Uma coisa não faz regressar a outra, mas o Atlético já devia a si próprio uma grande vitória, numa final, diante do rival da capital espanhola. Em novo duelo ibérico, a equipa de Simeone foi mais forte e bateu o Real, por 4x2, em jogo decidido no prolongamento...o mesmo que representou a destruição colchonera na final de Lisboa.
Na primeira decisão de Lopetegui, o Real foi demasiado inconstante, demonstrando falhas evidentes no capítulo defensivo e poucas ideias no meio-campo contrário, com bola. O antigo técnico portista tem tanto trabalho pela frente como herança vinda de trás.
Com muitos daqueles que fizeram a história do último Mundial, a Supertaça Europeia começou de uma forma supersónica. Diego Costa, a passe de Godín, demorou pouco mais do que 40 segundos a fugir à dupla de centrais do Real e a fuzilar, com pouco ângulo, um impotente Navas. Lopetegui entrava com o pé bem frio...e, durante alguns minutos (poucos, diga-se), sentiu-se um Real intranquilo perante entrada tão traumática na época.
Foi sol de pouca dura...A pressão colchonera durou pouco tempo, com o Real a agradecer o recuo. A equipa de Lopetegui, sempre preocupada em ter largura no seu jogo, foi construindo várias jogadas perigosas, especialmente com combinações nos flancos, sendo a mais perigosa protagonizada por Asensio, que obrigou Oblak a uma defesa de recurso. O golo foi, por isso, uma inevitabilidade confirmada, ao minuto 27, por Benzema, após bela jogada individual e cruzamento preciso de Bale.
Sempre com mais bola, mas nem sempre com as melhores tomadas de decisão, o Real foi empurrando o adversário para zonas muito recuadas, algo que, como é hábito, não foi encarado como um drama pelo coletivo colchonero. Com maior ou menor dificuldade, até ao intervalo, a turma de Simeone (viu o jogo da bancada) controlou as intenções merengues e deixou uma certeza no ar: seriam precisos mais momentos de inspiração blanca para que a muralha quebrasse.
Depois de ter conseguido suster o melhor momento do Real na primeira parte, o Atlético voltou a entrar melhor na etapa complementar, obrigando o Real a jogar longe do último terço da baliza de Oblak. Ainda assim, foram precisos apenas um par de safanões e um penálti infantil de Juanfran para que Ramos, o eleito do castigo máximo já sem CR7, consumasse a remontada no marcador.
Em vantagem, o Real de Lopetegui abdicou de um domínio declarado como o protagonizado em determinados momentos do primeiro tempo e passou a estar mais recolhido no seu meio-campo, mesmo após as entradas de Modric e Ceballos, e o Atlético tratou de aproveitar. É certo que os colchoneros não criaram muito, mas o excesso de confiança de Marcelo permitiu a Diego Costa bisar na partida e deixar tudo, novamente, na mesma - até ao apito do árbitro, apenas a última jogada do encontro, com Marcelo a falhar a finalização na área, trouxe alguma emoção à partida.
Se os merengues começaram por ter mais bola no prolongamento, a incerteza quanto ao vencedor acabou por durar pouco. Em pouco mais de cinco minutos, perante um Real sem ideias ofensivas e sem capacidade física e tática para suster a avalanche do Atlético, a turma de Simeone, com dois grandes golos, decidiu o troféu, servindo a tal vingança que já era há muito desejada nas hostes colchoneras. Houve, clubismos à parte, um quê de justiça poética.