Igual a si mesmo. O Zlatan de sempre, com as suas grandes doses de loucura, mas sincero, humilde. O astro sueco, que hoje atua no LA Galaxy, concedeu uma longa entrevista à BBC Radio 5 e abriu o livro por completo. Das dificuldades iniciais na Juventus de Capello aos tempos com Mourinho em Inglaterra, houve tempo para abordar imensos assuntos. Ah! E claro... não faltou uma boa dose de humor.
«No início não era marcar golos o que interessava, mas sim quem fazia melhores habilidades e tinha mais técnica. E eu levava isso comigo para todo o lado. Mas depois, avisaram-me: ‘Isto é alta competição, és avançado e tens de marcar golos porque se não marcares, não precisamos de ti’. E isso mudou quando cheguei à Juventus», começou por dizer.
Zlatan Ibrahimovic 31 títulos oficiais |
«Desde o primeiro treino, ouvia o Capello a gritar o meu nome e a apontar. Ele chamava jogadores da formação para cruzarem para mim e eu marcar. Todos os dias, durante 30 minutos. Às vezes, estava tão cansado que só queria para de rematar e ir para casa. Não queria ver a baliza nem o guarda-redes», revelou.
No final das contas, o trabalho árduo acabou por ser recompensador e os ilustres colegas de equipa na Vecchia Signora desempenharam um papel importante.
«No final, tornei-me uma máquina à frente da baliza. Marcar golos, sobretudo em Itália é a coisa mais difícil de fazer porque eles são taticamente muito acima da média. À minha frente, nos treinos, tinha o Thuram e o Cannavaro. E se passasse por eles, ainda tinha o Buffon. Ou seja, tinha bom ambiente para procurar os golos, que surgem com o trabalho», reforçou.
Ibrahimovic falou dos tempos no Manchester United e da lesão complicada que obrigou a uma conversa séria com José Mourinho.
«Não percebi o que estava a acontecer, nunca tinha tido uma lesão grave. Era como o Super-Homem, inquebrável, ninguém podia derrubar-me. Só Zlatan podia lesionar Zlatan. Ao Mourinho disse-lhe: ‘Não quero desiludir-te nem aos meus companheiros. Eu não posso dar-te o Zlatan quer tinhas antes da lesão porque eu não estou pronto para isso», afirmou.
Por fim, o momento de grande humor. Ibra revelou que a sua mulher «não deixa que haja fotografias» suas em casa porque esta «já o vê vezes suficientes na vida real» e afirmou que numa das paredes há... uma fotografia dos seus pés.
«Foram eles que nos deram tudo o que temos. É uma lembrança para a família. Foi isto que criou todo o alarido à minha volta: dois pés. Jogo este belo desporto com os meus pés. Mesmo sendo feios, não nos importamos. Colocámo-los na parede porque se temos comida na mesa, é graças àqueles pés que devem beijar todos os dias», disse, entre sorrisos, alertando de seguida: «Não, estou a brincar».
Ibrahimovic, um homem peculiar que veio... de um planeta muito próprio.
«Venho do meu próprio planeta, com algo que ninguém tinha visto. As pessoas veem-me de forma diferente, não me fazem sentir bem-vindo, não me fazem sentir como todos os outros, mas trouxe algo novo que as pessoas seguem. Eu venho do meu próprio planeta, o Planeta Zlatan», finalizou.