As figuras do empate entre Sporting e FC Porto (2x2):
O Cartão de Cidadão mostra 37 anos, torna-se cada vez mais difícil acreditar. Está numa forma impressionante, mostra-o tanto na seleção como no clube que representa. Mostra que a braçadeira de Danilo foi bem entregue, como foi a que CR7 deixou vaga temporariamente nas quinas. Demonstra tanta paixão como inteligência a intercetar, dar o corpo, fazer dobras quando um colega da defesa deixa um espaço vazio.
Não chegou a cumprir uma hora inteira em campo, porque Conceição trocou-o pelo estreante Felipe Anderson, mas talvez um Díaz cansado tivesse contribuído mais do que o reforço fresco... Fartou-se de dar problemas a Porro e Neto, no espaço à direita dos três centrais, sem medo de partir no um para um e acertando nos dribles a que se propunha. O golo de Corona partiu da iniciativa do colombiano, que bem antes disso já tinha deixado outras boas indicações: numa incursão na grande área em que não conseguiu dar o golo a Marega por pouco e num remate de meia distância.
Grande remate de pé esquerdo ainda nos primeiros dez minutos, numa excelente reação a uma bola vinda do ar. Conseguiu atirar a bola pelo meio do buraco da agulha, ainda que um melhor momento de Marchesín pudesse ter negado aquele golo. De qualquer forma, um grande golo do extremo, que conseguiu sempre colocar o excelente pé esquerdo ao serviço da equipa. Acabaria por ter problemas físicos e sair diretamente para o balneário, deixando a ideia de que com mais tempo em campo até poderia ter tido outro momento de inspiração.
Quase sempre envolvido num muito interessante duelo com Nuno Mendes, conseguiu libertar-se da aguerrida marcação do jovem lateral em alguns momentos e fazer a diferença. Acima de tudo no golo, claro: depois da incursão de Díaz, o mexicano apareceu também na grande área, com um toque tirou a bola do caminho de dois adversários e com mais um toque picou para dentro da baliza. É um dos grandes jogadores desta Liga, não há como negar.
Muito inteligente e agressivo na procura dos espaços, juntando isso à inegável qualidade técnica que todos lhe reconhecem com justiça. Não tem demonstrado qualquer medo de agarrar um papel de destaque num clube de grande dimensão, quer seja médio ou falso extremo. Não se limita a assumir uma dessas funções em exclusivo, o que o beneficia muito. Neste jogo só lhe faltou conseguir definir melhor no último momento, porque se isso tivesse acontecido poderia ter tido um papel de ainda maior destaque.
...nada mau deixar o jogo com tão bela assistência. Grande cruzamento para o golo de Uribe, mostrando que a nível ofensivo pode pelo menos encostar-se aos calcanhares de Telles (igualá-lo não será nada fácil...). A nível defensivo alternou longos períodos de estabilidade com momentos em que comprometeu. Arriscou expulsão e penálti em cima do intervalo (não nos parece que houvesse razão para sanção, notem), ficou fora do lance no segundo golo do Sporting após perda de bola de Felipe Anderson. Valeram pela positiva os detalhes ofensivos.
Lançado ainda relativamente cedo para o campo, no segundo tempo, o argentino não agarrou papel de destaque logo a abrir, parecendo ainda estar à procura da melhor forma a nível físico, mas nos momentos finais do jogo acabou por ser decisivo. Estava no lugar certo à hora certa (o que também tem que se lhe diga) e não hesitou depois da defesa de Marchesín para marcar o golo do empate tardio.
Teve um jogo algo discreto em fase de construção, mas soube ser importante nas transições defensivas. Acabou por se destacar em particular em momentos em que apareceu pelo meio da defesa leonina ao jeito de qualquer ponta-de-lança. Era difícil dar melhor resposta quando Corona cruzou com demasiada força, mas aproveitou da melhor forma o excelente cruzamento de Zaidu, com um desvio de pé esquerdo eficaz para empatar a partida.
...a Neto pareceu pesar, ainda que só tenha 32. Além de deficiências técnicas, foi lento na abordagem aos lances, não conseguindo tapar caminhos a Uribe, Díaz ou Corona nos lances dos dois golos portistas. O jovem Quaresma fez demasiada falta num setor que apresentou várias falhas e no qual Neto foi a face mais visível disso mesmo.
Não é apenas um médio criativo, é um médio capaz de ser importante em qualquer clássico pela raça que coloca em campo e pela forma como luta por cada lance como se fosse o último. Desta vez andou apagado a nível de construção e também não teve grande influência em transições, talvez pelo amarelo visto ainda nos primeiros minutos do segundo tempo.
Não estando nas condições físicas ideais, acusou demasiado essa falta de frescura e não deu a mobilidade ao ataque que as suas características, na teoria, dariam. Nem foi bom ponta-de-lança nem bom extremo, nem uma boa mistura dos dois, e a saída logo aos 56 minutos acabou por ser natural.
É um perigo quando há espaço a explorar nas costas da defesa adversária, mas desta vez não conseguiu encontrar esse espaço (talvez porque não vieram bolas de qualidade do meio-campo central) e com adversários pela frente as limitações ficaram à vista. Erros nas receções, sem capacidade de desequilíbrio e, desta vez, sem encontrar aquela oportunidade em que tantas vezes passa de peça a menos a peça decisiva de um momento para o outro.
2-2 | ||
Nuno Santos 9' Luciano Vietto 87' | Matheus Uribe 25' Jesús Corona 45' |