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    zerozero esteve à conversa com o lateral português

    Cédric Soares: «Enche-me de orgulho continuar na Premier League ao final de tantos anos»

    O zerozero esteve presente em Londres para acompanhar o duelo entre o Arsenal e o Sporting (1-1), mas não se ficou por aqui e aproveitou a oportunidade para se deslocar à outra ponta de Londres, mais propriamente ao centro de treinos do Fulham, em Motspur Park, para encontrar uma cara bem conhecida do futebol português e da Premier League.

    Aí, sentámo-nos à conversa com Cédric Soares, lateral português de 31 anos, que conta com várias internacionalizações e um Europeu e uma Liga das Nações no palmarés. O defesa abordou a mudança do Arsenal para o Fulham, a estadia na Premier League, os compatriotas Marco Silva e João Palhinha, mas não esqueceu a seleção nacional e ainda o «seu» Sporting.

    Cédric recebeu-nos no centro de treinos do Fulham @Ricardo Miguel Gonçalves - zerozero

    Zerozero (ZZ): São já oito anos em Inglaterra, com uma paragem em Milão pelo meio. O que tens achado do país e da Premier League?

    Cédric Soares (CS): A Premier League é de facto tudo muito bom. É uma liga muito competitiva. É a melhor liga do mundo, com muito investimento também. Todas as equipas competem todas as semanas pela vitória e por isso é que vemos tantas vezes as equipas grandes a perder pontos com as mais pequenas. Tem sido uma experiência única. Sinto-me completamente adaptado. É uma liga que conheço muito bem e gosto bastante.

    Cédric Soares
    Arsenal
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    ZZ: Foram quatro anos no Arsenal. Acabas por sair numa era de renovação do plantel, quando eras o mais velho. Foi vontade tua, do clube ou de ambos?

    CS: Antigamente havia uns quantos, com o Aubameyang, Willian,...Entrei numa fase em que o clube estava em mudança. Sabia das intenções do Mikel [Arteta] e do clube. A minha contratação vem nesse aspeto, em que tinha que se mudar um pouco a dinâmica. Lembro-me de falar com o Mikel e ele ter-me dito que vinha com uma intensidade diferente do plantel e queria que implementasse isso nos treinos e nos jogos. Acho que mudou bastante desde o meu primeiro ano até agora. Era o jogador mais velho, por uma questão de meses, mas era...

    ZZ: Dá estatuto...

    CS: Sim, dá estatuto, mas ao fim ao cabo mostra o quão nova é a equipa. Aqui não estou nem no top-5 dos mais velhos. A equipa era, de facto, muito jovem, mas com muita qualidade e tem-se notado e visto. Houve uma mudança, mas sem dúvida para melhor.

    ZZ: E a saída?

    Lateral tem contrato com o Arsenal @Getty /
    CS: Foi uma decisão mais minha. O Arsenal não tinha intenção que eu saísse neste momento. O ano passado acabei por jogar bastante e estar bastante envolvido. Fiz, mais ou menos, 60% dos jogos. Foi uma época positiva para mim. Este ano diferente. Claro que jogar num clube grande é importante, mas para nós jogadores, queremos estar envolvidos e era importante para mim jogar. Sinto-me bastante respeitado no Arsenal, é um clube que me conhece bastante bem, como jogador e pessoa, e sinto bastante carinho, tanto da equipa técnica, como dos jogadores. Mas às vezes tem que ser e tinha que sair nesta fase para encontrar mais tempo de jogo. Por isso saí por empréstimo nesta fase

    ZZ: Reencontras o Marco Silva, depois dos tempos no Sporting. Que papel teve ele nesta mudança?

    CS: Foi uma pessoa importante. Eu não queria sair por sair. Queria sair para um sítio onde houvesse esse desejo do treinador e do clube e pudesse vir para ajudar a competir e melhorar o nível da posição. Foi isso que vim para aqui fazer. Ajudar, competir pela posição e jogar mais. Houve esse desejo do mister e foi importante para mim. É importante para o jogador sentir essa confiança da parte do treinador. Em relação ao mister, é uma pessoa que conheço, conheço os métodos de trabalho e foi muito importante em todo o processo.

    ZZ: E o que achas do Marco como treinador? Tem surpreendido o sucesso esta época?

    Zerozero em Motspur Park @Ricardo Miguel Gonçalves - zerozero
    CS: É muito bom. Não me surpreendeu, porque já tinha trabalhado com ele em Portugal. Claro que é uma pessoa mais capaz ainda agora, é um treinador com mais maturidade, mas já tinha muita qualidade no Sporting. É um treinador com detalhe, que sabe o que está a fazer, com uma ideia clara tática. Já tem essa experiência de gestão de grupo muito boa e não me surpreende o trabalho que tem feito. De facto, o Fulham tem feito uma excelente época e isso deve-se muito, claro, à qualidade da equipa, mas também muito à equipa técnica.

    ZZ: Divides o balneário com outro compatriota, que também tem impressionado. Como é jogar com o João Palhinha? Merece todo o reconhecimento que lhe está a ser dado?

