Duas equipas com recentes mudanças de treinador, vindas de triunfos na Taça de Portugal e de duas jornadas sem vencer na Liga e separadas por apenas um ponto na tabela estiveram durante quase todo o encontro desta noite empatadas a zero, mas foram separadas por um golo bem na reta final. Lucas Áfrico foi o autor (segundo golo de sempre como sénior), o Marítimo foi quem festejou.
O Gil Vicente quis assumir mais as despesas do jogo no primeiro tempo, até por jogar em casa, mas o Marítimo (sem Rodrigo Pinho, ausente por Covid-19) deu boa resposta no plano defensivo (com a habitual linha de cinco nesses momentos) e nas transições ofensivas, numa exibição em crescendo, e foi recompensado com o tal golo já aos 87'.
Antes disso, os madeirenses queixaram-se de possíveis penáltis por assinalar, enquanto os gilistas só se podem queixar da baixa produtividade da própria estratégia no momento ofensivo.
As vitórias na Taça e as melhorias que têm estado à vista nas equipas desde as entradas de Ricardo Soares e Milton Mendes, associadas à proximidade entre as duas formações na classificação, prometiam um jogo com argumentos para levar os três pontos em ambas as formações. Assim o foi: um jogo com o resultado em aberto até ao apito final.
O Marítimo tinha Rafik Guitane como homem criativo do meio-campo e a crescente influência do francês cedido pelo Rennes viu-se logo no segundo minuto, quando o médio serpenteou para dar a Milson uma ocasião madrugadora que o angolano não aproveitou... e ver-se ia de novo lá para a meia hora, tanto a procurar servir Joel Tagueu como a tentar, ele próprio, bater Denis.
Pelo meio, o Gil Vicente quis pressionar alto os visitantes e conseguia ter mais bola, mas não conseguia criar um grande número de ocasiões de perigo e, naquelas que houve, Zainadine foi imperial a resolver em zona defensiva, dando grande contributo para o nulo ao intervalo.
Ficava a ideia de que um qualquer momento de maior inspiração ou de particular eficácia poderia fazer a partida pender para qualquer dos lados, e também a ideia de que a ineficácia poderia vir a ser bem penalizada.
O Marítimo prosseguiu com a mesma estratégia para o segundo tempo e foi crescendo na partida, aproveitando o desgaste do adversário, deixando leves ameaças por parte de ambos os avançados e tendo-se queixado do segundo de dois lances de potencial penálti (o primeiro tinha sido ainda na primeira etapa).
Depois de Claude Gonçalves ter criado perigo na meia distância a favor dos gilistas, os insulares pareciam ter desperdiçado a última grande ocasião do jogo (a maior até então) quando Alipour falhou na cara da baliza, mas insistiram na reta final e foram recompensados com a cabeça certeira de Lucas Áfrico, a cruzamento de Rúben Macedo.
Foi o Marítimo que somou três pontos em Barcelos e assim deu um grande salto na tabela, chegando aos 17 pontos, mais quatro do que os gilistas.
Zainadine foi excelente a limpar lances de perigo, Lucas Áfrico foi decisivo no golo e também Léo Andrade merece elogios. A defesa maritimista manteve-se sólida e isso permitiu condicionar o adversário e acreditar na vitória até aos momentos finais.
De novo com Samuel Lino como ponta-de-lança móvel e com Baraye particularmente desinspirado, o trio de ataque não descobriu soluções para ultrapassar a ótima resistência do Marítimo no centro da defesa e por muitas vezes foi limitado à meia distância.
Do nosso ponto de vista fica no mínimo um penálti por marcar a favor do Marítimo (no lance de João Afonso), ficando dúvidas no que toca ao lance de Rúben Fernandes (já que a posição do corpo do defesa é mais natural no momento do toque da bola no braço).