Depois de Qarabag e Vorskla, é a vez do Arsenal. O Sporting recebe aquele que, na teoria, é o principal adversário no grupo E da Liga Europa. As duas equipas têm seis pontos cada e em Alvalade há a primeira oportunidade para desempatar as contas.
Se no momento do sorteio José Peseiro já sabia que não ia ter tarefa fácil, as últimas partidas vieram dar ainda mais certezas ao treinador do Sporting. Num Arsenal a viver um novo ciclo após a saída de Arséne Wenger, a equipa treinada por Unai Emery parece fazer cada vez mais e melhor.
Há 10 jogos consecutivos a vencer, o Arsenal não se tem limitado a somar três pontos. Os londrinos têm voltado a apresentar um futebol atraente e com mentalidade atacante, como comprovam os 30 golos marcados em 10 partidas.
Fiel ao seu modelo de 4x2x3x1, a mobilidade dos homens da frente e a profundidade dos seus laterais fazem do Arsenal uma equipa que coloca muitos elementos no seu processo ofensivo, cada um com características distintas. O onze tem vindo a sofrer várias mexidas, também motivadas por lesões, mas comecemos esta análise com um olhar sobre os processos coletivos dos Gunners.
Arsenal chegou à 10ª vitória consecutiva 👏
É o melhor registo dos gunners desde 2007/2008 - na altura, a série terminou nos 12 triunfos seguidos pic.twitter.com/gAHBpVmILl
— playmakerstats (@playmaker_PT) 23 de outubro de 2018
O processo defensivo da equipa de Unai Emery começa imediatamente após a perda. Com a defesa junto à linha do meio-campo, o Arsenal procura sempre defender num bloco de 20 a 30 metros e quando o seu adversário tem posse tenta empurrá-lo para a sua área, fixando sempre esse bloco. Quando sobe o avançado, sobem também os defesas.
A estratégia tem resultado, mas perante equipas que sabem encontrar os espaços para o ataque ficam evidentes as dificuldades em controlar a profundidade, especialmente quando o Arsenal tem de defender pelo lado direito, onde Bellerín, apesar das melhorias evidentes, apresenta problemas posicionais.
Quanto ao processo ofensivo, o Arsenal é, sem margem para dúvidas, uma equipa de ataque. O 4x2x3x1 com que a equipa se organiza passa a 4x2x2x2, isto porque os extremos não o são verdadeiramente. Özil e Mkhitaryan, os mais utilizados, têm tendência para jogar em espaços interiores. Bellerín e Monreal fazem toda a ala enquanto os dois interiores desequilibram, com e sem bola.
Os 30 golos nos últimos 10 jogos dizem muito do que é o Arsenal no momento ofensivo. Depois de acertar a finalização (Aubameyang teve um bom início de época, mas ainda estava a afinar a mira), os Gunners têm dado um espetáculo agradável de ver. Golos, o mais importante do futebol, nascidos de momentos coletivos fantásticos e dignos de guardar para recordar mais tarde. Há muita criatividade atacante neste Arsenal, que é capaz de criar oportunidades de golo pelos flancos, na profundidade (avançados muito fortes a atacar o espaço), de bola parada ou de fora da área. É verdadeiramente um arsenal de futebol ofensivo aquele que os Gunners têm demonstrado.
As duas primeiras jornadas da Liga Europa e as lesões na equipa de Unai Emery fazem com que seja difícil adivinhar o onze escolhido pelo treinador espanhol (o zerozero apostou num onze mais próximo do habitual), por isso é também importante espreitar este Arsenal do ponto de vista individual. Analisemos os quatro setores e comecemos pela baliza.
O titular é Petr Cech, mas quem tem jogado é Bernd Leno. O experiente guarda-redes checo está lesionado e o alemão tem aproveitado a oportunidade para ganhar espaço e mostrar por que é uma melhor solução para o futebol dos Gunners. Ao contrário do checo, não sofre com a pressão ao ter a bola nos pés, algo que é muito procurado por Emery.
Na defesa, como vem sendo hábito nos Gunners, há muitos lesionados. Koscielny e Sokratis têm estado de fora, assim como Jenkinson, por isso Mustafi e Holding devem continuar a fazer dupla. O defesa inglês tem alguns problemas de concentração, algo que também acontece com Bellerín. O lateral espanhol está, aos poucos, a voltar ao nível de há duas épocas, mas mantém alguns erros de posicionamento defensivo. Do outro lado, Monreal e Kolasinac não foram convocados, por lesão, por isso Lichtsteiner deve manter-se no lado esquerdo, apesar das muitas dificuldades sentidas no jogo com o Leicester.
No setor intermédio, Torreira tem sido o elemento chave. O uruguaio trouxe equilíbrio, qualidade de passe e simplicidade de processos ao futebol dos londrinos. Guendouzi é uma agradável surpresa e um nome a ter em conta, pela forma como lê o jogo com e sem bola. Xhaka está a subir de rendimento, mas Ramsey pode dar muito mais à equipa, mesmo que ainda não tenha renovado.
Quanto ao ataque, há muito a dizer, mas tentamos resumir. Aubameyang tem uma média de 0,75 golos/jogo com a camisola do Arsenal, marca quando é titular ou quando sai do banco, Lacazette está a dar seguimento à última época e já mostrou bom entendimento com o gabonês (uma dupla temível, na verdade), Welbeck é um elemento importante para o ataque à profundidade e que também gosta de procurar espaços interiores. Depois há os vagabundos.
Iwobi e Mkhitaryan fazem a diferença com a sua mobilidade e capacidade de trabalho, mas é com Özil que temos de terminar a nossa análise. O internacional alemão está a fazer um início de época como há muito não se via e dá um perfume diferente ao futebol do Arsenal. Um número 10 à moda antiga, menosprezado pelo futebol moderno que prefere os guerreiros aos artistas. Peseiro não acredita na titularidade do alemão, mas os apaixonados do futebol esperam que o técnico leonino esteja enganado.