No dia em que celebram 110 anos de história, o Marítimo decidiu celebrar a ocasião numa ilha mais distante, ainda que a festa não tenha corrido como os insulares gostariam. A equipa de Lito Vidigal entrou sem Getterson, suspenso após expulsão no último jogo de 2019/20, e sentiu a falta do brasileiro no ataque.
O Santa Clara não pôde contar com dois jogadores influentes no onze: O defesa central Fábio Cardoso e o médio Lincoln ficaram ambos fora por lesão. O capitão Rashid foi o principal dínamo da equipa açoriana num dia em que foi Thiago Santana deixou duas prendas de aniversário ao Marítimo.
11 contra 11 sem balizas
Não houve muito que caracterizasse a primeira parte deste jogo naquilo a que bons lances e grandes oportunidades diz respeito, ainda que o jogo não tenha sido calmo. Os primeiros 45 minutos foram principalmente marcados pela entrega de ambas as equipas, com 22 atletas a dar tudo por cada bola disputada.
Apesar da luta intensa pela posse, pouco foi alcançado com bola, como se este jogo se tratasse de um exercício de treino... um 11x11 sem balizas. Ambas as equipas estavam tímidas e arriscaram pouco, preferindo muitas vezes jogar pelo seguro ou tentar ganhar metros através de de uma falta.
Os guarda-redes, Amir e Marco Pereira, estiveram completamente afastados do jogo durante a primeira meia hora, entrando no jogo apenas quando as balizas começaram a ser descobertas, principalmente através de bolas paradas. Primeiro foi Rashid, que testou Amir Abedzadeh através de um livre direto potente que o iraniano jogou pelo seguro e atirou para canto.
Do outro lado do campo, Joel Tagueu recebeu no peito após um ressalto e rematou forte por cima da barra. A bola não esteve operto, mas serviu para acender a chama insular que se quis olímpica quando cinco minutos depois Jorge Correa testou Marco Pereira diretamente de um pontapé de canto. Já em cima do intervalo Correa voltou a tentar surpreender o guardião do Santa Clara, com um cruzamento/remate que ainda assustou Daniel Ramos no banco da equipa da casa.
Santana nas alturas
O que faltou de entusiuasmo na primeira parte pode dizer-se que chegou na segunda, num belo embrulho vermelho e branco que o ponta de lança brasileiro Thiago Santana adornou.
A equipa açoriana chegou ao segundo tempo com um controlo muito maior do jogo. A turma de Daniel Ramos estava muito mais confiante com bola e empurrou o Marítimo para perto da sua área antes das ocasiões começarem a surgir. Tal como na primeira parte, o primeiro aviso veio de um pontapé livre de Osama Rashid, dessa vez agarrado por Amir. A seguir foi Thiago Santana, que queria saltar mas encontrou o peso da defesa insular nos seus ombros, num lance que o árbitro deixou passar.
O Marítimo ainda tentou responder através de Edgar Costa, mas foi Thiago Santana quem abriu o marcador logo de seguida para o Santa Clara. Mansur, lateral esquerdo estreante, ganhou um ressalto já perto da área e aproveitou para lançar o brasileiro num cruzamento rasteiro. Santana não desperdiçou a ocasião, respondendo de primeira à chamada do colega.
Os momentos que seguiram o golo do Santa Clara foram os melhores do Marítimo em todo o jogo. A equipa visitante criou duas ocasiões de rajada depois da marca de uma hora de jogo, mas as tentativas de Edgar Costa e Jean Cléber tiveram resposta à altura da defesa açoriana, com João Afonso a desviar no primeiro momento e, depois, Marco Pereira a destacar-se com uma enorme defesa. Pouco depois foi a vez de Lito Vidigal estar em evidência, mas por maus motivos. O técnico do Marítimo não gostou da forma como a partida foi interrompida num momento em que a sua equipa tinha a bola e reagiu de uma forma que o árbitro Manuel Mota não gostou e por esse motivo recebeu a cartolina vermelha.
Até ao final já só deu Thiago Santana. O brasileiro duplicou a vantagem e deu tranquilidade à equipa com um cabeceamento certeiro após cruzamento de Carlos Júnior e ainda esteve perto de assinalar o 3x0 e o seu hat-trick, se não estivesse Amir Abedzadeh atento a sair dos postes.
O apito final soou e o nono classificado do último campeonato celebrou a sua primeira vitória da nova temporada, que surgiu logo na primeira chance. O Marítimo, por outro lado, teve uma tarde negativa e, apesar dos 110 anos de história, ficou com pouco para celebrar este domingo.
Mesmo nos piores momentos do jogo há yuma coisa que salta à atenção: a entrega de ambas as equipas durante toda a partida. Num momento da temporada em que os jogadores estão longe do seu pico de capacidade física, os atletas de ambas as equipas não pecaram por falta de esforço e garra durante todo o jogo, com ambas as equipas a procurar trazer algo do jogo.
Errou num primeiro momento ao chegar ao jogo com uma equipa demasiado virada para trás, preferindo jogar pelo seguro. O melhor momento do Marítimo, leia-se o único em que arriscou, surgiu quando já perdia, e foi também aí que o técnico foi expulso. Dia para esquecer.
Manuel Mota teve um jogo tranquilo sem muitos incidentes. Poderia ter tomado uma decisão diferente no lance na área do Marítimo aos 50 minutos.