Chegar à Primeira Liga e ganhar nas duas primeiras jornadas. O Famalicão não podia sonhar com um regresso muito melhor ao convívio dos grandes. Depois do Santa Clara, foi o Rio Ave a ser derrotado pela equipa de João Pedro Sousa, por 1x0.
Num jogo emocionante, valeu a maior qualidade dos homens da casa durante mais tempo, apesar de um forcing final do adversário que só não chegou ao empate...por acaso.
Foi bem positivo o início do regresso famalicense ao convívio dos grandes. Os comandados de João Pedro Sousa imprimiram um ritmo forte ao seu processo ofensivo, assente numa construção apoiada desde os centrais, movimentos de rotura dos interiores Guga e Pedro Gonçalves e muita largura oferecida pelos criativos Lameiras e Fábio Martins. Na frente, Martínez ofereceu presença e um par de lances perigosos.
Do outro lado, em estreia na competição, o Rio Ave demorou algum tempo a entrar verdadeiramente na partida. E sentiu-se bem o desconforto de Carvalhal perante um início sem grandes ideias ofensivas e sem grande acerto para as unidades mais atacantes, como Bruno Moreira, que praticamente não tocou na bola durante a fase inicial - Felipe Augusto, na sequência de um canto, foi o único a criar perigo.
Perante um adversário que foi claramente de mais a menos, aos poucos, o Xadrez do técnico vilacondense começou a dar os seus frutos. Circulação de bola famalicense excessivamente previsível, mais protagonismo para o duplo pivot e para os alas, especialmente Gabrielzinho, uma ameaça pela velocidade e uma ajuda devido às constantes más decisões no último terço.
O crescimento dos rioavistas, conjunto que tentou apostar muito mais na transição ofensiva do que na organização, nunca teve uma consequência natural em reais oportunidades de golo, muito por culpa de um central como Patrick William, sempre capaz de ser mais forte do que o adversário no último momento. O companheiro, Nehuén, por pouco não borrava a pintura, numa entrada que só valeu o amarelo e que atirou o Famalicão para uma certa monotonia até ao intervalo.
Houve, entretanto, o intervalo, mas o início da segunda parte não trouxe qualquer novidade em relação aos últimos minutos da primeira. Uma posse de bola algo inconsequente por parte dos famalicenses, um Rio Ave à espreita de uma qualquer transição ofensiva. Tudo isto sem qualquer tipo de qualidade na definição.
Quando parecia adormecido, o jogo, de repente, levou com um autêntico abanão. O Rio Ave demonstrou limitações no início da construção, Lameiras aproveitou para lançar o pânico e Messias foi apanhado de forma algo infantil, fazendo falta, impedindo a finalização certa do adversário e recebendo ordem de expulsão. Na sequência, Guga assustou...
Quando o jogo podia ficar mais fácil para o Famalicão, aconteceu precisamente o contrário. O Rio Ave, com as alterações e com as entradas de Mané e Mehdi, ganhou agressividade atacante e criou grandes oportunidades para o empate. Nuno Santos atirou ao ferro - na sequência, Mané foi apanhado em fora de jogo -, a organização adversária tremeu e até houve tempo para Felipe Augusto falhar uma grande penalidade. Tudo isto, contudo, não foi capaz de parar um promovido que só sabe ganhar.