A última temporada trouxe à memória dos adeptos do Tondela os primeiros passos do clube no principal escalão do futebol português. Em cinco anos, o emblema beirão só teve apenas uma época em que conseguiu respirar de forma tranquila (2017/18), sendo a última um espelho das duas primeiras.
A manutenção foi alcançada apenas na última jornada, numa temporada sofrida e que terminou com algumas palavras mais duras de alguns dos protagonistas. Recordem-se as declarações de Cláudio Ramos e Tomané, que explodiram após uma vitória mais sofrida, ao assumirem que «nem todos os jogadores» deram o máximo para salvar a equipa.Objetivo cumprido, tempo de mudança. Saiu Pepa, visivelmente desgastado com três manutenções no bolso, e entrou o desconhecido Natxo González, uma aposta do novo investidor da SAD auriverde, o espanhol David Belenguer.
O Tondela não perdeu apenas o seu treinador no final da temporada passada. Muitos dos habituais titulares, casos de David Bruno, Ricardo Costa, Ícaro e Joãozinho, basicamente a toda a linha defensiva titular, e ainda o goleador Tomané, deram por encerrada a sua passagem pela Beira Alta.
A entrada de Natxo González foi o início de uma nova era em Tondela. Com o técnico espanhol chegaram dois jogadores do país vizinho: Manu Sánchez e Pepelu. E muitos jovens. Desconhecidos para muitos, conhecidos para quem realmente interessava neste processo: o treinador.
Em termos táticos, Natxo começou por apostar no 4x3x3, com os três homens da frente muito dinâmicos, sempre a trocarem entre si, mas o 4x2x3x1 (4x4x2 em transição defensiva) ganhou força nas duas últimas jornadas.
No meio-campo, Jaquité assumiu papel de destaque, sendo o responsável pelo primeiro momento de construção no miolo. O posicionamento do internacional guineense permite uma maior liberdade a Pepelu, jovem médio com qualidade no passe e transporte, e ao vagabundo António Xavier, sempre pronto a criar desequilíbrios, apoiado por dois extremos - normalmente Jhon Murillo e Richard - muito fortes no 1x1 e que exploram muito bem as zonas interiores.
Denilson é o homem de área titular. Castillo e Strkalj as segundas linhas. Mas é difícil fazer esquecer Tomané, atenção. A equipa ainda apresenta algumas dificuldades no capítulo da finalização, mas há margem de progressão.
Em Tondela já ficou provado que «tudo é impossível até acontecer». Até agora já ficou provado que existe qualidade para fazer uma temporada (muito) mais tranquila, falta saber se as expetativas se tornam certezas.
A história do Tondela é um verdadeiro conto de fadas. Em apenas dez anos, sob a liderança do presidente Gilberto Coimbra, a equipa da zona centro do país subiu da terceira divisão nacional à Primeira, isto em 2014/15, quando conquistou o título da Segunda Liga. Seguiram-se dois anos de manutenção na última jornada, um mais tranquilo e outro novamente de sufoco. O certo é que o conjunto beirão está na 5.ª temporada consecutiva na Liga, sendo uma das quatro equipas que nunca desceu do principal escalão, fazendo companhia aos três grandes: Benfica, FC Porto e Sporting.
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