Se a palavra “Boulevard” desperta a língua francesa, o nome “The Kop” aquece o coração de qualquer adepto do Liverpool. Um e outro coexistem no norte de Paris. Como? A Boulevard Ney 123 é a morada do bar com o nome da mítica bancada de Anfield. Não muito longe de Montmartre, o “centro” boémio da capital francesa, celebra-se o amor pelos reds à boa maneira inglesa e… boémia.
É impossível falhá-lo, ao “The Kop”. A equipa de reportagem do zerozero descobriu-o em pesquisas prévias à viagem até Paris, a propósito da final da Liga dos Campeões, mas bastou subir o lanço de escadas do metropolitano para, à distância, ouvir-lhe a voz; as vozes. Tão próprias, tão sinfónicas como só o futebol britânico sabe ser. Não tardou e ao som juntou-se a imagem do bastião red em plena boulevard.
Referências. Tantas referências. De Shankly ao ídolo alemão do “Rock & Roll”, a “You’ll Never Walk Alone” em letra e imagem numa das paredes, os cachecóis com cheiro a história e muitas vitórias. O “The Kop” é Anfield em plena cidade-luz. A equipa do zerozero procurou pontos de contacto, ainda que o mar (de gente), para além da maré cheia, estivesse agitado. Não foi fácil, para não dizer que foi impossível.
A tentativa de mergulhar no “porquê” deste local tão idiossincrático em solo dominado por Mbappé, Neymar e Messi tornou-se hercúlea. Os dois funcionários, aqueles que nos poderiam contar sobre o “The Kop”, não pararam um segundo. Copos atrás de copos, garrafa atrás de garrafa, os irredutíveis adeptos do Liverpool não deram tréguas.
Tentámos: “Há quantos anos é que o bar existe?”. “Desde 2019”. Foi a única coisa que conseguimos resgatar a um dos incansáveis. Até online, as referências à história do bastião red de Paris são praticamente nulas. É quase místico, como se o “The Kop” francês não existisse por si, mas como parte de Anfield e do Liverpool.
De repente, um jovem – na casa dos 12, 13 anos – emergiu do vermelho com um boné… azul. Azul do Porto. Do FC Porto. Sentou-se à janela, mesmo por baixo da placa: “Anfield Road”. Ao zerozero, contou que o boné é uma recordação da visita à Invicta aquando do jogo com os dragões. “Também tem um do Benfica”, diz-nos o pai. “E gostaste de ir a Portugal?” “Claro, ganhámos”, atirou o miúdo. Sobre Diogo Jota, uma só palavra: “Boss.”
E foi com Diogo Jota que nos despedimos do local. À câmara do zerozero, ainda que já abraçados pelo espírito boémio (if you not what I mean…), alguns adeptos do clube inglês cantaram: «Oh, he wears the number 20, he will take us to Victory. (…) He’s a lad from Portugal, better than Figo don't you know (…).
0-1 | ||
Vinícius Júnior 59' |