Chegando ao Estádio da Luz rapidamente se percebeu que o clima era de festa e que os sócios e simpatizantes do Benfica tinham ultrapassado a onda de calor que se fazia sentir em Lisboa - e o facto de ser domingo à tarde - para presenciar, pela primeira vez, o «novo» Benfica de Roger Schmidt.
Ainda o relógio não marcava as 17 horas - hora prevista para o início do treino - e já o primeiro anel do Estádio da Luz estava praticamente lotado. Era difícil encontrar cadeiras vazias - tornando também difícil a missão de ver a substituição de cadeiras que tem vindo a ser feita na Luz - e o clima era de festa. Entre cânticos, o primeiro aplauso da tarde surgiu aquando da primeira vez que equipa técnica e plantel pisaram o relvado.
Veja também: Mais de 23 mil, as opiniões sobre Schmidt e a exigência encarnada: «Este ano vamos conquistar a Liga»
28 jogadores entraram com a nova equipa técnica de Roger Schmidt, que pela primeira vez teve um pequeno vislumbre do «Inferno da Luz», sendo que os únicos ausentes, como vem sendo habitual neste arranque dos trabalhos, foram os internacionais e Lucas Veríssimo, ainda a fazer recuperação da lesão contraída na época passada. Nota para a proximidade entre Javi García e Luisão e entre estes e os jogadores.
Face à ocasião «especial» em que nos encontrávamos, o treino foi um pouco diferente do habitual, menos tático. Depois da vénia aos adeptos, os jogadores realizaram os habituais exercícios de aquecimento, prosseguindo para os meinhos (ou rabias, como lhes preferir chamar), onde já era possível ver as «divisões» entre grupos do plantel. Com uma maior descontração e alguns túneis (ou cuecas) pelo meio, os mais jovens juntaram-se num canto, os mais experientes noutro grupo e os reforços e alguns regressados noutro. Enquanto isto, os três guarda-redes - Samuel Soares, Helton Leite e André Gomes - aqueciam à parte.
Uma das equipas foi praticamente inalterada ao longo do jogo, dando a entender que esta é, para já, a que está mais próxima de ser a titular nos primeiros jogos. Era composta, de início, por Helton Leite, Gilberto, António Silva, Morato, Grimaldo, Weigl, João Mário, Florentino Luís, Rafa, Henrique Araújo e David Neres. Do outro lado começou Samuel Soares, Bah, André Almeida, Tomás Araújo, Gil Dias, Meité, Paulo Bernardo, Diogo Gonçalves, Tiago Gouveia, Chiquinho e Musa. Os jovens André Gomes, Diego Moreira e Martim Neto, o reforço Ristic e os experientes Pizzi e Rodrigo Pinho começaram de fora.
A partir daqui, foi uma questão de perceber e ver as primeiras ideias de Roger Schmidt. A prioridade foi, ao longo de todo o jogo, a saída a jogar curto, embora muitas vezes isso tenha dado em erros e perdas de bola em zona proibida face ao baixo ritmo competitivo e falta de entrosamento entre alguns jogadores. Notou-se ainda pouco trabalho ao nível de jogadas coletivas, mas alguns jogadores com vontade de mostrar serviço, embora quase sempre em jogadas individuais. A nível físico e de predisposição, Gilberto - o melhor neste aspeto -, Florentino Luís, Bah e Diego Moreira pareciam estar um nível acima dos restantes.
O primeiro grito de golo na Luz não tardou e chegou ainda na 1ª parte, com Henrique Araújo a encostar num lance onde Rafa deixou nítidas as dificuldades físicas que o «central» André Almeida tem. A partir daqui, a equipa «titular» esteve noutro ritmo, também derivado do facto de ser a que menos rodou. Neres foi entusiasmando os adeptos com um par de dribles, mas foi João Mário quem se destacou. O internacional português surgiu mais perto do ataque do que era habitual, ganhou e converteu uma grande penalidade na 2ª parte e pouco depois fez o 3-0 numa bela jogada de entendimento da ala direita, onde surgiu nas costas dos centrais, tirou o jovem André Gomes do caminho e encostou para nova festa.
A equipa vestida de negro foi quem mais rodou e os jovens procuraram ganhar o seu espaço - com destaque para o eletrizante Diego Moreira, que ainda ajudou muito na defesa -, assim como jogadores cuja saída pode estar próxima, como Pizzi ou Chiquinho - um dos melhores a nível coletivo. Contudo, houve um pormenor que saltou à vista: Grimaldo foi constantemente assobiado por alguns adeptos, numa altura em que muito se fala da sua saída.
O jovem António Silva ainda fez o 4-0 num primeiro vislumbre de uma jogada estudada de canto e os adeptos foram festejando e cantando, como fizeram ao longo da maioria da tarde. No final, os 23470 adeptos presentes pediram «apenas» uma coisa ao «novo» Benfica de Roger Schmidt - que pareceu deliciado com o primeiro desenho das bancadas da Luz -, o 38º campeonato.