Um registo histórico, naturalmente muito «gratificante» para o clube de Alvalade, que abriu espaço para as jovens jogadoras há três anos, com condições de excelência, mas também revelador de um nível de competitividade (ou falta dele, neste caso) que levanta algumas questões sobre os quadros competitivos, especialmente no futebol feminino de formação.
«A competitividade ainda é muito baixa, especialmente nos escalões de formação e os quadros competitivos não são os melhores, infelizmente. Terminámos a primeira volta agora, quando os campeonatos masculinos de iniciados ou juvenis, por exemplo, já estão na segunda fase. Isto quer dizer que temos muitos jogos contra equipas menos competitivas na primeira fase e depois a segunda fase é muito curta: apenas seis jogos. Além disso, as equipas do Norte e do Sul nunca se defrontam porque os quadros competitivos não o permitem», esclarece Mariana Cabral, treinadora das equipas de juniores e B do Sporting, em conversa com o zerozero.
Sobre o expressivo resultado, Mariana é clara: «A questão do 26x0 é marcante porque é um recorde, mas não nos traz grande benefício, na verdade. Preferíamos ter jogos todas as semanas mais competitivos, que ficassem 1x0 ou 2x1, empatássemos ou perdêssemos, do que assim…», assinala.
61 golos marcados e quatro sofridos. A equipa de juniores do Sporting apresenta uma média superior a seis golos por jogo. Números impressionantes, mas que nem sempre são entendidos da melhor forma por alguns dos intervenientes do jogo.
«Por vezes, somos criticados por querermos ganhar e marcar o máximo de golos possível. Nós entendemos que qualquer jogo deve ser levado a sério e facilitar nos jogos mais acessíveis é completamente contrário ao espírito daquilo que nós queremos. E, algumas dessas, dizem que não temos humildade, mas a verdade é que facilitar é que seria uma falta de respeito pelos adversários», revela Mariana Cabral ao nosso site.
Parabéns às nossas Leoas juniores pelo grande resultado de sábado! Venceram o Rio de Mouro por 26-0! 💚💪🏼 pic.twitter.com/YOEXGdtKgZ
— Sporting CP Futebol Feminino (@FutFemSCP) December 10, 2018
Apesar de todas as dores de crescimento e de ainda faltarem alguns passos na formação, o futebol feminino português, na generalidade, tem evoluído de uma forma estrondosa e é «emocionante» ver o rumo que a modalidade está a seguir no nosso país, sobretudo para quem acompanha o fenómeno há vários anos.
«Sei as condições que tínhamos quando eu era jogadora [no 1.º Dezembro]. Há um mundo de diferenças e acredito que a tendência seja sempre para melhorar cada vez mais. As jogadoras portuguesas sempre tiveram qualidade, só que precisavam de condições e espaço para evoluírem. Agora já têm esse espaço», analisa a treinadora das jovens leoas.
«Ver este crescimento é emocionante. Lembro-me de entrar no estádio de Alvalade no primeiro jogo entre Sporting e SC Braga (1x0), ver aquilo cheio e soltar uma lágrima. Foi marcante. Pensar no crescimento que houve… Há cinco anos havia pouco e agora parece que há muito. É muito bom ver esse crescimento para quem está ligado à modalidade e para quem trabalha todos os dias para que o futebol feminino seja melhor», justifica.
26-0 | ||
Vera Cid 2' 16' 26' Marta Ferreira 4' 12' 13' 17' 37' 39' 46' 58' Margarida Caniço 9' 14' 22' 23' 29' 45' 50' 51' 53' Carolina Beckert 20' Andreia Jacinto 43' 55' 62' Laura Silva 61' | Patrícia Martins 54' (p.b.) |