Benfica e Nun’Álvares discutem amanhã, em Viseu, o primeiro troféu da época 2021/2022: a Supertaça de Futsal Feminino. Numa organização conjunta entre a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Federação de Andebol de Portugal (FAP) – a supertaça de andebol também se disputa amanhã, horas depois da de futsal – os quatro treinadores e as quatro capitãs (Liana Alves foi a porta-voz das fafenses) marcaram presença na conferência de imprensa de antevisão dos dois encontros.
No que ao futsal diz respeito, estarão frente a frente as duas melhores equipas da época passada. O Benfica venceu o campeonato e a Taça da Liga, e o Nun’Álvares foi o finalista derrotado da primeira edição da Taça da Liga no feminino, e terminou o campeonato no segundo lugar, atrás das águias.
O mercado trouxe novidades nos dois clubes, com maior mediatismo para as saídas de Janice e Fifó – que rumaram a Itália – e ainda de Beatriz Sanheiro e Claudinha (para o Lombos), Gislene Costa (ADTB, do Brasil), Joana Silva (para o Leões de Porto Salvo), e ainda da guarda-redes Patrícia Mexia. Mas Pedro Henriques não ficou descalço, e viu chegarem ao Benfica jovens atletas de qualidade, nomeadamente Dricas e Inês Matos (do Quinta dos Lombos), Angélica Alves (do Novasemente), Beatriz Carrola (At. Povoense), Marta Costa (Leões de Porto Salvo), a experiente Cláudia Santos (Arneiros), a brasileira Thaila Mertins (Futsal Pato Branco), e ainda o regresso de empréstimo de Catarina Lopes. Com uma equipa jovem, mas que mostrou qualidade individual, o Benfica mantém o grosso da espinha dorsal, com a capitã Inês Fernandes, a guarda-redes – a melhor do mundo – Ana Catarina, e ainda com Sara Ferreira, o principal desafio da equipa técnica residirá no entrosamento das jogadoras dentro de campo.
Do lado contrário, experiência não falta, visto que as mudanças na estrutura do Nun’Álvares vieram acrescentar isso mesmo. Começando pela equipa técnica, a entrada de Pedro Nobre para comandar a equipa traz pergaminhos, sendo de lembrar que era ele o timoneiro do Sporting em 2018, precisamente a última equipa em Portugal a ter conseguido ganhar um jogo ao Benfica. Para tentar quebrar a hegemonia das encarnadas, o Nun’Álvares viu sair Juliana Pinto e as brasileiras Carol e Angélia para o Santa Luzia, mas reforçou-se com critério: Cátia Tavares chegou do Leões de Porto Salvo, Isabel Oliveira do Tebosa, e as internacionais portuguesas Pisko e Carla Vanessa do Santa Luzia, e ainda Taninha da Lazio. Mantendo peças-chave como Cátia Morgado e a guarda-redes Maria Odete, o emblema de Fafe investiu na procura de um título nacional no feminino, consolidando o trabalho de alguns anos a esta parte que marcam presença nas principais competições da modalidade.
Esta mesma realidade foi analisada por Pedro Henriques e Inês Fernandes, do Benfica, e por Pedro Nobre e Liana Alves, do Nun’Álvares, numa conferência de imprensa em que todos foram unânimes numa ideia: será um jogo disputado, entre duas equipas com qualidade.
Sobre a pré-época e as expectativas para a Supertaça: «Em termos de pré-época, acho que foi uma pré-época dentro daquilo que nós já esperávamos. Em termos de expectativas, quem está no Benfica só pode pensar numa coisa, que é vencer. É isso que nós estamos a trabalhar, treino após treino, para cada vez estarmos melhores, e, no final, que seja o Benfica a vencer. [Precisamos] tentar adaptar o mais rápido possível e ambientar as novas atletas que chegaram ao plantel.»
