O Benfica despede-se da fase de grupos da Liga Europa com um empate na Bélgica, frente ao Standard Liège (2x2), e segue para a fase eliminar sem o estatuto de cabeça de série. Jesus deu oportunidade a alguns jogadores menos utilizados neste arranque da temporada, mas nem todos aproveitaram o momento para provar que merecem mais chamadas ao onze.
Entre erros e reações a duas desvantagens no marcador, a verdade é que o Benfica teve tudo para sair de Liège com os três pontos, acabando o jogo com uma bola à barra, só que nem sempre conseguiu esconder as suas fragilidades. E isso paga-se, quase sempre, caro.
Ao contrário daquilo que poderia ser expectável, até pelo discurso de Jorge Jesus na conferência de antevisão ao duelo em território belga, o treinador dos encarnados não promoveu uma autêntica revolução no onze para o encontro com o Standard. João Ferreira talvez tenha sido o nome menos esperado, mas a grande surpresa foi mesmo a braçadeira de capitão entregue a Jan Vertonghen, que fez companhia a Jardel no eixo defensivo.
Benfica na Liga Europa 2020/21:
+ minutos: Vertonghen, 540 minutos (totalista)
+ ⚽golos: Pizzi, 6
+ 🅰assistências: Pizzi, Rafa Silva, 2 pic.twitter.com/AzD7XbdW9P
— playmakerstats (@playmaker_PT) December 10, 2020
Com o apuramento garantido e o primeiro lugar dependente daquilo que o Rangers fizesse na Polónia - os escoceses acabariam por vencer em Poznan -, o Benfica entrou em Liège com os olhos postos nos três pontos. Os encarnados aproveitaram algumas fragilidades do adversário no momento da construção para criarem várias oportunidades de ouro, só que pecaram muito na definição e levaram ainda com momentos de inspiração do guarda-redes Bodart.
Três oportunidades fantásticas nos primeiros 10 minutos não deram em golo para o conjunto de Jorge Jesus e o Standard Liège não se encolheu. Transição rápida, Nuno Tavares ludibriado por dois adversários na defesa do seu corredor e golo de Raskin na primeira oportunidade de perigo dos belgas junto à baliza de Helton Leite. Um cinismo incrível, mas, mais uma vez, os problemas defensivos do Benfica à vista de todos.
O jovem médio belga, que nem é propriamente muito alto, surgiu entre a dupla de centrais da equipa lisboeta para corresponder muito bem ao cruzamento de Lans, e colocar a bola no fundo da baliza encarnada. A prova, mais uma, de que não é preciso muito para marcar golo a este Benfica - 21.º tento sofrido nesta temporada (em 17 jogos).
A reação não tardou e a vantagem dos belgas durou pouco mais de quatro minutos. Pedrinho deu em Adel Taarabt e o médio marroquino, com uma excelente receção orientada, fugiu quase até à linha de fundo para cruzar atrasado para a cabeçada certeira de Everton. Até ao fim do primeiro tempo, o Benfica ainda dispôs de várias oportunidades para dar a volta, mas sem proveito.
Há várias ilações que podem ser retiradas do primeiro tempo. O Benfica continua com os seus problemas defensivos por resolver, mas não há dúvidas de que, tanto do ponto de vista individual como coletivo, é superior a este rejuvenescido Standard Liège. Ainda assim, a teoria nem sempre é passada à prática.
Benfica a terminar uma fase de grupos da UEFA sem derrotas:
➡1994/95 (Champions)
➡2011/12 (Champions)
➡2020/21 (Liga Europa) pic.twitter.com/bPX6SBgO6f
— playmakerstats (@playmaker_PT) December 10, 2020
Posto isto, a segunda parte começou na mesma pauta que o primeiro tempo. O Benfica melhor com bola, mas o Standard muito mais cínico quando a recuperava. Pedrinho protagonizou o primeiro lance vistoso para os visitantes, Tapsoba concretizou para os visitados. João Ferreira não interpretou bem o passe de Taarabt e permitiu um contra-ataque fatal para os forasteiros.
Novamente em desvantagem, a turma de Jesus teve de correr atrás do resultado, mas não conseguiu sair de Liège com os três pontos. E não foi por falta de oportunidades. Faltou, lá está, algum discernimento e uma pontinha de sorte.
Darwin atirou ao poste, Pizzi empatou o jogo na conversão de uma grande penalidade, que deixa algumas dúvidas, Everton viu Bodart voar para negar o 2x3 e Pizzi, novamente o camisola 21, atitou à barra, aos 90+2. Nada feito: 2x2. Fim de jogo.
O Benfica esteve duas vezes atrás da marcha do marcador e tem de se dar o mérito devido pela capacidade de reação. Nem tudo está mal, é verdade, mas também não está tudo bem. Fica a nota pela positiva pela facilidade com que as águias criaram oportunidades de golo.
Mais dois golos sofridos pelo Benfica - 22 em 17 jogos realizados nesta temporada -, sinal de que alguns problemas do ponto de vista defensivo continuam. A equipa pode criar muitas oportunidades de golo, que cria, mas torna-se tudo mais complicado quando não se consegue manter a baliza fechada a sete chaves.