Os três galos que pularam a cerca

O jovem extremo espanhol respondeu afirmativamente ao voto de confiança de Ivo Vieira e aproveitou a titularidade para mostrar alguns dos seus predicados: espontâneo, tecnicista e imprevisível, o ex-Málaga dinamitou por completo o flanco direito da defesa do Riga. Fez o golo da tranquilidade gilista (segundo) e deixou excelentes indicações aos adeptos barcelense, assim como a Ivo Vieira.

Pode parecer exagerado o guarda-redes gilista constar neste lugar, mas o brasileiro foi determinante para o Gil Vicente não entrar em falso na partida. Duas defesas de grande nível ainda no primeiro quarto de hora e uma atenção gélida ao longo do restante tempo de jogo. No final ainda evitou um golo que parecia certo.

O avançado espanhol até nem teve uma entrada de sonho na partida, fruto da marcação dos centrais letões, mas com o tempo foi acrescentando as típicas linhas de passe e deu-se mais ao jogo. Oportuno como é seu apanágio, abriu a conta pessoal perto do intervalo, depois de uma asneira de Ngonda, fechando as contas com o golo de grande penalidade. Saiu debaixo de uma ovação monumental e trouxe flashbacks de exibições passadas aos adeptos gilistas.

Ladeado por Pedro Tiba na parte mais recuada do miolo, Vítor Carvalho primou pela omnipresença com que apareceu em todas as zonas do relvado. Responsável pela fase inicial de construção do jogo gilista, sofreu como o resto da equipa com os sustos criados pelo Riga, mas rapidamente assumiu o nível que lhe é reconhecido. Raro foi o passe que falhou, conferindo a segurança necessária para balancear o Gil Vicente para o ataque.

Entrou no decorrer da segunda parte e foi um acréscimo de qualidade a uma partida em linha descendente a nível de objetividade. Partiu os rins a Ngonda e arquitetou a grande penalidade convertida por Navarro com excelentes índices de repentismo. Uma aposta ganha por Ivo Veira.

Foi o elemento de mais desequilibrador do Riga, a par de Douglas Aurélio e foi a partir dos seus pés, que saíram as principais jogadas de perigo do Riga. Deixou Carraça de olhos trocados com a sua imprevisibilidade, deixando uma boa imagem de si mesmo. Parece um jogador à parte para a realidade da formação letã.

Passou mal na primeira parte com Gabriel Ramos pela frente e saiu amarelado ao intervalo. Nunca estancou o perigo pelo lado direito da defesa, estando ligado à inconsistência inicial da equipa de Ivo Vieira, embora se tenha notado alguma falta de ritmo.

O lateral esquerdo do Riga não foi o único culpado pela pesada derrota da formação letã, mas está ligado de forma direta a três do tentos gilistas: teve a infelicidade de fazer autogolo, ofereceu o terceiro da partida a Navarro e fechou as notas negativas com a falta sobre Boubacar Hanne, que deu origem à grande penalidade.