    CS: É um jogador com qualidade. Cheguei a treinar com ele no Sporting, numa fase muito inicial. É um jogador com um poder de desarme incrível, com uma chegada incrível. É muito importante para o Fulham, mas para qualquer equipa. Não me surpreende o sucesso. É bom profissional, é bom colega . Se continuar a fazer o caminho excelente que está a fazer, tenho a certeza que vai ter um futuro risonho aqui na Premier League.

    ZZ: O que espera o futuro do Cédric a nível desportivo? Queres continuar em Inglaterra?

    CS: É difícil responder. Tenho contrato com o Arsenal. Depois disto vou voltar. Depende de como a época vai correr nestes meses finais. Ver o que se vai fazer. Não sei quais são os objetivos do Arsenal e até os meus. Não quero estar a dizer uma coisa e depois não acontecer. A Premier League é uma liga que conheço muito bem e sinto-me adaptado. Londres é uma cidade que também conheço bastante bem e que a minha família gosta. Nesse aspeto estou tranquilo.

    ZZ: Um regresso a Portugal é opção ou está fora da equação?

    CS: Acho que sim. É uma liga que tem vindo a crescer, com muita qualidade. Mais do que as pessoas por vezes cá fora têm ideia. Eu consigo acompanhar e vejo bastantes jogos da Liga Portuguesa. Por isso, um dia voltar a casa, estar perto da família e continuar a fazer o que gostamos de fazer é gratificante. Quem sabe? Não tenho a certeza absoluta, mas a liga portuguesa não deixa de ter algum peso na minha carreira e talvez um dia regressarei.

    Lateral esteve vários anos no Sporting @Catarina Morais
    ZZ: Olhando para o Sporting, até porque têm sido tema por estes dias aqui em Londres, é um clube que bem conheces. Foram muitos anos na formação e sais definitivamente em 2015. Muito se passou entretanto, mas o que achas que mais mudou no Sporting desde aí até agora?

    CS: O Sporting é uma equipa que respeito muito, que me deu tanto, acompanho bastante de perto por vários motivos. Tenho pessoas no Sporting com quem gosto muito de trabalhar. Desejo sempre o melhor ao Sporting. Houve um período em que se afastou da ideia do meu Sporting, quando estive lá, e aos poucos vai-se aproximando. Está mais próximo de ser o Sporting que aposta na formação. Claro que não pode ser só apostar na formação. Tem que ter uma base forte na equipa sénior, mas voltou a ser o Sporting mais dos meus tempos. Nesse aspeto, é algo positivo. Tem vindo a crescer nos últimos anos. Fez um excelente trabalho quando foi campeão, claro, mas mesmo nas últimas duas épocas tem sido uma equipa competitiva, com excelente futebol. Claro que nem sempre corre tudo como desejariam. É uma equipa talvez com alguma mudança, com algumas vendas e isso interfere no grupo, é normal. É a realidade, o Sporting tem que formar e vender. Quanto melhor fizermos esta base para os jogadores da formação se inserem na equipa sénior, melhor. O Sporting tem feito um bom trabalho nisso. O Rúben [Amorim] tem muito mérito nisso, o presidente também. É de louvar o que têm feito, que nem sempre é fácil com a exigência dos adeptos, que é muito alta. Perceber a realidade e que por vezes vai haver momentos menos bons, mas que passem rápido.

    Cédric foi campeão europeu em 2016 @Global Imagens / Gerardo Santos

    ZZ: Contas já com 34 internacionalizações e és um dos nossos heróis nacionais que contribuiu para sermos campeões europeus em 2016, mas não és chamado desde 2021. A luta por um lugar, com o Dalot e o Cancelo em crescendo, tem sido intensa?

    CS: Aí discordo um pouco. Sempre existiu muita concorrência. Quando eu cheguei, havia um Bosingwa na minha posição. Não deixa de ser um jogador com grande estatuto e muita qualidade. A seleção não deixa de fazer parte da minha vida, sempre foi muito importante. Tive o privilégio de fazer parte desse grupo. Estive no Mundial, no Europe, na Taça das Confederações e mais algumas qualificações. Mas, a seleção não deixa de ser um objetivo. Faz parte. É algo que vem com naturalidade. O trabalho no clube não deixa de ser importante e é nele que estou focado diariamente, para poder então voltar à seleção. Mas não é algo que acorde de manhã e seja o meu foco. O trabalho no clube é o caminho para atingir a seleção de uma forma natural. Não estou preocupado com a concorrência. Isso faz parte e é normal haver mais do que uma opção para cada posição. Ainda bem que assim o é. É continuar a trabalhar e deixar essa missão para o selecionador.

    ZZ: Surpreendeu-te a saída do Fernando Santos?

