Concordará comigo se lhe disser que a edição 18/19 da Liga NOS está a ser um filme bem melhor do que muitos daqueles que estavam nomeados para os Óscares. A luta pela manutenção acaba por ser melhor que as cantorias de Bradley Cooper e Lady Gaga. A história do Moreirense é bem melhor que o Black Panther e a montanha-russa que é o Sporting é superior a Roma. Para terminar, meus amigos, a luta pelo título entre Benfica e FC Porto está bem ao nível de Bohemian Rhapsody.
No filme que é a Liga tivemos um importante capítulo este sábado. O Benfica, um dos coprotagonistas, venceu no Estádio do Dragão por 1x2 e, depois de entrar em 2019 a sete pontos do FC Porto, agora já tem dois de avanço (sendo que acabam por ser três). O outro protagonista da luta pelo título voltou a perder (uma volta depois) e, após ter sido apelidado como «o próximo campeão», volta a ter de correr atrás.
O filme deste jogo começa nos bancos, especialmente no de Sérgio Conceição. Talvez ainda de castigo, Militão ficou no banco e Manafá foi lançado. A outra aposta «surpreendente» passou por Adrián López. Se o espanhol deu bem conta de si, o lateral acabou por ser um dos piores em campo.
Já Lage manteve a sua estrutura e, principalmente, manteve as dinâmicas que estão a tornar o Benfica uma verdadeira máquina de soluções ofensivas.
E, com espaço, aparecem os erros e os bons momentos. O FC Porto fazia o seu jogo normal, explorando Marega. Fosse com bola nas costas da defesa ou no lançamento direto para a receção do maliano, a equipa de Conceição fazia desse aproveitamento a sua principal arma. Outra das armas era Brahimi. Fosse na esquerda ou no meio (para convidar a subida de Telles), o argelino estava naqueles dias em que queria assumir o jogo e em que queria fintar tudo. Por vezes exagerou, mas também veio de um lance desses o primeiro golo.
Aos 19 minutos, numa cena que podia ter sido de um filme nomeado para os Óscares, Adrián López fez o 1x0. Um jogador que foi uma das contratações mais caras da era Lopetegui, que foi proscrito, dispensado e emprestado, teve o seu momento de redenção (qual Rocky) ao marcar na recarga ao seu próprio livre.
A reação encarnada veio pouco depois e contou com uma ajuda...do FC Porto. Uma sucessão de erros (Brahimi, Adrián e Manafá) permitiu uma recuperação a Gabriel e permitiu a Seferovic deixar Félix isolado para o golo.
E foi esse golo que soltou o Benfica e, especialmente, João Félix. A equipa de Lage passou a mostrar muito mais soluções ofensivas, contrastando com a equipa de Conceição. Pizzi acabava por partir da direita para estar no centro de tudo e, perto do intervalo, inventou a jogada que deixou Seferovic na cara de Casillas. Valeu ao FC Porto que o remate saiu à figura.
Foi através do extremo português que surgiu o momento do jogo e aquela que pode ser a cena principal do filme que é o Campeonato. Corrida, combinação com Pizzi e remate rasteiro para o 1x2.
Depois do golo entrou o homem que se notava que fazia falta a FC Porto, Tiquinho Soares. E quando falo de fazer falta não estou apenas a falar da questão goleadora do brasileiro, estou a falar das dificuldades que os dragões estavam a ter na construção, percebendo-se que o jogo direto nos dois possantes avançados podia ser mesmo a melhor solução.
Cumpriu-se esse jogo direto e ainda mais depois da expulsão de Gabriel. Marega e Soares foram solicitados em permanência e, por várias vezes ganharam espaço na área, faltando depois uma melhor definição aos lances. A melhor oportunidade até acabou por surgir por Felipe numa bola parada, atirando de cabeça à barra.
A transformação do Benfica acaba de dar a liderança isolada do campeonato e, honestamente, quem via os encarnados jogarem nos primeiros quatro meses de temporada nunca arriscaria este cenário. A equipa de Lage venceu com clareza em Alvalade e agora venceu no Dragão o campeão nacional e a equipa que seguia no 1º lugar. Agora os holofotes estão sobre a formação lisboeta e passam a ser eles os atores principais deste apaixonante filme que é a Liga NOS. Faltam 10 cenas...