O trabalho do treinador é injusto, temos de admitir isso. Numa semana em que José Peseiro foi despedido, em que Rui Vitória foi tão contestado, eis que a «resposta» de Sérgio Conceição foi...ganhar um jogo no banco de suplentes. A exibição não estava famosa, o resultado também não e o treinador do FC Porto justificou o clima de adoração junto dos adeptos, tendo o rasgo tático de mexer com o tabuleiro e vencer a partida. Tantas vezes criticamos, que quando há mérito temos de o reconhecer.
Sérgio Conceição voltou a apostar em Óliver. Lançou dois pontas de lança, apoiados com dois extremos, alargando a frente de ataque. A equipa não se adaptou bem a tanta largura e quando se voltou a ver mais fechada (com a entrada de Otávio) decidiu o jogo.
Cláudio Braga, no Marítimo, reagiu com três centrais e conseguiu defender de forma acertada, mas falta muita capacidade a esta equipa insular e os lenços brancos voltaram a sair do bolso dos adeptos. A última vitória foi no início de setembro...
Os dragões tiveram algumas dificuldades em imprimir um ritmo alto na primeira parte e para isso muito contribuiu o facto de os insulares terem sempre a zona em frente da sua área muito recheada de jogadores. Isso impedia o FC Porto de trocar a bola no último terço e fazia com o espaço apenas existisse nos flancos. Tornava mais complicado o trabalho de Óliver e isso retirava qualidade.
O Marítimo explorava a velocidade e chegou mesmo a ameaçar Casillas, com Joel a obrigar o guarda-redes espanhol a uma defesa apertada. Ainda assim, a equipa de Cláudio Braga pecou sempre muito no passe para a frente. Para isso, muito contribuiu o facto do seu «playmaker», Danny, estar uma sombra do que já foi.
O FC Porto não conseguia esmagar o Marítimo, mas percebia-se que estava confortável da forma como controlava o jogo.
A reação do FC Porto veio por volta da hora de jogo. Primeiro Marega falha uma grande penalidade e depois entrou Otávio em campo para o lugar de Maxi Pereira. Esses eventos transformaram a partida e o resultado foi uma avalanche portista e dois golos.
O primeiro veio no lance mais bonito do jogo, de longe. Otávio marca após dois toques de calcanhar de Soares e Marega. Pouco depois surge o segundo golo, com Marega a aproveitar um contra-ataque de quatro para um, após um erro de Bebeto. Percebeu-se nesse momento (até se tinha percebido no 0x1) que o Marítimo não ia ter argumentos para incomodar a vitória portista. Até ao final viu-se que o FC Porto está confiante nas suas ações e a exibição acabou por ganhar alguns pontos de arte.
Não foi de inspiração, não foi de beleza máxima, mas foi uma vitória de quem tem um plantel cheio de argumentos e um treinador que conhece isso como ninguém. Uma vitória de quem sabe misturar a arte com a raça. A liderança para já é isolada e um dos rivais já ficou mais longe. Está em claro bom momento o campeão.