O FC Porto sai da Luz com o 2.º lugar seguro, mantendo os mesmos quatro pontos de diferença para o Benfica, aqueles com que partiu para o encontro da 31.ª jornada, mas deixou a via ainda mais aberta para o Sporting chegar ao título de Campeão Nacional. Um golo para as águias no primeiro tempo e outro para os dragões no segundo fizeram o resultado na Luz, num Clássico nem sempre bem jogado, muito faltoso e com um final absolutamente frenético.
Com o primeiro lugar impossível para uns e muito difícil para outros, o segundo lugar, que vale passaporte direto para a Liga dos Campeões, era (e é) o objetivo mais natural para as duas equipas. Embargados nesse estado de espírito, os primeiros minutos foram sintomáticos daquilo que se podia esperar do duelo entre águias e dragões, sobretudo na primeira parte. Um FC Porto com mais posse, mas uma posse inconsequente, e um Benfica mais na expectativa, a esperar pelo momento em que podia avançar sem desmoronar o seu baralho de cartas.
FC Porto mantém os 4 pontos de vantagem sobre o Benfica, a 3 jornadas do fim
⚠As duas equipas estão empatadas no confronto direto, pelo que se ficarem empatadas o critério de desempate é a diferença de golos (neste momento, o Benfica tem uma diferença melhor de + 3 golos) pic.twitter.com/hTT62hxXKa
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E foi precisamente num desses momentos que apareceu o golo dos encarnados. Já depois de duas incursões dos azuis e brancos junto à área benfiquista, sem nunca ameaçar verdadeiramente a baliza à guarda de Helton Leite, Everton teve arte para colocar o Benfica na frente do marcador. O internacional brasileiro passou por dois oponentes, tabelou com Rafa e rematou a bola para longe do alcance de Marchesín.
Em desvantagem, a equipa de Sérgio Conceição reagiu relativamente bem e voltou a assumir os destinos do jogo, embora com alguma dificuldade, por culpa do elevado número de faltas assinaladas por Artur Soares Dias - 19 no primeiro tempo -, que foram quebrando o ritmo e até o entusiasmo do encontro. Ainda assim foi novamente o Benfica a protagonizar um daqueles momentos que entram nos resumos.
Rafa caiu na área portista após jogada muito rápida de contra-ataque, por alegada infração de Manafá, contudo o penálti viria a ser anulado pelo árbitro, graças ao contributo do vídeo-árbitro (VAR), que descortinou um fora de jogo de 19 centímetros. Ou seja, tudo ficou igual e em aberto para a segunda metade.
Os últimos minutos foram uma autêntica montanha-russa de sentimentos para os homens do Benfica. Mas já lá iremos. Primeiro, importa dar conta de uma outra grande penalidade anulada ao conjunto de Jorge Jesus, novamente com intervenção do VAR, importantíssimo para Artur Soares Dias perceber que Diogo Gonçalves foi o infrator e não o prejudicado.
O FC Porto já perdeu + pontos neste campeonato (22) do que em toda a Liga🇵🇹 (20) na época passada, naquele que é o pior registo desde que Sérgio Conceição é o treinador pic.twitter.com/4YnHXfq4nx
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Aos 68 minutos, dupla alteração nos dois lados. Se Jesus optou por tirar o elemento que estava a dar alguma irreverência e velocidade ao ataque das águias, reforçando mais a zona central, já Conceição refrescou o corredor e o ataque, com as entradas de Toni Martínez e João Mário. Aposta certeira, a do treinador do FC Porto.
O jovem extremo, adaptado a lateral direito, ludibriou Adel Taarabt pelo flanco e cruzou para o remate certeiro de Matheus Uribe, uma das principais figuras dos portistas neste Clássico, num lance em que a estrutura defensiva das águias ficou muito mal na fotografia.
Imbuídos pela força anímica do golo, o FC Porto não tirou o pé do acelerador, mantendo as suas linhas bem subidas, em busca de um segundo golo que desse vantagem e colocasse de novo a equipa nos seis pontos de distância da liderança, mas essa postura arrojada não valeu mais do que alguns momentos de aperto.
Taarabt esteve pertíssimo do 2x1, travado por Marchesin que defendeu a bola e esta seguiu a trajetória da barra, e depois foi a vez de Pizzi festejar mesmo o segundo do Benfica, de forma bastante efusiva, no terceiro minuto do tempo de compensação, só que Darwin estava em posição irregular no início da jogada. Um passo para trás de Pepe, experientíssimo, colocou o avançado uruguaio 30 centímetros adiantados, e impediu um final feliz para o clube da capital.
Contas feitas, o Benfica fica com o sonho do segundo lugar muito turvo, tal como o FC Porto que fica ainda mais longe do primeiro posto. Só mesmo um milagre.
Num jogo nem sempre bem jogado do ponto de vista coletivo, nota especial para o individual. Matheus Uribe esteve nos melhores momentos dos dragões, entre eles o golo, deixando a sua marca na partida.
Num estádio vazio torna-se ainda mais incomodativo o som do apito do árbitro, sobretudo quando utilizado muitas vezes, demasiadas até, sobretudo na primeira parte, com 19 faltas assinaladas por Artur Soares Dias.