Foi com um empate (0x0) que Portugal arrancou a fase de qualificação para o Campeonato da Europa de 2020. A seleção portuguesa jogou praticamente noventa minutos no meio-campo da Ucrânia, mas foi sempre ineficaz na altura de procurar o golo. Quando os espaços apareceram, apareceu também Piatov. O guarda-redes ucraniano manchou o regresso de Cristiano Ronaldo, com duas defesas que impediram os festejos portugueses ainda na primeira parte.
A segunda parte foi ligeiramente melhor nos momentos com bola, mas igualmente ineficaz na hora de finalizar. No entanto, o empate acaba por ficar manchado por um lance já nos descontos, quando o árbitro francês não assinalou grande penalidade após falta de Dyego Sousa. Podia ter sido um começo bem melhor, podia...
Foi saborosa a conquista do Europeu de 2016, mas os portugueses querem mais e olham para o Campeonato da Europa de 2020 com ambição. A caminhada começou no Estádio da Luz, onde Portugal tem sido feliz, e onde se procurava um arranque positivo para evitar as contas tão características de um passado não tão distante quanto isso. Ganhar em casa, diante de um dos candidatos, era obrigatório. Se não o fosse pela primeira jornada, pelo menos pelo estatuto com que Portugal entra para esta fase de qualificação.
Não é só o estatuto. Portugal parece, hoje, uma equipa mais consolidada, com mais qualidade individual e mais capaz no processo coletivo. Pelo menos era isso que os jogos mais recentes nos diziam. Antes da partida olhou-se muito para o regresso de Cristiano Ronaldo e menos para o grupo, que pareceu sentir as diferenças com o regresso do capitão. Não por culpa de Cristiano Ronaldo, mas pareceu uma espécie de tendência natural. O capitão resolve, pensava-se.
Portugal entrou forte no jogo e muito capaz na pressão, perante uma seleção ucraniana com dificuldades para criar jogo com bola. Limitados desde trás, os jogadores ucranianos foram cometendo algumas falhas e Cristiano foi quem as procurou aproveitar. Mas se a defesa ucraniana estava longe de estar no ponto, o mesmo não se pode dizer do guarda-redes. Piatov mostrou capacidade de liderança e num duelo de capitães foi levando a melhor, mostrando reflexos para travar dois remates de Cristiano ao primeiro poste.
Houve uma superioridade clara da equipa portuguesa, mas faltou qualidade atacante. A tal procura em excesso da referência juntou-se a uma quantidade exagerada de futebol direto. Com isto, Bernardo Silva estava desaparecido e Cancelo não estava a conseguir dar a preciosa ajuda ofensiva que costuma dar, ao contrário do que vinha fazendo Raphael Guerreiro no lado oposto. Com o nulo, Fernando Santos sabia o que era preciso para pôr a equipa a jogar e Portugal entrou igualmente dominante (Rui Patrício teve uma das partidas mais tranquilas dos últimos tempos), mas um pouco menos ansiosa quando tinha bola. Pelo menos enquanto o tempo não ia apertando.
Ainda antes de fazer substituições, Fernando Santos procurou mexer um pouco as peças. Bernardo Silva encontrou a influência que não tinha tido no primeiro tempo, mas a companhia continuou a faltar. William e Moutinho ficaram mais próximos no miolo e isso acrescentou qualidade com bola, só que foi sempre faltando maior agressividade no momento de atacar a baliza de Piatov, capacidade individual e rasgos no um para um. Portugal ia desaparecendo numa teia defensiva ucraniana, orientada por um ex-avançado que mostrou saber defender.
À procura de dar mais verticalidade e velocidade, Fernando Santos lançou Rafa e retirou Rúben Neves. A alteração teve impacto nos minutos que se seguiram, mas uma vez mais acabou por ser inconsequente. William subiu muito de rendimento e procurou mais passes verticais, mas a partir da área ucraniana parecia que nada funcionava. Cristiano foi desaparecendo e André Silva só se viu com um remate que elevou Piatov a homem do jogo. As correções de Fernando Santos iam tendo algum efeito, mas Portugal continuava a ser inconsequente com bola e o passar do tempo só fez com que isso fosse piorando.
Sem cabeça e com coração, Portugal foi à procura de um golo da vitória que nunca surgiu. Dyego Sousa ainda caiu na área e acalentou as esperanças dos portugueses, que pediam grande penalidade sobre o recém-internacional português. Turpin não entendeu assim e Portugal acaba por empatar no arranque da caminhada. Não foi à campeão.