Foi há cerca de uma década, quando começaram a surgir na Bélgica alguns talentos verdadeiramente promissores, que se começou a falar de uma geração de ouro. Apesar de ser uma previsão difícil de fazer, a verdade é que a maior parte desses talentos atingiu o seu potencial, tornando esta seleção numa das mais fortes do mundo.
As medalhas de bronze no Mundial serão recordadas, mas seria uma pena se esta geração não vencesse algo. Qualidade não falta, e é suficiente para deixar a Bélgica entre os favoritos à conquista do Euro, mas com o envelhecimento da espinha dorsal da equipa (em particular a defesa) fica difícil não perguntar o seguinte: Será que esta é a última chance dos belgian red devils ganharem algo?
Na verdade, esta seleção da Bélgica não alcançou assim tão pouco nos últimos anos. O terceiro lugar no Campeonato do Mundo será certamente mais recordado em futuros longínquos, mas a consistência que tem demonstrado com Roberto Martínez é merecedora de realce.
São já três anos desde que a equipa atingiu o primeiro lugar no ranking da FIFA, e desde aí nunca mais de lá saiu. Com bons resultados em todas as fases de qualificação - 10 vitórias em 10 jogos para chegar aqui -, a Bélgica sabe impor o seu jogo independentemente do calibre do adversário e não há dúvida que sabe como chegar ao golo, pois marcou 40 e sofreu três na qualificação.
No miolo, a dupla incontornável é Axel Witsel e Kevin De Bruyne, mas o primeiro está lesionado e tem o Euro em risco, enquanto que o segundo vai falhar o primeiro jogo. As opções cairão, nesse caso, sobre Dendonker e Tielemans, que ficarão responsáveis de proteger a defesa e servir um ataque de luxo, composto por Dries Mertens, Eden Hazard e Romelu Lukaku.
Entre os 26 não há nenhum estreante, e mesmo os mais inexperientes têm pouca probabilidade de chegar ao onze inicial, mas ainda podem vir a ser úteis. Que o diga Jérémy Doku, de 19 anos, que beneficiou do adiamento do Euro e vai agora ser uma fonte de velocidade e qualidade de drible a partir do banco.
Tem uma equipa com qualidade suficiente para dar chocolate, bem ao estilo belga, e para já surge como favorito no seu grupo. Os quartos de final alcançados em 2016 são a barreira mínima de uma seleção que quer ir o mais longe possível, nesta que pode ser a sua última chance de beneficiar de uma geração dourada. Podem sonhar?Grande parte do que torna esta seleção impressionante é o facto de estar recheada de talento de classe mundial sem que nenhuma estrela brilhe mais, mas é impossível negar que Lukaku está numa forma superior aos restantes. O ponta de lança poderoso acaba de se sagrar campeão e MVP da Serie A e chega ao Euro sedento por mais glória e já com o estatuto de melhor marcador da história da Bélgica.
O espanhol está cada vez mais integrado numa vida ao estilo belga, depois de cinco anos no cargo. Para além de selecionador, Roberto Martínez é o diretor técnico da federação e todos os planos a longo prazo ou partem dele ou giram em torno de. Trouxe a consistência e filosofia que esta seleção precisava, mas agora falta chegar mais longe e levar o título para casa.