Depois de um ano de rara ausência da fase de grupos, o FC Porto está de volta à competição a que se habituou: a Liga dos Campeões. Logo a abrir, a equipa de Sérgio Conceição terá uma visita a um dos mais endinheirados clubes do futebol atual, a um clube para quem a Orelhuda vai escapando, contra muitos prognósticos: o poderoso Manchester City.
Será em simultâneo a pior e a melhor forma de começar a participação num grupo em que os dragões esperam vir a conquistar um dos dois primeiros lugares. Porquê a pior? Porque se trata, na teoria, do jogo mais difícil a disputar entre as seis jornadas. Porquê a melhor? Porque aconteça o que acontecer haverá sempre mais cinco jogos para lutar pela legítima ambição do apuramento.
Os prognósticos não são os melhores por uma série de razões: o FC Porto nunca venceu um jogo sequer em Inglaterra, vem de dois jogos sem vencer na Liga, perdeu jogadores de relevo, tem reforços em adaptação... you name it, como se diria por terras de Sua Majestade. Acima de tudo, porque mesmo podendo ainda ser visto como um novo-rico do futebol (tendo em conta a longa história do desporto-rei) o Manchester City é já uma equipa com identidade de colosso, tanto fora como dentro do campo.
As expectativas a nível de resultado são baixas, não há como o negar... poderá isso jogar a favor dos homens de Sérgio Conceição?
As diferenças entre clubes são óbvias, mas comecemos por ver o copo meio cheio: só uma destas duas equipas sabe o que é ser campeão europeu (por duas vezes), só uma destas equipas ergueu Intercontinentais, Ligas Europa ou Supertaças europeias, só uma destas equipas chega à 24ª participação em fases de grupos da Liga dos Campeões. Essa equipa é o FC Porto.
Agora... o inevitável copo meio vazio. O Manchester City está hoje em dia pelo menos um patamar acima dos dragões (talvez vários patamares), é constante candidato à conquista final da prova (mesmo que vá somando desilusões na fase a eliminar), tem um plantel com um valor quatro vezes superior ao dos dragões (obrigado, Transfermarkt) e só não foi de novo campeão inglês devido a um super-Liverpool.
Novas contratações multi-milionárias como Rúben Dias ou Nathan Aké trouxeram um acrescento de qualidade à defesa, mas é ainda neste setor que estão as possíveis falhas a explorar pelos portistas: a convicção num futebol em que todos participam de forma ativa no momento ofensivo tende a criar fragilidades quando a equipa perde a bola. Saber explorar esses momentos não chega, há que descobrir forma de conter armas como Sterling, Aguero, Mahrez ou Bernardo Silva, entre tantos e tantos outros... mas não haverá de prejudicar.
Por tradição, colossos ingleses não têm problemas em fazer leves rotações nas equipas durante a fase de grupos de provas europeias, também por consciência de que a probabilidade de ficarem pelo caminho nessa fase é relativamente baixa. Com Pep Guardiola no comando não é diferente, até por falarmos de um treinador que gosta de surpreender os adversários (e, de forma colateral, os adeptos).
Certo é que não entrarão nas contas do treinador espanhol nomes como Mendy ou Laporte na defesa, Gabriel Jesus no ataque ou, talvez mais importante, o farol Kevin de Bruyne no meio-campo. Menos um grande problema, mas o regresso recente de Aguero às contas, juntando-se a uma série de craques em que se incluem três portugueses - Dias, Cancelo e Bernardo - é mais um fator a ter em conta.
Conceição não tem o mesmo tipo de preocupações, felizmente para o treinador do FC Porto. Marcano não conta para a primeira metade da época, Mbaye não estaria nos planos para um jogo deste nível e todo o restante plantel está à disposição. Os problemas para o treinador são outros: chegaram reforços que estão ainda em período de adaptação e que não conseguem ainda dar 100% de confiança a um treinador que se habituou a construir equipas à sua imagem, nas quais confia de olhos fechados, e que o levaram a dois de três títulos nacionais possíveis.
