Quando Medellín se quis vingar no Eintracht Frankfurt pela morte de Pablo Escobar

Os 120 anos de história do Eintracht Frankfurt são ricos em episódios dentro e fora dos relvados por onde passou o histórico emblema alemão. Dos poucos títulos conquistados (nove) às quedas nos escalões secundários, passando por eventos surreais, aconteceu de tudo um pouco à “Diva do Main”, que esta quinta-feira (20h) procura estender a perna ao Benfica no caminho para as meias-finais da Liga Europa.

Entre jogadores transportados no porta-bagagem, treinadores enrolados em tapeçaria ou um relvado encharcado para não irem a jogo (veja o slideshow), há uma história que se eleva do álbum de experiências mirabolantes das “águias” de Frankfurt. Aconteceu em maio de 1994, pouco depois da Páscoa, e colocou, literalmente, o Eintracht na “linha de fogo”.

Bode expiatório numa guerra alheia

Pouco antes do arranque do Campeonato do Mundo dos Estados Unidos, o conjunto alemão foi convidado pela Federação Colombiana de Futebol para um encontro particular com a seleção local, em Medellín. Uma situação pouco comum, mas que permitiria ao Eintracht encaixar “apetitosos” 100 mil dólares; e logo aí a coisa correu mal…

Só no dia do jogo é que o montante ficou combinado, e quando o dirigente colombiano chegou para pagar o cachê – em notas distribuídas em dois sacos -, faltavam cinco mil dólares. Os alemães perceberam de imediato de onde vinha o dinheiro e optaram por não regatear o valor em falta. Mas o pior ainda estava para vir, depois da derrota por 4x0 dentro de campo.

Na viagem de regresso ao hotel houve uma tentativa de atentado contra o autocarro do Eintracht Frankfurt. A comitiva alemã não foi atingida, mas de acordo com relatos da altura houve cinco vítimas mortais em resultado da explosão de uma bomba junto a um dos carros da polícia que fazia a escolta. Os apoiantes de Pablo Escobar tinham passado à ação depois de várias ameaças de morte antes do encontro, que forçaram a equipa a permanecer ininterruptamente no hotel até à hora do jogo.

Seis meses antes…

No epicentro desta sede de vingança estava, desde logo, a morte de Pablo Escobar no início de dezembro de 1993, mas sobretudo um acontecimento ocorrido pouco tempo antes, em novembro, quando a mulher e os filhos do barão da droga tinham viajado para Frankfurt na tentativa de encontrar asilo e escapar ao cerco cada vez mais apertado em torno do líder do cartel de Medellín.

No entanto, e a pedido do governo colombiano, as autoridades alemãs recusaram a entrada de Maria Victoría Henao (esposa), Manuela Escobar (filha) e Juan Pablo Escobar (filho) no país, repatriando-os de imediato. Pouco depois, Pablo Escobar era morto a tiro por uma unidade especial montada por agentes americanos e colombianos, levando os apoiantes de Escobar a procurar vingança no Eintracht de Frankfurt.