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    Treinador do Lusitano FCV em entrevista ao zerozero

    Rogério Sousa: «Não podemos encher o balão todo e à primeira alfinetada esvaziar logo»

    *Parte 3/3 da reportagem sobre o Lusitano FCV

    Mais de 30 anos ligado ao futebol e sempre em Viseu. O percurso de Rogério Sousa, um viseense de gema, é bastante singular. O treinador do Lusitano Vildemoinhos começou o percurso enquanto futebolista no Académico de Viseu, onde chegou a ser profissional durante vários anos, antes de passar pelo Penalva Castelo e Viseu Benfica.

    Rogério Sousa
    Lusitano FCV
    Total

    83 Jogos
    44 Vitórias
    15 Empates
    24 Derrotas

    133 Golos
    80 Golos sofridos

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    A carreira de treinador foi iniciada também no distrito de Viseu e por lá continua. Nos Trambelos, mais precisamente. Foi lá que conversámos com o técnico de um clube que, por estes dias, vive num mundo completamente 'novo', muito por culpa do encontro com o Sporting, a contar para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal.

    David contra Golias. Profissional contra amador. Uma luta muito desigual ao nível de recursos, mas que não fica nada atrás em termos de paixão. Só assim se explica a boa disposição depois de um longo dia de trabalho antes de começar mais um treino.

    Depois de oito horas a desempenhar funções de comercial no ramo automóvel, Rogério Sousa muda o «chip» e dedica mais umas quantas ao futebol. O mesmo acontece com a maioria dos jogadores. «Não é fácil», diz-nos. Mas a paixão supera tudo.

    O jogo frente ao Sporting é acima de tudo um «prémio». Para todos aqueles que tornaram isto possível.

    «Ansiedade? Não vale a pena estar a controlar nada»

    zerozero (ZZ): Começava com um pequeno exercício de memória. 29 de dezembro de 2001. Esta data diz-lhe alguma coisa?

    Rogério Sousa (RS): Não, sinceramente não… [risos]

    ZZ: Foi a última vez que um denominado grande jogou em Viseu… E o Rogério jogava na equipa do Académico.

    RS: É verdade! Contra o FC Porto, é verdade...

    ZZ: Muitos anos depois, Viseu volta a receber um grande. Recorde-me como foi a reação ao sorteio.

    RS: Foi bom, era uma expectativa que os jogadores já tinham e eu também. É sempre bom. Para clubes da dimensão do Lusitano é sempre muito interessante, tanto mediaticamente como desportivamente e monetariamente. Na altura, eu estava a trabalhar e nem estava a conseguir ver o sorteio, mas recebi logo muitas chamadas de atletas, colegas e amigos. Fiquei contente pelo clube.

    ZZ: O Rogério é um viseense de gema. Toda a carreira enquanto jogador por Viseu e agora também enquanto treinador. Como é viver este momento na sua cidade?

    RS: É bom. Temos agora o Tondela na Liga, mas a cidade de Viseu anda arredada destes confrontos há algum tempo. E este jogo vem um pouco recordar essa época. Nota-se nisso na mobilização. Tenho tido imensos contactos a pedir bilhetes e a perguntar quando é o jogo. A cidade está mobilizada e há um entusiasmo pela cidade. Isso também é bom para o clube, pois podemos chamar as pessoas para o Lusitano, que merece ser acarinhado pela cidade de Viseu, sobretudo pelo trabalho que tem feito. Já passou um bocadinho a ideia de ser apenas o bairro de Vildemoinhos para um clube da cidade.

    ZZ: E para os jogadores. A motivação certamente não será preciso trabalhar muito, mas como se controla a possível ansiedade dos jogadores?

    RS: Não vale a pena estar a controlar nada. Isto é o real. Peço equilíbrio. Isto é bom para eles. Temos jovens com muito potencial que podem chegar a outro patamar e isto pode ser bom para eles. Agora temos de ter equilíbrio. Não podemos encher o balão todo e à primeira alfinetada esvaziar logo. Isto é bom, mas é muito melhor se conseguirmos ser competitivos.

    ZZ: Estamos a falar de jogadores que conciliam o futebol com outra área profissional. Estamos a falar de um clube humilde e amador. Isto também é um prémio para eles?

