Falar da final da Taça de Portugal e não falar do o "velhinho" Estádio Nacional do Jamor é quase impossível. Nos últimos dois anos, no entanto, as duas partes têm estado afastadas, mas voltam a encontrar-se em 2021/22, para o duelo entre FC Porto e Tondela.
Pode-se dizer que é já uma tradição pintar o Jamor para a finalíssima da Prova Rainha do futebol português, mas a verdade é que, ao longo da história, nas suas 82 edições, foram várias já as vezes em que este histórico recinto não pôde receber este jogo em específico.
Nos anos mais recentes, esse «afastamento» deveu-se às condições do próprio estádio e do relvado - este ano o mesmo já apresentou melhorias nesses dois pontos -, mas nem sempre foi esse o motivo para que a finalíssima não se disputasse aí. Aliás, inicialmente, o Jamor não era a casa da Taça, como hoje é conhecido.
A Taça de Portugal foi criada em 1938/39, altura em que substituiu o extinto Campeonato de Portugal - primeira competição oficial de futebol de caráter nacional - e mantendo o mesmo sistema de eliminatórias e troféu.
A primeira edição - que foi conquistada pela Académica, ao bater o Benfica por 4x3 - disputou-se no Campo das Salésias, localizado na Ajuda, que hoje está entregue ao Belenenses e é casa da Escola de Futebol Belenenses /EFB Footevolution, mas logo no ano seguinte a casa foi outra, no entretanto demolido Estádio de Lisboa, no Lumiar (nesse ano o Benfica venceu o Belenenses por 3x1).
Nas duas temporadas seguintes, estes dois estádios voltaram a receber uma edição da final da Taça de Portugal cada, mas depois seguiram-se três temporadas onde o Campo das Salésias foi a casa da Prova Rainha do futebol português.
Em 1944, o Estádio Nacional do Jamor foi inaugurado e a partir daí começou a sua ligação à final da Taça e a tradição nasceu. No total, foram 25 anos seguidos no Jamor, até que começaram a aparecer as primeiras exceções.
A época de 1960/61 marcou a primeira, além dos primeiros anos, em que a final da Taça de Portugal se disputou longe do seu amigo Jamor. Nesse ano, os dois finalistas eram o FC Porto e o Leixões (a turma de Matosinhos venceu por 2x0), duas equipas do Norte, e para evitar que ambas se tivessem que deslocar mais de 300 quilómetros para disputar um jogo, os dragões pediram à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que o encontro se disputasse na sua casa, o Estádio das Antas.
Em 1975, a FPF determinou que a final da Taça de Portugal seria, a partir daí, disputada na casa do vencedor da edição passada, o que levou que na época de 1974/75 a final entre Boavista e Benfica (2x1) se disputasse no Estádio de Alvalade, uma vez que na temporada anterior o Sporting havia batido esse mesmo Benfica na final (2x1).
Esta regra da FPF manteve-se durante mais duas temporadas, mas com uma peculiaridade. Após a vitória do Boavista, era suposto que a final da próxima edição se disputasse no Estádio do Bessa, mas a Federação considerou que a casa dos axadrezados era demasiado pequena para receber esse jogo e acabou por ser novamente o Estádio das Antas a recebê-lo.
Nessa época, 1975/76, o Boavista voltou a vencer a Taça de Portugal (2x1 frente ao Vitória SC) e a FPF manteve o critério em relação ao Bessa, pelo que o Estádio das Antas voltou a receber a final, desta vez de 1976/77, mas desta vez com o FC Porto a ter a oportunidade de jogar e vencer (1x0 frente ao SC Braga).
A FPF desistiu dessa regra durante cinco anos, mas no início da temporada 1982/83 decidiu que seria a Associação de Futebol do Porto a organizar a final da Taça de Portugal desse ano. Inicialmente, essa decisão não causou grande confusão, mas, mais tarde, em maio, começaram as críticas, quando se ficou a saber que a final seria disputada entre o FC Porto e o Benfica.
O FC Porto organizou uma Assembleia-Geral, para dar força ao seu protesto e a FPF reuniu o Conselho de Justiça a 1 de julho, optando por adiar a final por tempo indefinido. Liderado pelo sueco Sven-Göran Eriksson, o Benfica acabou por aceitar jogar nas Antas, a 21 de agosto, e venceria mesmo o jogo por 0x1.
Em 2019/20, a FPF tomou a decisão de retirar a final da Taça de Portugal do Jamor, por considerar que o Estádio não garantia as condições de segurança necessárias face à pandemia de covid-19 que se espalhava cada vez mais, um pouco por todo o mundo, um cenário que se repetiu na época seguinte, em 2020/21, afastando a final da Taça do Jamor por duas temporadas e colocando-a em Coimbra.
Feitas as contas, seis palcos diferentes já receberam a final da Taça de Portugal - o Estádio Cidade de Coimbra (duas vezes), o Campo das Salésias (primeiro palco, em cinco ocasiões), o Campo do Lumiar (duas vezes), o Estádio das Antas (quatro vezes) e o Estádio de Alvalade (uma vez), além do tradicional Jamor. Este ano celebra-se a 82ª edição da Taça de Portugal e, ao longo da história, já por 14 vezes a final foi disputada longe do Estádio Nacional do Jamor, mas em 2021/22 .
Época | Jogo | Resultado | Local |
---|---|---|---|
1938/39 | Académica x Benfica | 4-3 | Salésias |
1939/40 | Benfica x Belenenses | 3-1 | Lumiar |
1940/41 | Sporting x Belenenses | 4-1 | Salésias |
1941/42 | Belenenses x Vitória SC | 2-0 | Lumiar |
1942/43 | Benfica x Vitória FC | 5-1 | Salésias |
1943/44 | Benfica x Estoril | 8-0 | Salésias |
1944/45 | Sporting x Olhanense | 1-0 | Salésias |
1960/61 | Leixões x FC Porto | 2-0 | Antas |
1974/75 | Boavista x Benfica | 2-1 | Alvalade |
1975/76 | Boavista x Vitória SC | 2-1 | Antas |
1976/77 | FC Porto x SC Braga | 1-0 | Antas |
1982/83 | Benfica x FC Porto | 1-0 | Antas |
2019/20 | Benfica x FC Porto | 1-2 | Coimbra |
2020/21 | SC Braga x Benfica | 2-0 | Coimbra |
3-1 | ||
Mehdi Taremi 22' (g.p.) 74' Vitinha 52' | Neto Borges 73' |