Este foi um jogo que, para além do adiamento que toda a jornada sofreu, começou muito antes do apito inicial. Podia ter acontecido na Cidade do Futebol, podia ter decorrido em Aveiro, Coimbra, Braga ou qualquer outro estádio que foi construído para o Euro 2004. Mas aconteceu mesmo nos Barreiros, pela insistência e inconformismo dos madeirenses. E o Marítimo esteve pertíssimo de ganhar, o que seria justo, mas não ganhou.
Contar a história de um jogo há tanto tempo aguardado, não pelo duelo em si nem pelas equipas, mas porque é um sinal de regresso parcial à naturalidade, é um desafio. Que começa, desde logo, por entender a disposição das equipas. Pouco importava o empate moralizador dos sadinos na última jornada contra o Benfica, bem como a derrota dos insulares em Moreira de Cónegos. Só a classificação podia ter algo de impactante na pressão das equipas.
Não foi, ainda assim, um Marítimo de rédea curta. Continuou, insistiu e dominou praticamente por completo a primeira parte, sem que o Vitória conseguisse grande argumentação contrária. A construção sadina foi sempre desinspirada e sem capacidade para fugir à pressão da equipa da casa. Não se vira qualquer oportunidade sequer.
Por isso, Velázquez mudou ao intervalo, trazendo a velocidade de Hildeberto. Aí sim, viu-se alguma capacidade para discutir o jogo, tendo sido dele o primeiro lance de real perigo. Só que rapidamente o Marítimo respondeu, mais confiante e com muito melhor futebol, a equipa de José Gomes optou por processos simples para, com mais espaços, encontrar o golo da tranquilidade.
Conseguiu-o duas vezes, mas em ambas o VAR indicou irregularidades que impediram a tranquilidade no marcador que a equipa da casa merecia.
Um momento feliz dos sadinos e que vestiu de injustiça o marcador. Seguiram-se 15 minutos, a contar com os sete de descontos, com nova versão ativa do Marítimo, mas já sem tanta criatividade para poder voltar ao comando do marcador.
A um Vitória sem sal nem sabor, a entrada de Berto foi o condimento perfeito para dar outra cor ao futebol da equipa. A certa altura, parecia remar sozinho contra toda uma ilha, mas mereceu o golo que foi quase todo seu. Poucos do Vitória mereciam pontuar neste jogo, Berto foi o principal.
O resultado castiga um Marítimo que não conseguiu materializar a superioridade do seu futebol, mas não queremos colocar neste campo algo referente a uma equipa que, nivelada por baixo, é certo, fez dos melhores jogos da época. Por outro lado, viu-se um Vitória curtíssimo nos argumentos, sobretudo na péssima primeira parte.
Arbitragem marcada por dois golos anulados ao Marítimo, que se aceitam com o recurso às imagens televisivas.