    RS: Um prémio merecido. Para alguns jogadores é vida difícil. Trabalhamos o dia todo e depois chegar aqui com o frio e termos de treinar e treinar sério. Não se faz este percurso se não trabalharmos de maneira séria. O ano passado fomos o único clube totalmente amador que conseguiu chegar à fase de subida. Estas coisas saem do corpo dos jogadores. Temos de controlar cargas de treino, mas é um prémio sem dúvida. É em certa medida um compensar todo o sacrifício que fazem no dia a dia. Vão ter a alegria de jogar contra um clube grande e defrontar os ídolos. Isso é muito bom.

    ZZ: Dentro das dificuldades, a verdade é que o Lusitano tem feito um percurso muito interessante no seu Campeonato, como o Rogério referiu ainda agora. Qual é o segredo?

    RS: Logicamente que o segredo é o trabalho. O clube mesmo sendo humilde é organizado. Nota-se nos resultados. Depois temos alguma sorte que os jogadores da zona [de Viseu] têm potencial enorme e o trabalho dita os bons resultados.

    Oito horas para o trabalho e mais cinco para o futebol  

    ZZ E a nível pessoal. É o reviver de tempos passados?

    RS: É um desafio muito grande. Mas há uma diferença grande. Eu era profissional e podia-me focar nisto a 100%, aqui é dificuldade imensa. Tenho trabalho, tenho de me focar 8 horas no meu trabalho e depois tenho de desligar o ‘chip’ e focar-me mais 4 ou 5 horas no futebol. Não é fácil. Às vezes eu e a equipa técnica comemos em 10 minutos para termos depois uma hora e meia para planear o treino. Isto é extremamente difícil. Enquanto não houver oportunidade, temos de nos safar assim. Mas temos nos safado bem porque o plantel tem qualidade.

    ZZ: Mostraram contra o Nacional que é possível eliminar algumas barreiras. Mas agora o Sporting é um desafio ainda mais complicado. É possível vencer este Sporting ou estamos a falar em algo utópico?

    RS: Não podemos dizer que não é possível. Sabemos que a dificuldade é imensa. Nem falo em orçamentos que não tem nada a ver. Falo em questões de trabalho. Temos 4 sessões de trabalho por semana em que temos de meter tudo. Trabalho de campo, observação e físico. A grande diferença é essa. Se conseguíssemos trabalhar mais vezes, as diferenças seriam menores.

    O Sporting é super favorito, mas temos uma réstia. Vamos agarrar-nos a ela. Vamos ser competitivos. O Nacional viu uma equipa jogar bem e com o Sporting vamos tentar que seja da mesma maneira. Naquela margem mínima que existe, acredito que podemos dar luta ao Sporting.

    ZZ: Fica talvez a mágoa por o jogo não ser aqui nos Trambelos?

    RS: Sim, logicamente… O público merecia isso e a verdade é que nos sentíamos mais à vontade. Mas é compreensível. Temos de pensar além disso. O clube precisa de outras coisas e mesmo em termo de espetadores. Não conseguíamos meter aqui um terço das pessoas que querem ver o jogo. E penso que não seria justo verem aqui o Lusitano. A direção optou pelo Fontelo e temos de apoiar a decisão. Foi a decisão mais acertada.

    ZZ: Não será preciso deixar uma grande mensagem para os adeptos. O jogo por si só chega…

    RS: Espero que apoiem o Lusitano também [risos]. Há muitos sportinguistas em Viseu, mas que apoiem o Lusitano. Os nossos amigos vão apoiar o lusitano. Vamos ser competitivos, vamos dar luta e disputar o jogo…

    ZZ: Honrar o clube, a cidade e o Campeonato de Portugal. É isso?

    RS: Exatamente. Este campeonato tem equipas de grande valia, é muito competitivo e por vezes é desprezado. Há muitas equipas a fazer história. Espero que este ano seja o Lusitano. Vamos dignificar tudo isso. Acredito que vamos ser uns dignos representantes deste Campeonato.

    Veja as incidências da partida no acompanhamento feito pelo zerozero.pt.
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    Taça de Portugal: Lusitano x Sporting
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    U Sábado, 24 Novembro 2018 - 15:00
    Estádio dos Trambelos
    António Nobre
    1-4
    Diogo Braz 44'
    Bas Dost 42' 71'
    Bruno Fernandes 64'
    Abdoulay Diaby 73'

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