O pós-LeBron (Parte 2)

Após as principais movimentações da offseason terem ocorrido, os fãs da NBA esperam ansiosamente pelo regresso da competição, marcado para o dia 17 de outubro. Durante as próximas semanas, o zerozero vai-lhe trazer antevisões de todas as 30 equipas da melhor liga de basquetebol do mundo.

Lutar pelo sucesso sem LeBron

*Texto de Márcio Pereira

Quando LeBron James deixou os Cleveland Cavaliers em 2010, a equipa ficou de rastos. Sem um plantel competitivo e sem jogadores promissores, Cleveland passou quatro anos como uma das piores equipas da liga. Tudo mudou quando o King regressou em 2014 e conquistou o primeiro título de campeão do franchise dois anos depois. No entanto, o inevitável voltou a acontecer. LeBron pegou novamente nos seus talentos e rumou este verão até à costa Oeste. Sem o melhor jogador do mundo, a equipa parece ter deixado de ser assunto na conferência Este. O filme da era pós-James em Cleveland ganhou uma nova sequela e os atuais detentores do título de campeão do Este e vice-campeões da NBA, entram para a nova época com aspirações, digamos que, invariavelmente mais modestas.

Habituados a ter bons jogadores, a equipa dos Cavs perdeu os seus dois franchise players no espaço de pouco mais de um ano. Primeiro Kyrie Irving para os Boston Celtics no início da época passada e depois LeBron James para os Los Angeles Lakers neste verão. O quarto lugar na fase regular, a mudança de grande parte do elenco a apenas dois meses de começar os playoffs e a «varridela» de 4-0 aplicada pelos Golden State Warriors nas últimas finais, faziam adivinhar a saída do King. E, qualquer equipa fica mais fraca quando perde o melhor jogador do mundo. Cleveland não será exceção. Na impossibilidade de substituir James, a offseason acabou por ser um pouco tímida.

Collin Sexton foi escolhido na oitava posição do Draft 2018 ©Getty / Mike Stobe

Para além de LeBron, também José Calderón (Detroit Pistons), Jeff Green (Washington Wizards), Okaro White (San Antonio Spurs), Kendrick Perkins e London Perrantes, não integrarão o plantel este ano. Ao passo que as únicas adições feitas ao elenco foram o ex-Chicago Bulls David Nwaba, o ex-Los Angeles Lakers Channing Frye (que volta pela segunda vez a Cleveland), o ex-Los Angeles Clippers Sam Dekker e o rookie Collin Sexton. Apelidado de Young Bull, Sexton traz no seu currículo poder de explosão e velocidade, uma veia competitiva pouco usual num novato, e a facilidade em criar jogadas tanto para si como para os colegas. Escolhido na 8ª posição no draft, Cleveland pode ter encontrado aqui o playmaker que precisavam. Sob o acompanhamento de jogadores mais experientes como George Hill e com muitos minutos à sua espera no seu primeiro ano na liga, a sua candidatura para o troféu Rookie of the Year está lançada. As restantes caras mantêm-se do ano anterior.

No total, 10 dos 15 jogadores que disputaram a final do ano passado ainda estão no plantel. O treinador Tyronn Lue (já fora da sombra de LeBron) tem este ano a oportunidade de mostrar o porquê de esta ser já a sua 4ª época à frente de Cleveland, depois de anos a ver o seu trabalho ser criticado e a sua autoridade, enquanto treinador, questionada. Sob os seus comandados, será Kevin Love a assumir o papel de novo “dono” da equipa depois do papel de terceiro homem que lhe foi atribuído nas três primeiras épocas. Será pouco provável que seja capaz de voltar aos tempos nos Timberwolves em que fazia temporadas de 26 PTS e 13 RES de média e voltar a ser um dos extremos-poste mais dominantes da liga. 

Na defesa, mesmo com LeBron James a equipa não sabia defender. Muitas vezes desorganizados, outras vezes desatentos e principalmente por incompetência, os Cavs nunca souberam arranjar solução a lacuna do seu jogo que se encontrava no meio campo defensivo. Com isto em mente, não se pode esperar este ano um melhor desempenho na defesa. No ataque, a equipa perdeu aquele que marcava pontos, aquele que fazia assistências, aquele para quem a bola ia a poucos segundos do fim… basicamente, perdeu tudo. Talvez irá estar em Kevin Love a maior referência atacante este ano, mas quem acompanhou Cleveland o ano passado viu que o ataque da equipa não funcionava sem o King. Collin Sexton parece a opção viável para tentar produzir alguma coisa ofensivamente, mas Lue já veio dizer que George Hill será o base titular. Já J.R. Smith e Kyle Korver serão as referências para o lançamento exterior, no entanto a sua eficácia é muito menor quando têm de criar o seu próprio lançamento. Era LeBron que criava na, maioria das vezes, o lançamento de três pontos para estes dois jogadores, e agora na sua ausência é possível que ambos tenham uma das piores épocas das suas carreiras em termos de números. Tristan Thompson e Larry Nance Jr. continuarão a ser empenhados em termos defensivos e na luta das tabelas mas oferecem muito pouco em termos atacantes. 

No cômputo geral, avizinham-se muitas dificuldades para os Cavs. Não tendo hipóteses de chegar à final pelo quinto ano consecutivo, os objetivos serão de voos mais baixos. Atualmente, e ao contrário do período pós James em 2010, a equipa não irá figurar entre as piores da liga, mas uma eventual ida aos playoffs numa das últimas posições de acesso é a realidade que mais se adequa aos Cavaliers de 2018-19.

Possível cinco inicial: George Hill, Rodney Hood, Cedi Osman, Kevin Love e Tristan Thompson.

Reservas: Collin Sexton (pick nº8 do draft de 2018), J.R. Smith, Kyle Korver, Larry Nance Jr., Jordan Clarkson, Sam Dekker (ex-Los Angeles Clippers), Channing Frye (free agent), David Nwaba (free agent) e Ante Zizic.