Um todo-terreno que parece dois

Jogo memorável para Matheus Nunes. Com a ajuda de Ugarte, o internacional português conseguiu apagar por completo João Mário e Weigl do jogo. Numa altura em que o encontro estava mais partido, usou a sua velocidade e capacidade de transportar jogo e foi premiado com um golo e uma assistência. Encheu o campo.

Foi uma autêntica dor de cabeça para Otamendi no centro do ataque e usou as suas principais armas para mudar o jogo. O lance do segundo golo começa e acaba nos seus pés, mas não foi só isso. Trabalhou muito, arrastou os defesas, abriu espaço para os colegas. Este é o Paulinho que os adeptos do Sporting tanto querem.

Pablo Sarabia esteve em destaque pelo golo apontado, mas a sua exibição foi bem mais que isso. O criativo espanhol foi o cérebro da equipa no ataque e fez os seus colegas jogar, gerindo o ritmo de jogo e ganhando espaço através da sua qualidade de passe. Na 2ª parte, fez o que quis do adaptado Everton Cebolinha.

À entrada para este jogo uma das principais preocupações do lado do Sporting era a ausência, por lesão, de João Palhinha no meio campo, mas o uruguaio Manuel Ugarte tomou por completo conta do recado. O centrocampista juntou-se a Matheus Nunes, não deu nem um bocadinho de espaço a João Mário e Weigl e libertou os seus colegas mais ofensivos para outras missões. É uma opção mais que viável para o lugar.

Defendeu, atacou, correu. A ala direita foi praticamente toda de Pedro Porro. O lateral espanhol mostrou-se no ataque, especialmente no lance do golo de Pablo Sarabia, mas o seu trabalho no setor mais recuado é também um grande destaque. Nem Everton, nem Rafa, nem Darwin, nem Grimaldo. Ninguém conseguiu ser perigoso daquele lado.

Além de Palhinha, também Coates era baixa de peso no lado sportinguista e foi o jovem Gonçalo Inácio a ocupar o seu lugar no centro da linha de três centrais. O internacional sub-21 vestiu o fato de patrão e, auxiliado pelos colegas, fez de Coates. Apenas pecou por alguns lances de bola parada defensivos, mas está a tornar-se um «centralão.»

Everton Cebolinha até entrou bem e mexido no jogo, mas não demorou até se apagar. Na 1ª parte praticamente não conseguiu ter bola e quando teve foi presa fácil para os defesas leoninos. Na 2ª parte, Jorge Jesus adaptou-o a ala direito e demonstrou todas as suas (grandes) fragilidades defensivas, dando muito espaço para o Sporting atacar e criar por esse lado.

A lesão de Lucas Veríssimo obrigou Jorge Jesus a adaptar André Almeida a central e hoje o português teve o seu primeiro teste de fogo nesse lugar. A missão foi espinhosa e o capitão encarnado acabou por mostrar o quão importante é ter rotinas. O primeiro golo do Sporting é muito culpa sua e nos outros dois também não ficou bem na fotografia.