Joel Rocha sublinha a confiança e o acreditar e Nuno Dias aponta à falta de serenidade

Após o jogo, que, recorde-se, o Benfica venceu por 7x5, já no prolongamento, os dois treinadores estiveram na zona mista do Pavilhão Fidelidade para falarem com os jornalistas.

Sobre o jogo: «Depois destes 50 minutos, alma, sangue, coração, superação, e confiar e acreditar. Confiar naquilo que somos, naquilo que temos feito esta época, confiar nas qualidades que temos, individuais e coletivas, e acreditar que conseguimos. Houve alguns momentos esta época, três em particular, onde é mais fácil identificar que apesar de acreditar e confiar não conseguimos, o que se traduziu nas derrotas, mas hoje estivemos a capacidade e o discernimento e obviamente a qualidade para carimbar o conseguir. Foi um jogo muito difícil como são todos. O Benfica sai na frente do resultado e depois estamos a perder por uma diferença de 2 golos, conseguimos recuperar um 3x1 para um 3x3, e não foi só na qualidade técnica, tática e estratégica, foi em tudo aquilo que eu disse anteriormente, no acreditar e no confiar.

Começamos a segunda parte com 3x3 e levamos com 4 e 5x3, novamente com 2 golos de desvantagem, e novamente a conseguir empatar e levar o jogo para prolongamento. E penso que essas duas recuperações, do ponto de vista do acreditar, do confiar, da superação, da qualidade também que houve nas decisões desses momentos foi muito importante.»

Sobre a eficácia do 5x4+GR: «Aquilo que hoje nos sorriu a nós, por mérito nosso também, mas que hoje nos sorriu e que às vezes não sorri, que é a abordagem que fizemos no início do prolongamento, em que nós com 4 faltas, o Sporting com 2, por dois objetivos: primeiro, para evitar que do ponto de vista defensivo cometêssemos a 5ª falta ou alguma falta próxima da baliza, porque foi assim que o Sporting fez o 4º e o 5º golo, através de livres muito perto da nossa baliza nas relações entre fixos e pivot, então nós temos duas formas de impedir que a bola lá chegue. Ou conseguimos defender bem essa situação, e nem sempre é fácil porque o Sporting tem jogadores que colocam a bola às cegas no pivot e o pivot é extremamente forte - os dois -  e é um jogo de muito contacto, portanto nós tínhamos que evitar isso. Havia duas formas, que é defender bem, e nem sempre o conseguimos, ou ficar com a bola. Ter a bola. E na parte do ter a bola, nas situações de 4x4 nem sempre o conseguimos fazer, então recorremos à situação de colocar o Tiago Brito como guarda-redes avançado, com a intenção de ter a paciência necessária para aproveitar a oportunidade que surgisse, quando surgisse, de forma inteligente, porque o jogo estava empatado, o Benfica não estava a perder. E hoje sim, fomos felizes nesse momento, conseguimos ser eficazes e fizemos o golo. Ficamos nós por cima, conseguimos fazer mais um golo e empatamos a final do play-off.»

Sobre os momentos em desvantagem: «Nós nunca gostamos nem queremos sofrer golos, e não podemos retirar o mérito ao adversário. Mas sobretudo os dos golos da primeira parte, o 2x1 e o 3x1, aí parece-me que fomos algo passivos do ponto de vista defensivo. Nem agimos nem reagimos, ficamos assim um pouco expectantes. E são esses momentos que queremos obviamente eliminar para sermos mais consistentes porque não gostamos de ser essa equipa bipolar. Mas se tivermos que ser uma equipa bipolar ou tripolar, e marcar mais um golo que o Sporting no final do jogo, eu assino por baixo, não tenho problemas nenhuns.»

Sobre o próximo jogo: «Queremos evitar e eliminar [os erros], mas temos a consciência que o nosso adversário é altamente capaz, forte, competitivo, e vai ser uma final sempre assim. Equilibrada e disputada até ao último segundo.»

Nuno Dias: «Penso que poderíamos ter feito mais»

Sobre o jogo: «O jogo foi equilibrado, como são todos estes dérbis, como normalmente são os jogos de final de campeonato, em que tudo se vai decidir ali. Foi tão equilibrado e por isso é que foi para prolongamento. Por isso é que acabou no final dos 40 minutos com o resultado de 5x5. Penso que poderíamos ter feito mais. Poderíamos ter sido mais serenos para segurar a vantagem quando ela teve por dois golos, por duas vezes, e podíamos ter feito melhor nessa altura, e segurado. Mesmo com o Benfica a crescer no jogo poderíamos ter sido melhores nessa altura e não permitir que o Benfica encurtasse tanto. Se calhar deixamos de ser pressionantes, deixamos que o Benfica controlasse o jogo na posse de bola, fomos menos intensos e agressivos. Se calhar tivemos medo de ganhar, eu acho que tivemos medo de ganhar. Quisemos segurar a vantagem para que o Benfica não marcasse mais e esquecemo-nos que poderíamos continuar a atacar e poderíamos continuar à procura de mais e melhor.

©Sporting CP

Mas é assim. Eliminatória no 1 a 1, como é normal. As equipas equivalem-se, os jogos são equilibrados, e a eliminatória está 1 a 1. Faltam duas vitórias ao Sporting para ser campeão nacional, faltam duas vitórias ao Benfica para ser campeão nacional.

Sobre desperdiçar a vantagem de dois golos: «O que eu acho é que nessa altura poderíamos ter sido melhores, e mais serenos não só a segurar a vantagem e acho que até o problema foi esse. Quisemos mais só segurar a vantagem e menos preocupação em continuar a atacar e continuar à procura do resto. Acho que começamos cedo de mais a defender uma vantagem com muito tempo ainda para jogar.

O jogo é assim. Uns aproveitam melhor os deslizes, outros aproveitam pior e o resultado no prolongamento acaba por se ajustar. O Benfica arriscou, foi eficaz quando subiu com o guarda-redes avançado no início do prolongamento, e assim foi.»

Sobre o próximo jogo: «Acho que temos que ser mais intensos nas disputas dos lances, já que os árbitros estão a permitir isto. Já que os árbitros permitem que os nossos pivots não consigam jogar e vocês se repararem nós somos uma equipa leal no jogo, não precisa de estar a agarrar o tempo todo, não precisa de estar a bater o tempo todo, não precisa de se estar a pendurar nos nossos pivots o tempo todo, e acho que somos uma equipa muito mais leal, mas se calhar vamos ter que o deixar de ser porque não tiramos vantagens nisso, antes pelo contrário.

Nós queremos jogar, queremos é movimentar e jogar, e quando nós temos a bola nem sempre nos permitem fazer isso à margem das leis. Acho que temos que ser um bocadinho mais espertos a entender o que os árbitros estão a permitir e não estão a permitir, e se calhar ser um bocadinho mais intensos nas disputas de bola nos pivots, não os deixar jogar com o à vontade com que estão a jogar, porque nós não gostamos de fazer aquilo que os jogadores do Benfica fazem.»