São 17 milhões de quilómetros quadrados que tornam a Rússia no maior país do mundo, de longe, mas a dimensão geográfica não tem transparecido para o futebol. Coloquemos da seguinte forma: Cabem, dentro da Rússia, cerca de 186 Portugais, mas quantos russos caberiam na convocatória de Portugal para este Campeonato da Europa? Não há resposta certa, mas possivelmente nenhum.
Nem tudo é mau, afinal esta é uma seleção que foi mais longe do que portuguesa no último Mundial, atingindo os quartos de final da prova onde foi anfitriã, mas repetir esse feito é uma missão dificílima para Cherchesov. Com uma equipa já ligeiramente envelhecida, a passar pelo início de uma transição de pessoal, prever o futuro desta equipa não é nada simples. Fica claro o objetivo: passar a fase de grupos.
O passado soviético é algo bem presente na mente do adepto russo, pois é associado aos momentos de glória desportiva. Foi a USSR que venceu o primeiro Euro, em 1960, e desde aí nunca foi atingida outra conquista semelhante, mas apesar de todas as mudanças geopolíticas há certas constantes que ficam. Como a Katyusha, velha canção soviética que ainda é cantada pelos adeptos.
Em primeiro lugar, o ponta de lança simboliza o potencial por cumprir de uma geração que começa a dar «as últimas». Não é o mais velho (Zhirkov vai a caminho dos 38), mas a maneira como a equipa depende dele é alegórico do envelhecimento coletivo. Em segundo lugar, e mais importante, é o seu espírito forte e combativo, que tão bem representa o futebol de guerra que Cherchesov «defende».
Defesas, médios e avançados, de todos é esperada luta em campo, o que justifica a ausência de nomes como Fedor Smolov (avançado mas móvel e veloz) da convocatória de 26 nomes. Há espaço para futebolistas mais tecnicistas, como Golovin, Miranchuk, Cheryshev ou o jovem Maksim Mukhin, mas para terem minutos com este selecionador precisam de correr, muito.
Talvez a par de Miranchuk, Golovin é um dos poucos jogadores desta Rússia que está ponto de rebuçado. Aos 25 anos, o médio do Monaco está no seu auge, e ele quem carrega aos ombros o fardo criativo desta equipa russa. Perdeu três meses de competição por uma série de lesões, mas desde janeiro que está recuperado e em grande forma, sendo uma das principais figuras de um Monaco que terminou no pódio da Ligue 1.
O bigode de Cherchesov, quase tão icónico como seu futebol bélico, vai ser novamente parte integrante de uma fase final de uma prova de seleções. Três anos depois de ter levado a Rússia, anfitriã, aos quartos de final do Mundial, o selecionador de 57 anos renovou e está pronto para uma nova aventura, mas não vai ter uma tarefa fácil...