O mau tempo ameaçou o início da jornada 6, mas pelo futebol que se jogou podemos dizer que ainda bem que não o fez. Chaves e Benfica deram um excelente espetáculo de futebol, numa partida que pode interessar muito ao Braga. Rafa parecia que ia dar a liderança isolada ao Benfica, mas dois golos de Ghazaryan tinha nos seus pés a prenda de anos do Chaves e, de forma indireta, uma prenda em forma de liderança isolada ao Braga no fim da jornada (caso os minhotos vençam o Belenenses).
Uma jornada começar numa quinta-feira à noite (em Chaves) e com um jogo a ser adiado uma hora pelo mau tempo não é grande sinal, mas o certo é que tivemos um bom jogo de futebol entre duas equipas que jogaram com as suas armas e tiveram verdadeiros bons momentos de futebol.
O Chaves soube sempre reagir a um Benfica eficaz, mas com demasiada vontade de gerir quando se apanhou em vantagem. Daniel Ramos levou a prenda e Rui Vitória tem um resultado negativo antes de uma semana que vai aquecer.
Curiosamente, e talvez contra as previsões, a equipa de Daniel Ramos não acusou o golo. Com muita facilidade desmontavam as duas zonas de pressão que Rui Vitória tinha criado para obrigar a bater longo e com um futebol muitas vezes atrativo e ao primeiro toque, o Chaves conseguiu ter vários de lances de real perigo. Nessa altura valeu ao Benfica Vlachodimos. Por duas vezes o grego evitou o golo à equipa da casa e percebia-se que a equipa lisboeta estava desconfortável no jogo.
Para essa boa fase do Chaves muito contribuiu a bola ligação entre meio-campo e ataque, com especial atenção para a qualidade de passe de Eustáquio e para a forma como William fazia bem de farol e pivot. Por seu lado, o Benfica tinha dificuldade em aguentar a bola na sua posse e a forma que encontrou para gerir e anular a equipa flaviense passou pela redução do ritmo de jogo.
Depois de 15/20 minutos de qualidade e controlo do Chaves, o Benfica conseguiu equilibrar as forças e com um flanco esquerdo em boa rotação passou a jogar de forma mais confortável. Geria o ritmo de jogo, teve uma grande oportunidade para marcar por Gabriel e só voltou a ser incomodado já nos descontos.
A gestão do Benfica era feita com bola e, principalmente, retirando iniciativa ao Chaves. Com pouca inspiração nas alas e com dificuldade em jogar apoiado, a equipa de Daniel Ramos teve de responder à bomba e fê-lo aos 75 minutos por Gevorg Ghazaryan, jogador que estava a fazer uma partida de pouca inspiração.
O golo do empate transformou aquilo que estava a ser um filme sonolento, num filme de ação e houve bastante. Primeiro entrou Jonas para o lugar de Pizzi e depois entrou em cena um dos atores principais: Rafa. O internacional português apareceu com espaço entre os defesa do Chaves e fez o golo que parecia valer o triunfo aos encarnados. Nessa cena, Rafa teve o apoio de um ator secundário chamado Rúben Dias, que rasgou toda a defesa flaviense com um passe a mais de 30 metros.
A ação não se ficou pelo golo e pouco depois Conti tem uma entrada completamente desnecessária e agressiva, acabando expulso. Foi o tónico que lançou o Chaves para o ataque total e já nos descontos surgiu a prenda de aniversário (completou 69 anos) do Chaves. Espaço a Ghazaryan e mais uma bomba , desta vez num remate cruzado. Era o empate e a garantia que neste filme Ghazaryan era também ator de destaque.
O jogo esteve em risco e 90 minutos depois também a liderança encarnada está agora em risco. O Benfica dorme na frente, mas pode ser ultrapassado por Braga e por FC Porto, quando estamos a uma semana do clássico entre águias e dragões. O Chaves soube arrancar a sua prenda de aniversário e Daniel Ramos mostrou, mais uma vez, que tem uma equipa em franco crescimento.