Foi em bom português que Tyronne Ebuehi apresentou-se como reforço do Benfica para as próximas cinco temporadas. Natural de Haarlem, cidade situada no noroeste da Holanda, o lateral direito é filho de pai nigeriano, algo que ajuda a explicar a escolha pelas Super Águias, alcunha da seleção da Nigéria, que vai estar presente no Campeonato do Mundo 2018, a realizar na Rússia.
DSCOV, SV Hoofddorp e HFC EDO. Nomes difíceis de pronunciar. Estes foram os clubes por onde passou Ebuehi durante a sua infância e juventude, antes de mudar-se para o ADO Den Haag, aos 17 anos. Estreou-se pela equipa principal a 10 de agosto de 2014 e foi conquistando o seu espaço no emblema holandês, sobretudo nas duas últimas temporadas, antes de terminar contrato em junho deste ano.
As exibições no Den Haag, aliadas ao facto de vir a tornar-se num jogador livre, aguçaram o interesse do Benfica e chegou a colocar-se a hipótese de o jogador ser recrutado pelas águias logo em janeiro, mas acabou por prevalecer o seu desejo: ficar e continuar a jogar com regularidade para assim merecer a chamada do selecionador nigeriano para o Mundial.
A transferência dos encarnados colocou Ebuehi sob os holofotes da imprensa holandesa e de muitos adeptos e amigos, que chegaram a inundar o telemóvel do jovem internacional nigeriano com mensagens a propósito da mudança para a Luz.
«Claro que recebi muitas mensagens a perguntar se era verdade. Mas, por vezes, é mais útil permanecer na sombra e focar apenas no futebol. Isso é o mais importante», dissera o tímido Ebuehi. É verdade, o novo lateral do Benfica teve de lutar contra a timidez...
«Era um pouco tímido quando era mais jovem, mas ultrapassei isso. É algo em que trabalhei, tanto a nível mental como físico. Progredi e penso que a minha experiência com as Super Águias, onde o futebol é mais duro, teve um impacto muito positivo no meu desenvolvimento», chegou a revelar em entrevista ao portal Goal.com.
«Há um ano não ousava pensar que poderia chamar a atenção de um clube tão grande e jogar na seleção nacional». A simplicidade e humildade presentes nas palavras de Ebuehi coincidem com a opinião de quem jogou com ele na temporada 2017/18.
Em declarações ao jornal OJOGO, Bjorn Johnsen, avançado norueguês que passou pelo futebol português, descreve o defesa como alguém «muito focado» no futebol e muito parecido com... Nélson Semedo.
«O Tyronne é muito bom jogador, extremamente focado no futebol. Ao nível técnico, tem qualidade, é alto e forte na disputa da bola, um defesa que ataca muito bem. É um jogador bastante rápido e vejo-o como muito parecido na forma de jogar com o Nélson Semedo», disse o atacante de 26 anos, que revelou ainda o lado mais altruísta do novo jogador do Benfica.«É um lateral que vai muito à linha de fundo para cruzar atrasado, normalmente para a zona de penálti. O que lhe falta melhorar? Que tente marcar mais vezes e não queira pensar sempre nos colegas quando se aproxima da área em boa posição. Como chega lá à frente com facilidade, também tem de arriscar mais vezes o pontapé», acrescentou.
Den Haag ou Haia. Até Amesterdão são 60 km. Esta era a distância que Tyronne Ebuehi percorria diariamente para treinar, algo que também ajuda a definir o empenho do nigeriano.
«No início. Ele não tinha bem noção do seu verdadeiro valor, daquilo que todos nós, de fora, víamos nele. Agora sente-se mais a sua autoconfiança. É um jogador que pode chegar ao Benfica e afirmar-se», descreveu Bjorn, ainda em declarações ao jornal OJOGO.
«Um miúdo muito bom; um profissional que trabalha e não cria problemas. Terá de melhorar nos cruzamentos para a área», complementou Zelijko Petrovic, em declarações à Rádio Renascença.Pacato, introvertido e focado. Muito focado. Tyronne Ebuehi está apostado em agarrar a oportunidade no plantel às ordens de Rui Vitória e uma vaga no onze do treinador dos encarnados. O esforço está lá... Estudou três meses português para que a adaptação fosse mais fácil.
«É um sentimento de grande felicidade poder estar aqui num clube desta dimensão». Assim. Dito em bom português.