagem só David Luiz assustou mas Capdevila fez valer a experiência e a... coragem para evitar que o remate do brasileiro levasse perigo até Artur. Perigo que virou golo aos 20 minutos depois de Javi García usar o braço no duelo com Ashley Cole. O árbitro, Skomina - caseiro q.b. - achou por bem marcar grande penalidade e Lampard não falhou. Era a velha questão da justiça, que no futebol nem sempre é o valor mais alto.
Ainda assim o Benfica não abanou, como nunca e em qualquer momento do encontro, e Cardozo liderou a revolta de uma águia que olhava o favorito de frente. Aos 26' o remate ainda saiu por cima mas aos 30' já foi John Terry a valer aos blues. O remate do paraguaio, num lance em tudo semelhante ao da primeira mão, levava o destino da felicidade encarnada que foi travada pelo internacional inglês em cima da linha.
Maxi já devia saber a consequência...
Mas a primeira parte em Stamford Bridge viveu de dois atos decisivos, mortais à qualidade futebolística que o Benfica apresentou. Minuto 40, Maxi Pereira, hoje capitão, já carregava um amarelo. A entrada foi imprudente e o segundo era a consequência lógica, num encontro em que Skomina desde cedo amarelou com leveza os vermelhos. O Benfica ficava com dez e de difícil passou a quase impossível.
Para o que restava de Benfica na Liga dos Campeões de 2011/2012 pouco mais havia a perder e o vice-campeão português mostrou com dez o que já tinha feito com onze. Aos 48 minutos, Cardozo levou Petr Cech a voar para a defesa da noite e logo depois foi Aimar a iludir as almas benfiquistas com um remate à rede... lateral. Respondeu o Chelsea a triplicar, primeiro por Kalou, depois por Torres e Mata. O 2x0 esteve perto, mas Artur mostrou-se atento.
Javi García acendeu a esperança
A partida ganhou, então, essa imagem, com um Benfica dividido entre o orgulho e Alvalade. Cardozo e Gaitán foram os primeiros a sair com vista ao dérbi - Nélson Oliveira e Yannick entraram - e o Chelsea passou a ter mais espaço no setor defensivo da equipa encarnada, enquanto Yannick manteve o registo da equipa na frente, ameaçando sempre que possível, como aos 65' e aos 75'. Bruno César seria o terceiro a descansar para segunda-feira.
Mas os últimos minutos deram ao Benfica o que mereceu durante todo jogo. Acreditar que era possível. Porque aos 85 minutos, Javi García fez o empate, lá no alto, de cabeça na sequência de um canto. Stamford Bridge virou o Estádio da Luz e os dez vermelhos levaram os azuis à beira de um colapso, salvo por Raúl Meireles aos 93 minutos, com o 2x1, num lance de contra ataque puro. Fim de história.
A noite conta-se com forte apoio benfiquista nas bancadas de Stamford Bridge, numa daquelas histórias que terminam com aplausos que vão para além da(s) derrota(s). O Benfica perdeu os dois jogos com o Chelsea numa eliminatória em que mostrou ser capaz, sempre. Mas também ficou a sensação que estas andanças tardias em provas tão importantes ainda não é terreno para equipas de países marginais. É pena.
2-1 | ||
Frank Lampard 21' (g.p.) Raul Meireles 90' | Javi García 85' |