O que espera do jogo do Nun’Álvares: «Acho que vai ser um jogo bastante competitivo entre duas grandes equipas. As equipas vêm para jogar, e eu conheço o Pedro também já há muitos anos, de certeza que vêm jogar pelo jogo, e é isso que nós vamos fazer também. Jogar para ganhar, tentar enganar o Nun’Álvares mais vezes e no fim que seja o Benfica o vencedor. O Nun’Álvares teve muitas mexidas, nós também tivemos muitas mexidas, e ambos queremos ganhar. Estamos bem preparados, queremos estar a 100%, e quem errar menos sairá vencedor.»
Sobre se as questões físicas e emocionais vão fazer a diferença: «Acho que isso é o segredo de amanhã, a gestão emocional. (…) Em termos emocionais, quem tiver mais preparado para isso vai vencer o jogo, não tenho dúvidas.»
Sobre a pré-época e as expectativas para a Supertaça: «Foi uma pré-época dentro da normalidade. Fizemos alguns jogos treino que serviram para tirar algumas ilações e chegamos a um jogo de 50-50, contra um adversário com muita qualidade, e que tem tido a hegemonia no futsal durante os últimos anos, mas a cidade de Fafe e o Grupo Nun’Álvares há muito que perseguem um título e amanhã cá estaremos para disputar o jogo contra o Benfica. Tudo faremos para ganhar, respeitando o adversário, mas para nós é uma oportunidade única. É um jogo que a gente chega com cinco semanas de trabalho, onde é tudo novo da parte do Nun’Álvares, treinador novo, a equipa nova também, porque eu cheguei agora há pouco tempo, mas isso também não serve de desculpa para nada. Amanhã vamos apresentar-nos na melhor forma possível ao fim de cinco semanas, e cá estaremos para disputar o jogo com o Benfica, com a máxima competência que exige a competição.»
Sobre os reforços, e se poderão ser chave no desbloqueio do jogo em favor do Nun’Álvares: «Tentamos sempre ganhar a todas as equipas. Ganhar ao Benfica se calhar é sempre mais visível porque é uma grande equipa, uma equipa com grandes treinadores, neste caso o Pedro, que é um grande amigo, e com grandes jogadoras com quem eu também partilhei o balneário com elas quando representei o Sport Lisboa e Benfica, mas acho que não [será essa a chave]. Naturalmente tivemos muita atenção ao critério de recrutamento que fizemos para esta época.
O que nos foi pedido foi que o Nun’Álvares fizesse uma época mais competitiva que o ano passado porque não conseguiu ser competitiva em quase jogo nenhum contra o Benfica - e não só, também não conseguimos vencer o Novasemente a época passada -, e o que queremos é ser mais competitivos. O Nun’Álvares amanhã quer ganhar, porque representamos uma cidade pequena, uma cidade que tem tido um aumento de qualidade no desporto também grande, e o Grupo Nun’Álvares também tem dado passos importantes rumo a uma organização que permita conquistar títulos, e amanhã estaremos aqui claramente para disputar o jogo e para tentar ganhar. Não será dos melhores jogos, porque ando tudo também ainda à procura de rotinas e naturalmente mais para a frente no campeonato os jogos vão ser mais agradáveis de ver, mas é um título, e um título é 50-50.»
Sobre se as questões físicas e emocionais vão fazer a diferença: «Eu por acaso sou bastante crítico, não acredito muito no trabalho físico, só a nível profissional é que acho que isso faz a diferença. Quem trabalha com3 ou 4 unidades de treino semanais acho que não faz a diferença o trabalho físico. Acho que do ponto de vista emocional sim, na teoria o Benfica está habituado a ter mais momentos destes e a ter sucessos nestes momentos, mas, por outro lado, a nós parece-nos um momento e uma oportunidade que todas as jogadoras e toda a gente têm de perceber que pode ser único para nós, e é isso que tentaremos aproveitar. Ter 40 minutos, ou 40 minutos + 10, a um nível elevado, que possa alimentar o sonho de levar o primeiro título nacional para Fafe. É essa a nossa ambição.»
Sobre as expectativas para a Supertaça: «É sempre o primeiro jogo da época depois de um período de tempo de paragem e por isso acho que a Supertaça nunca é muito clarividente para o resto da época. As equipas, fisicamente, não estarão no auge, taticamente também não, mas é sempre um jogo com muitas emoções, e são 40 minutos na disputa de um troféu. Ou seja, quem tiver melhor em 40 minutos é que irá vencer o troféu.»