    Fez três partidas pelo Fulham @Ricardo Miguel Gonçalves - zerozero
    CS: O mister fez um excelente trabalho à frente da seleção. Cumpriu sempre a maioria dos objetivos, nunca ficou fora de uma grande competição. O futebol tem sido cada vez mais competitivo e ele sempre, com maior ou menor dificuldade, conseguiu sempre qualificar-se para as grandes competições. Ganho um título muito importante, o Europeu. Tem ainda a Liga das Nações. Ao fim ao cabo, fez um excelente trabalho. Claro que, se calhar, o presidente da FPF entendeu que seria importante uma mudança. Eram muitos anos com o mister como selecionador nacional. Ao fim ao cabo, acho que foi uma saída com um agradecimento muito grande ao Fernando Santos. Foi essa a imagem que senti que passou. O presidente sente-se muito agradecido pelo trabalho realizado. Bons momentos, maus momentos, que também fazem parte, mas acabou por ser muito mais positivo do que negativo.

    ZZ: O que achaste da recente nomeação do Roberto Martínez?

    CS: Não estou na cabeça do presidente [risos], não sei quais foram os critérios. Mas é um treinador com experiência de seleção, que é muito importante, porque seleção é diferente de clube. É sem dúvida um treinador com ideias táticas diferentes do Fernando Santos. Não conheço, mas tenho a certeza que vai fazer um bom trabalho.

    ZZ: Aos 31 anos, ainda veremos certamente muito do Cédric Soares no futuro. Mas para ti, a nível pessoal, o que é que ainda queres conquistar?

    CS: Não penso muito no final da carreira, porque ainda sou jovem e tenho uns bons anos a dar ao futebol. Não sei o futuro, mas gostava, talvez, de ter uma experiência em mais ligas...

    ZZ: Alguma preferência?

    CS: Uma das grandes ligas. Não estive em algumas. Estive na italiana, inglesa e portuguesa, mas não estive na espanhola e alemã. Não quero estar a dizer e depois não fazer. É difícil, porque não sei o que o futuro dirá e pode ser um futuro próximo ou mais distante. Mas neste momento estou bem. Estou feliz. Estou na Premier League. Estou contente por continuar na Premier League ao final de tantos anos. Não é fácil, porque a liga é muito exigente e isso enche-me um pouco de orgulho nesse aspeto. Com menos ou maior esforço, com melhor ou pior época, mas estou cá e continuo a fazer o meu melhor todos os dias para ajudar a equipa que represento a ter melhores resultados.

    Portugal
    Cédric Soares
    NomeCédric Ricardo Alves Soares
    Nascimento/Idade1991-08-31(32 anos)
    Nacionalidade
    Portugal
    Portugal
    Dupla Nacionalidade
    Alemanha
    Alemanha
    PosiçãoDefesa (Defesa Direito)

    Fotografias(100)

    Comentários

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    motivo:
    Indargorri
    2023-03-20 15h08m por kurionsesh
    se tu ficavas ofendido com uma coisa dessas acredita que o problema não é do que o Cedric disse
    DoctorDrew
    2023-03-20 01h49m por Indargorri
    Primeiro não fazes ideia de quanto eu ganho, por isso cala-te. Posso-te dar uma pista: não vivo em Portugal e já lá vão mais de vinte anos, portanto só isso já é qb para não me confudires contigo e com a tua turminha. Depois, a história do Osasuna é o que é, um clube pequeno, mas que representa uma região inteira: Navarra. O Southampton confunde-se com os Portsmouths ou os Bournemouths desta vida, e nem chega aos calcanhares dos seus vizinhos do Brighton. Já agora não estou "atrás de u...ler comentário completo »
    Zerozero. pt
    2023-03-19 23h48m por UK-SPORTING10
    Gosto muito das entrevistas que fazem aos misters e aos jogadores, independente de que clube sejam! Continuem com o bom trabalho!!

    Quanto ao Cédric, é um lateral certinho que um dia mais tarde ou mais cedo voltará ao futebol Português, espero eu!! 💚⚪
    Indargorri
    2023-03-19 22h37m por DoctorDrew
    Não tens moral nenhuma para falar quando o teu clube que apoias, o Osasuna, tem menos história que o Southampton. A diferença entre ti e o Cédric, é que ele joga onde quer, ganha aquilo que ele quer e tu estás atrás de um ecrã a chamar pesetero a alguém que já ganhou num mês aquilo que tu nunca irás ganhar na tua vida. Por vezes, pensar antes de falar faz bem, e talvez teria sido benéfico para ti teres feito isso desta vez.
    kurionsesh
    2023-03-19 22h15m por Indargorri
    Ui o Southamptom tem cá uma "história". . . uma FA Cup, fim. Clubes centenários na Inglaterra são quase todos
    Indargorri
    2023-03-19 20h43m por kurionsesh
    e qual é o problema dele ter dito isso? querias que ele dissesse o que, alem de que nao mentiu
    MO
    Boa Cedric
    2023-03-19 17h32m por Motamaral
    Tomara muitos
    Hilariante
    2023-03-19 14h26m por Indargorri
    Ainda me lembro quando ele foi do Sporting para o Southampton, e chegou lá e disse que tinha vindo para um clube "cheio de história" ah ah ah ah ah
    Como é que se diz "pesetero" em inglês? "Pound hound"? 😃
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