Laporte, Mendy, De Bruyne e Gabriel Jesus
Mbaye e Marcano
Pep Guardiola já mostrou ser mais do que tiki-taka. A capacidade de moldar equipas em que todos os jogadores contribuem para o momento ofensivo (a começar logo no guarda-redes Ederson) e em que as trocas de posição são constantes faz do Manchester City uma equipa dificílima de travar. Ainda para mais com craques como Bernardo Silva e outros que tais.
Apesar das falhas defensivas que os dragões ainda apresentam neste início de época (seis golos sofridos em quatro jogos), há virtudes entre os portistas que poderão levar a equipa de Conceição a ter uma palavra a dizer: contra uma defesa que tende a subir, irão certamente surgir espaços nas costas para jogadores como Marega ou Díaz explorarem.
TREINADORESPep Guardiola defrontou o FC Porto por três vezes, somando duas vitórias e uma derrota |
EQUIPASO FC Porto marcou fora de casa na Champions nos cinco últimos jogos |
EQUIPASO FC Porto sofre golos nas competições europeias há oito jogos |
EQUIPASO FC Porto marcou em todos os jogos realizados esta época |
EQUIPASO FC Porto não ganha há dois jogos |
EQUIPASO Manchester City marcou em todos os jogos disputados em casa na fase de grupos da Champions |
EQUIPASO Manchester City marca em casa na Champions há 18 jogos |
EQUIPASO Manchester City não perde em casa na Champions há oito jogos |
EQUIPASNa Champions, o Manchester City marca e sofre há sete jogos |
EQUIPASO Manchester City soma uma derrota esta época, precisamente em casa (2x5 frente ao Leicester) |
EQUIPASO Manchester City marcou em todos os jogos realizados esta época |
EQUIPASO Manchester City não perde há três jogos (todas as competições) |
CONFRONTOSNo formato Champions, só por uma vez uma equipa portuguesa ganhou em Inglaterra: em 2005/06, o Benfica venceu em Anfield o Liverpool por 0x2 |
CONFRONTOSA última equipa portuguesa que ganhou em Inglaterra foi o SC Braga, na época passada (0x1 ao Wolverhampton) |
CONFRONTOSAs equipas inglesas apresentam uma clara vantagem nas receções a equipas portuguesas: em 75 jogos, somam 52 vitórias, 15 empates e oito derrotas |
CONFRONTOSO último jogo do FC Porto em Inglaterra foi em 2018/19, com derrota frente ao Liverpool nos quarto de final da Champions (2x0) |
JOGADORESKun Aguero marcou nos dois jogos realizados frente ao FC Porto, em 2011/12 |
CONFRONTOSA última vez que o FC Porto marocu em solo inglês foi em 2009, quando empatou 2x2 frente ao Manchester United |
CONFRONTOSTrês dos quatro empates do FC Porto em Inglaterra foram no formato Champions, o último dos quais em 2018, já com Sérgio Conceição como treinador (0x0 frente ao Liverpool) |
CONFRONTOSO FC Porto não marcou nas sete últimas deslocações a Inglaterra |
CONFRONTOSO histórico do FC Porto em Inglaterra é bastante negativo: nenhuma vitória, em 21 jogos (quatro empates e 17 derrotas) |
CONFRONTOSO Manchester City defronta uma equipa portuguesa na Champions pela primeira vez |
CONFRONTOSA última equipa portuguesa a jogar em casa do Manchester City foi o Sporting, em 2011/12 - os ingleses venceram por 3x2 mas os leões levaram a melhor na eliminatória |
CONFRONTOSO Manchester City venceu os três jogos realizados em casa frente a equipas portuguesas |
CONFRONTOSFoi em 2011/12 que as duas equipas se defrontaram pela única vez, nos dezasseis avos de final da Liga Europa. O Manchester City venceu no Estádio do Dragão por 1x2 e em casa goleou por 4x0 |
CONFRONTOSManchester City e FC Porto defrontaram-se por duas vezes, com dois triunfos da equipa inglesa |