Sobre favoritismo: «É difícil determinar um favorito quando é um troféu que embora nós estejamos cá por mérito próprio, por termos vencido o campeonato o ano passado, a verdade é que é um troféu que é sempre disputado na época a seguir, com algumas alterações nas equipas, é óbvio que nós tivemos algumas saídas importantes, mas acho que nós reforçamos muito bem o plantel. É verdade que a equipa do Nun’Álvares também se reforçou muito bem e vai ser um bom espetáculo entre as duas melhores equipas do ano passado. Se serão iguais às que eram o ano passado, não tenho a certeza, mas acho que vai ser também um fator de curiosidade. O Benfica gosta de ganhar todas as competições e nós assumimos sempre esse papel, nunca entramos em campo a não ser para ganhar, e estamos confiantes que podemos fazer um grande jogo, e temos que fazer um grande jogo para levar de vencida um bom adversário. Estamos confiantes e ansiosas para que o espetáculo comece.»
Sobre se a saída de jogadoras experientes pode jogar a favor do adversário: «Acho que isso é um bocadinho no campo teórico. É óbvio que nenhuma equipa é mais forte quando perde a Janice e a Fifó, acho que qualquer equipa do mundo gostaria de as ter no plantel. Mas para nós isso está ultrapassado, e nem pensamos muito nisso. Quem veio trouxe juventude e também muita qualidade, existem muitas jogadoras que poderão ser o futuro deste país, e aquilo que nós temos de fazer, no Benfica, rapidamente entrosá-las naquilo que é esta dinâmica competitiva, do ter que jogar para ganhar sempre. Acho que elas têm feito uma pré-época de excelência, tenho muito orgulho no plantel que eu comando, e é óbvio que a equipa do Nun’Álvares provavelmente terá mais experiência que o ano passado, mas eu acho que às vezes em 40 minutos esse não é um fator propriamente diferenciador. Acho que mais para a frente, com mais trabalho em cima, poderá sentir-se mais essa parte. Por mim, não é o essencial neste jogo.»
Sobre a alteração do formato do campeonato nacional, e se isso vai trazer um novo boom ao futsal feminino: «Eu acho que isso é que vai trazer aquele tal fator de experiência, porque só tem experiência quem está sempre em jogos em que o resultado é incerto. A verdade é que infelizmente a parte competitiva do futsal feminino tem se perdido um bocadinho, porque havia sempre candidatos clichés. Eu acho que agora com playoff no final da época, com a necessidade de vencer três jogos em cinco para ser campeão, isso é que traz experiência, e isso é que vai trazer um bocadinho a estaleca ao de cima, e eu estou muito curiosa por saber como é que vai correr este campeonato, muito ansiosa também porque é um passo certo na direção da evolução que a seleção depois também vai precisar para poder competir no Europeu, e acho que vai ser, em termos de espetáculo, muito mais apelativo.»
Sobre as expectativas para a Supertaça: «É o primeiro momento competitivo, como a Inês disse, a expectativa é grande e é óbvio que estamos preparadas, trabalhamos várias semanas com o foco neste título. Difere-se de um campeonato, com várias jornadas, é um jogo de tudo ou nada, pelo que vamos querer ganhar e a expetativa é sempre essa depois de umas semanas de trabalho. É claro que só vimos o foco na vitória e é assim que esperamos que vá ser amanhã.»
Sobre se os reforços poderão ser o que faltava para quebrar a hegemonia do Benfica: «Claro que sim, é uma grande probabilidade e possibilidade para que possa ser a tão desejada derrota [do Benfica] e a nossa vitória, passados três anos. Quando se muda é para melhor, claro, não vamos pensar em reforçar para pior ou igual, portanto claro que o Nun’Álvares este ano mais que nunca pode fazer frente ao Benfica e talvez fazer amanhã a tão desejada gracinha.»
1-0 | ||
Inês Fernandes 6' |