Se lhe dissermos o nome Pádraig Amond, provavelmente fica na mesma. E, temos de admitir, tem boas razões para isso. É um jogador virtualmente desconhecido para o público geral e só os adeptos do Paços de Ferreira têm motivos para o conhecer, mas já lá vamos.
Vamos começar por apresentar Amond. Nascido em Carlow, na República da Irlanda, este avançado de 30 anos saltou para a ribalta no passado domingo, ao marcar o golo que atirou o Leicester para fora da Taça de Inglaterra. O clube autor do feito foi o Newport County, do 4º escalão do futebol inglês.
Mas, caro leitor, acredite no que lhe vamos dizer: Pádraig Amond é muito mais do que um jogador que um dia marcou um golo, numa das muitas surpresas da Taça de Inglaterra.
Amod já jogou em Portugal, no Paços de Ferreira, e foi orientado por Rui Vitória, jogando ao lado de jogadores como Pizzi ou Nélson Oliveira. Foi nos castores que negou a André Villas-Boas e ao FC Porto a possibilidade de igualarem o melhor registo de uma equipa no Campeonato Nacional, ao empatar a 3x3 no Estádio do Dragão, em 10/11. Com esse resultado, o FC Porto terminou a Liga com três empates, quando o melhor registo eram dois.
Para além desse feito, este jogador ainda tem o feito de ter enfrentado Cristiano Ronaldo na sua estreia pelo Real Madrid, num particular no verão de 2009, no Algarve.
O zerozero falou com o jogador irlandês e, como não podia deixar de ser, a sua passagem por Portugal foi o principal tema de conversa.
Foi então contratado pelo Paços no verão de 2010 e fez a temporada 10/11 na equipa portuguesa. Foi aí que se cruzou com Rui Vitória, treinador da equipa pacense, e com Pizzi, na altura uma figura emergente do futebol português. Sobre os dois tem a dizer isto:
«Não me admirei nada com o sucesso dos dois. O Rui Vitória era um treinador excecional, um verdadeiro Manager. Tanto a treinar, como a gerir o plantel era impressionante. Não falava um inglês perfeito, mas aprendeu para me poder ajudar. O Pizzi era um prodígio. Lembro-me do jogo em que marcou três golos no Dragão, numa partida em que até ficamos a jogar com um a menos. No final lembro-me de achar que estava ali um verdadeiro craque», acrescentou.
Sobre esse jogo no Dragão, Amond (que entrou perto do fim) assume que conheceu o jogador que é a sua referência e o seu ídolo. Falamos de Radamel Falcao, que até bisou. Apesar de ter o colombiano como ídolo, o irlandês revelou que na sua passagem por Portugal houve alguém que o deixou encantado, até por ser uma habitual contratação sua no Championship Manager.
«Sem dúvida, o Pablo Aimar. Eu conhecia-o do FIFA e de o ter no Championship Manager. De repente, estava a vê-lo jogar. Lembro-me de um jogo que tivemos no Estádio da Luz. Perdemos por 2x0 e um dos golos foi apontado por ele. Pegou na bola na zona do meio-campo fintou uma série de jogadores nossos e marcou um golaço à entrada da área. Pensei para mim: Não posso ficar muito espantado porque o jogo está a dar na televisão...», brincou.
A passagem por Portugal durou apenas uma temporada, mas deixou marcas no jogador. «Adorei o ano em Portugal e não me importava de voltar». Nesse ano, os castores foram a final da Taça da Liga e terminaram a liga no 7º posto.
Outro dos motivos de conversa entre o zerozero e Pádraig Amond foi aquele particular contra o Real Madrid, quando estava no Shamrock Rovers. O jogador revela que foi um dia marcante.
«Lembro-me bem desse jogo. Era a estreia do Cristiano Ronaldo e acho que nunca tinha visto tanta câmara e tanto jornalista atrás de uma só pessoa. Era verdadeiramente impressionante», começou por dizer. Já sobre o jogo em si, Amond contou uma situação curiosa. Quando lhe foi atribuído o jogador para marcar nos pontapés de canto começou por não conhecer o nome que estava na ficha, sendo que depois se assustou quando viu que era...Pepe.
Para terminar, Amond falou-nos um pouco da eliminatória contra o Leicester, no passado domingo, lembrando-nos do que já tinha feito na temporada passada.
«Não estava nervoso quando fui marcar a grande penalidade. Estaria se estivessémos a perder. Foi um grande feito e acabou por apagar um pouco o que aconteceu na temporada passada. Também marquei um golo ao Tottenham, mas já perto do fim o Harry Kane empatou o jogo e depois na repetição do jogo em Wembley eles não nos deram hipótese. Foi um dos meu grandes feitos no futebol e é para estes momentos que nos tornamos jogadores de futebol», concluiu.