Alexandre Pardal, Fábio Pereira, Hugo Silva (Muxa) e Edgar Almeida. São estes os portugueses que defendem as cores do Créteil-Lusitanos e que no último sábado festejaram a subida ao 3.º escalão do futebol francês, após vitória da equipa orientada por Carlos Secretário em Sedan (0x2).
Os três primeiros acompanharam o treinador luso logo no arranque da temporada, enquanto que Edgar chegou apenas em janeiro. O que tinham em comum? Todos já tinham trabalhado com Secretário no passado, algo que facilitou na hora da decisão. O projeto era ambicioso e o objetivo era claro. Resultado? Subida de divisão!
México. França. Macau. Com espírito mais «aventureiro», Muxa não teve dúvidas quando recebeu o convite. «Aceitei logo!» O defesa/médio já tinha subido de divisão no US Lusitanos com Carlos Secretário e sabia o que ia encontrar no Créteil. Foi ele que tranquilizou os colegas.
«No início estavam com algum receio por ser uma 4.ª divisão e também por não saberem bem o que esperar do clube. É normal. Para mim, não era algo novo e disse-lhes que deviam arriscar e que estaria aqui para os ajudar no que fosse preciso. Graças a Deus correu tudo bem. Agora podem-me agradecer. [risos] Aprenderam a viver sozinhos e a terem outras responsabilidades que não tinham antes», conta Muxa, em conversa com o zerozero.
«Já tinha recebido a proposta no início da época, mas rejeitei. Fui mantendo o contacto com os meus colegas e a oportunidade surgiu de novo em janeiro. Aí decidi aceitar. Mas posso dizer que os primeiros meses não foram fáceis. A vida de emigrante é muito complicada. Passei os piores meses da minha vida no início... Mas, felizmente, contei com o apoio dos meus colegas e não estou nada arrependido da decisão que tomei», revela o central Edgar.
A adaptação a um futebol «mais físico, mais rápido» e «menos tático» foi o primeiro impacto para a armada lusa. E se em termos de qualidade as comparações para o futebol português são evitadas, há outros fatores que são claramente «incomparáveis», mesmo estando perante uma equipa da quarta divisão gaulesa.
«O contexto é diferente. É uma experiência completamente profissional. O Créteil dá-nos todas as condições para estarmos focados no nosso trabalho e não mais do que isso. É um clube muito acima da média para a divisão em que está inserido e arrisco dizer que só encontramos paralelo em alguns clubes da segunda liga portuguesa com alguma estaleca», completa Edgar.
«Muito, muito profissional! Não nos faltam com nada e temos condições muito boas», corrobora o médio Fábio Pereira.
Melhor ataque. Melhor defesa. Subida confirmada a quatro jornadas do final do Campeonato. Um percurso fantástico e que se explica com ingredientes muito simples: competência e união.
«Pode não parecer, mas o campeonato foi muito difícil. Segredo? O balneário. O clube esteve sempre muito unido. Nunca nos deixámos afetar pelos momentos menos positivos e agora estamos a celebrar a subida», acrescenta Fábio.
«O trabalho desenvolvido pela equipa técnica foi muito importante. Para nós [portugueses] foi um pouco mais fácil, pois já conhecíamos os métodos de trabalho da equipa técnica, mas o resto do grupo interpretou na perfeição tudo aquilo que foi pedido. A união e a competência foram fatores determinantes para este sucesso, sem dúvida», completa Pardal.
… é difícil voltar ao país. Só um bom projeto, numa das ligas profissionais, poderia alterar o sentimento dos quatro portugueses em relação ao futuro. E não é por não gostarem de Portugal.
«Infelizmente, não conseguimos ter em Portugal metade das condições que temos aqui. É uma pena, pois o nosso futebol tem tudo para ser muito mais do que é…», aponta Edgar.
«É difícil estar longe, mas o futebol aqui está muito acima do que se encontra em Portugal. As coisas aí não estão como deveriam estar e por isso penso continuar por fora», garante Fábio.
«Perdemos datas, momentos especiais… É um sacrifício que se faz por amor ao futebol. Portugal? Não é fácil. Só se aparecer um bom projeto», atira Muxa.
«Não escondo que gostava de ter uma oportunidade numa liga superior em Portugal, mas aqui tenho tudo aquilo que nunca tive aí… Custa dizer isto, mas é a realidade. Gosto muito do nosso país, tenho saudades da minha família e amigos, mas penso que o futuro deve continuar pelo estrangeiro», remata Pardal.
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