*com Ricardo Lestre
O bom filho à casa (re)torna. E desta vez é mesmo para ficar. Foram quatro épocas de ausência, repletas de altos e baixos e em três países diferentes. Turquia, Espanha, Itália e, de novo, Portugal. Luís Carlos Almeida da Cunha regressa ao Sporting Clube de Portugal, a uma casa que é bem sua.
Corria a época 2003/2004, quando um jovem talentoso e irreverente proveniente do Real SC, de Massamá, chegava a Alcochete para integrar o plantel de juniores do Sporting. Um diamante em bruto que uma das melhores academias do mundo do futebol se preparava para lapidar.
Estava à vista um (novo) talento de alto calibre. Desde o vértice mais alto da pirâmide Alvalade esfregava-se as mãos face à possibilidade de um próximo «negócio bomba». Nesse mesmo ano, um sujeito, que por acaso é o atual melhor jogador do mundo, de seu nome Cristiano Ronaldo, havia-se transferido para Old Trafford a pedido expresso de Sir Alex Ferguson.A verdade é que a qualidade nunca enganou. Nani destacou-se de tal forma que a 10 de Agosto de 2005 foi chamado para a equipa principal dos leões. Lembra-se do treinador? José Peseiro. Esse mesmo. O homem de Coruche e o menino da Amadora voltam a encontrar-se... 13 anos depois.
Jogava-se um encontro da pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Minuto 72. Sai Custódio, entra Nani e Peseiro jogava uma das suas últimas cartadas de modo a virar o rumo dos acontecimentos. O Sporting não conseguiu reagir ao golo de Vincenzo Iaquinta e acabou por perder o jogo (0x1).
Nani realizou um total de 76 jogos, marcou 12 golos e, na segunda época, com 21 anos, saltou para o Manchester United por 25.5 milhões de euros com o aval... de Sir Alex Ferguson.
Em Inglaterra, foram nada mais, nada menos que oito temporadas consecutivas. Cinco delas, a alta rotação. Figura numa dos clubes mais históricos do mundo do futebol, Nani conquistou todos os troféus possíveis e imaginários e viveu os tempos mais áureos como futebolista.
O problema é que, com o passar do tempo, as complicações físicas começaram a surgir. E em força. Lesões atrás de lesões, e a carreira do extremo português começou a cair desde a temporada 2012/13.Um ano mais tarde, e num negócio que envolveu a compra de Marcos Rojo por parte do emblema inglês, Nani regressou a Alvalade, por empréstimo, e voltou à ribalta. Marcou 12 golos em 37 jogos e conquistou (mais) uma Taça de Portugal pelos verde e brancos.
Deixando os quadros do United em definitivo, Nani ingressou no Fenerbahçe, da Turquia. Voltou a dar bem conta do recado e forçou o Valência a investir na sua aquisição.
Em Espanha, a aventura não correu como desejado, mas o clímax regressou com a conquista inédita do Europeu 2016 pela seleção portuguesa. Porque goste-se mais, ou menos, Nani foi, é, e sempre será um nome de grande respeito para as quinas.
O leão continua a cicatrizar as suas profundas feridas a um ritmo lento. Aos poucos, o Sporting vai procurando estabilizar a sua situação a nível financeiro e desportivo.
Neste momento, pouco importa a experiência falhada em Itália. A chegada de Luís Nani vem, precisamente, colmatar essa lacuna. Um filho da casa que conhece bem todos os cantos. Viveu, sofreu, chorou, festejou, correu e suou a camisola. Aos 31 anos, vem para ficar de vez. Ou, pelo menos, o universo sportinguista assim o espera.