*com Ricardo Lestre
Calma, caro leitor. Não é nosso objetivo fazer comparações futebolísticas nem sequer indicar futuros craques mundiais. Mas o que tem acontecido em Portugal nas últimas semanas com João Félix, talentoso jogador do Benfica que Bruno Lage tem lançado para a ribalta, é basicamente o que está a acontecer em Itália com Nicolò Zaniolo.
Contextos diferentes. Não que o Benfica esteja a fazer grande época, mas a campanha da Roma tem sido pior em termos internos. A equipa caiu com estrondo da taça e no campeonato a luta realista é, no máximo dos máximos, pelo terceiro lugar.
Zaniolo apareceu como um presente. No verão, o Inter quis aproveitar o irreverente Nainggolan para que Spalletti o levasse ao rendimento que teve quando os dois trabalharam em Roma, e portanto fez a ofensiva que levaria a Roma a aceitar: 24 milhões de euros, mais Davide Santon e este jovem rapaz. Parecia barato, o belga...
A presença nessa competição fez com que chegasse já a meio da pré-época aos trabalhos da equipa de Di Francesco, pelo que teve de aguardar pela oportunidade. Estreia em pleno Santiago Bernabéu (3x0), mais espera e, por fim, uma consolidação entre as opções do técnico.
Ora mais à frente, ora mais no meio-campo, ora mais encostado à linha, ora mais dentro (que é a sua praia), Zaniolo foi ganhando pontos, qual ponto de refúgio para os adeptos, por entre várias amarguras e inúmeras críticas ao treinador.
Aliás, um pormenor riquíssimo para explicar: Mancini chamou-o à seleção ainda antes de se ter estreado pela Roma.
Como acontece com milhares de jogadores, em Portugal, Itália ou noutro canto qualquer, também com Zaniolo foi necessário sair da zona de conforto para singrar.
Primeiro, foi muito novo de Massa (litoral) para Florença (interior), onde apareceu nas camadas jovens da Fiorentina. Depois, à procura de ganhar mais rapidamente traquejo de sénior, foi para o Virtus Entella jogar a Série B, com apenas 17 anos. Foi decisivo.
«A Juventus e o Inter queriam-me, mas eu escolhi o Inter porque achei que era o projeto mais certo para mim», disse, na altura, em entrevista ao Ultimo Uomo. Uma escolha que traria protagonismo na equipa Primavera (equivalente aos juniores), onde os seus vários golos ajudaram à conquista do título e à ida ao tal Campeonato da Europa de sub-19.
Falamos de um médio com uma imponente estampa física, para um jovem de apenas 19 anos. O esquerdino, que até atua preferencialmente pela direita, é também uma excelente opção para jogar atrás do ponta de lança, como segundo avançado, embora a Roma não atue num sistema com essa posição
As expectativas em Itália são enormes, em Roma ainda mais. Mesmo não sendo o mesmo registo, até porque Totti era destro e formou-se no clube, há a crença de que Zaniolo possa chegar próximo do grande ídolo da cidade.
«Zaniolo é explosivo e ele joga de uma forma pouco usual. Se ele continuar assim, vai tornar-se num grande jogador. Mas não digam isto já porque, caso isso mude, a culpa será minha», brincou o eterno capitão.
2-1 | ||
Nicolò Zaniolo 70' 76' | Adrián López 79' |