Da Colômbia o coração quente, do Olival a cabeça fria

O FC Porto levou a melhor na final da primeira edição da Copa Ibérica, leva o troféu para casa e Sérgio Conceição viu ainda várias caras novas deixarem indicações muito positivas.

Há ainda aspetos a corrigir, claro, mas tanto os reforços presentes no onze como os miúdos (uns titulares, outros suplentes).

O zerozero esteve atento a e apresenta-lhe uma avaliação das caras novas.

Os reforços...

Luis Díaz - Vontade com falta de rigor

Foi titular, quis mostrar serviço e soube ocupar os espaços e combinar com os colegas, faltou acima de tudo frieza. Foram dele as melhores ocasiões até o FC Porto começar por fim a marcar, foi ele a face mais visível de uma equipa que continua a falhar demasiado na finalização: aos 22' não aproveitou um erro do guarda-redes, aos 44' e 48' perdeu também os duelos com o guardião. A nível técnico e de construção de jogo, porém, as ilações voltam a ser positivas.

Marcano - Um upgrade com bola

É esquerdino e tem uma qualidade na entrega da bola que antes não se via nesta equipa. É aí que se sente a melhoria neste setor, até porque o central não tem problemas em arriscar os passes longos, como se viu logo aos 6'. Ameaçou o golo em dois momentos, em lances de bola parada, mas não acertou no alvo com a cabeça. Em lances de bola parada defensiva, como no golo do Getafe, foi um de vários elementos passivos, um aspeto a melhorar por toda a equipa. A nível individual, não é nenhum predestinado como Militão, mas não comprometeu.

Zé Luís - A acabar com as dúvidas

Muitas foram as dúvidas que pairaram em torno do cabo-verdiano quando chegou, mas continua a corresponder e mostra mais qualidade técnica do que qualquer outro dos pontas-de-lança do plantel. Desta vez não marcou, mas movimentou-se bem, soube segurar a bola perante adversários, procurou oferecer o golo a Luis Díaz em mais de uma vez e foi o colombiano quem não aproveitou. Cabeceou ainda para defesa do guarda-redes no lance do golo decisivo de Fábio Silva. Entrou aos 10' por problemas físicos de Soares, saiu aos 89' por problemas físicos.

Shoya Nakajima - Vítima do jogo (e um pouco de si próprio)

Desta vez começou no banco de suplentes, entrou aos 60', numa altura em que o jogo estava muito quezilento: faltas duras, desentendimentos entre jogadores, ritmo pouco fluído. Um tipo de jogo que pouco se coaduna com o estilo de jogo do japonês, que não se conseguia mostrar. Parece também haver ainda algum tipo de barreira a ultrapassar para que mostre a sua melhor versão e tenha a influência no jogo que a sua irreverência e qualidade técnica podem vir a permitir. Falta mostrar a irreverência, acima de tudo.

Os miúdos...

Diogo Costa - Serenidade

Vai sair do Algarve com candidatura reforçada à baliza do FC Porto e a idade deve ser cada vez menos fator de discussão. Foi titular, fez todo o jogo e nunca tremeu. Nada podia fazer no lance do golo do Getafe. O jogo de pés é de qualidade, a calma e os bons reflexos também o são. Neste tipo de jogos não mostrou grandes fragilidades, a dúvida (se existe) passará por jogos de maior exigência e nervosismo... 

Romário Baró - Qualidades que outros não têm

Entre os médios à disposição de Sérgio Conceição, Romário Baró é um caso especial. Pela idade, claro, mas acima de tudo pelas características como jogador. Sem grande poderio físico, tem qualidades técnicas acima da média e uma capacidade de transportar o jogo para a frente em velocidade e com a bola controlada (criando alguma ilusão de descontrolo) que não se vê noutros jogadores. É quando ocupa zonas mais centrais e ofensivas que melhor o mostra, mas tem argumentos para ocupar outros terrenos. Um dos bons destaques do jogo, no qual foi titular.

Fábio Silva - Que belo presente

Fez 17 anos na sexta-feira, não foi titular desta vez mas não ficou sem presente de aniversário. Aliás, foi para casa com o melhor presente que podia pedir: o golo da vitória. Entrou aos 73' e não tremeu aos 81', surgindo no sítio certo para a recarga depois de remate de Zé Luís. Esteve ainda perto de bisar, mas chegou atrasado. O potencial é tremendo.

Tomás Esteves - Pouco tempo, mas com garantias

Entrou também aos 73', mas tal como Fábio Silva conseguiu deixar marca no jogo, embora de forma distinta. Pela segurança defensiva que pode até já ser superior às de Manafá e Saravia, pela qualidade na condução da bola. Apenas resta ver se corresponde da mesma forma quando for a doer... se Sérgio Conceição lhe permitir que o mostre.